A obra continua. Os "chouriços", como disse um vereador um dia destes, estão lá. Todavia, a areia da duna, por detrás dos "chouriços", está a desaparecer. Isto está pior do que nunca, pois a duna está a ser a ser fortemente atacada pela erosão a sul, logo a seguir ao parque de estacionamento da Praia da Cova, depois do enroncamento do quinto molhe. O filme fala por si...
Passo a citar um texto emotivo do Pedo Rodrigues, publicado em 21 de fevereiro de 2015.
"Na minha terra – aquela onde nasci e cresci e onde venho dormir – esta é a realidade. Não é uma realidade escondida. Está à vista de todos – embora nem todos a queiram ver.
Ainda não entendi o que será maior: se a nossa mudez, se a surdez de quem se esconde atrás de um cargo político. Não ponho em causa o sistema democrático. Não ponho em causa nenhum dos grandes substantivos abstractos. Ponho em causa certas competências. Ponho em causa esse cancro da ganância cega que se parece alastrar por todo o lado. O dinheiro cega, é uma verdade universal. É isso que me assusta.
Compreendo a nossa pequenez. Somos uma pequena povoação, na outra margem do rio. Somos um anexo da cidade. Mas existimos. Fazemos parte da história. Somos gentes humildes: pescadores, peixeiras, marinheiros. Gentes do mar que precisam de terra onde atracar as suas vidas. Existimos. Apesar da nossa pequenez, existimos. Por muito que nos queiram esquecer, que nos queiram apagar, não deixamos de fazer parte deste chão.
Peço a todos, que partilhem esta mensagem. O mar é um gigante bruto que não tem noção da sua força. Não fomos nós que decidimos brincar com ele. Alguém o fez, mas não fomos nós. Por que raio temos de ser nós a pagar pelos erros alheios?
Pior que ter um burro no leme, é ter um chico-esperto a mandar no barco. Aqui, deste lado, é o mar que corre para o rio - e eu ainda não encomendei a minha gôndola."
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