Excelentíssimo Senhor presidente da câmara municipal da Figueira da Foz
Desde já fica o pedido de desculpa pela ousadia de endereçar a Vossa Excelência, este protesto publico.
Faço-o, por reconhecer que Vossa Excelência, desde 2009, anda a gerir fundos públicos.
Depois de ver, durante anos e anos, por parte da câmara municipal da Figueira da Foz, o desbaratar de dinheiros públicos, não posso conter mais a indignação quanto ao anúncio público da atribuição de mais 51.500 euros da autarquia que V. Excelência preside (mais apoio logístico, estimado em 16 mil euros, o que perfaz, no mínimo, 67.500 euros), o que constitui, em minha opinião, uma má utilização dos dinheiros que a autarquia e o estado nos exigem, enquanto contribuintes.
Do meu ponto de vista, o suporte financeiro de entidades privadas - como é o caso da Comissão que organiza o Carnaval de Buarcos em 2016 - não é, Vossa Excelência tem disso perfeito conhecimento, uma função ou obrigação do Estado ou de uma Câmara Municipal.
Um espectáculo organizado é um produto comercial.
A meu ver a Comissão do Carnaval deve fazer o investimento, realizar o evento e, quem quiser ir ver, paga. Quem não quiser, nada tem a pagar. Uma Comissão privada, criada para entreter os contribuintes, ou gera as mais-valias necessárias à sua existência, ou não é necessária.
A lei a aplicar nesta matéria é a da oferta versus procura.
Para não ir mais longe, aqui onde moro, na Cova-Gala, existem inúmeras carências, que me dispenso de mencionar, porque de certeza são do conhecimento de Vossa Excelência, dado o excelente diálogo que mantém com o presidente da junta de S. Pedro.
Não gosto de ser do contra, mas confesso que tenho muita dificuldade em compreender que Vossa Excelência e a sua equipa, durante anos, num período de crise, ainda por cima tendo encontrado em 2009 uma autarquia praticamente falida, se tenha podido ao luxo de gastar, sem retorno, o dinheiro que não existe para suprir necessidades básicas da população do concelho que Vossa Excelência dirige há 6 anos.
Com todo o respeito que Vossa Excelência me merece, enquanto cidadão, torno pública a minha exigência de outro critério na administração do dinheiro público que leve a CMFF a investir no essencial, em detrimento do espectáculo e do supérfluo.
Eu sei que isto não é politicamente inteligente: o povo não iria compreender uma governação realista, pelo que Vossa Excelência é que deve estar correcto.
O resultado das eleições de outubro de 2013 aí está para o provar.
De qualquer maneira, fica o meu ponto de vista.
Com os melhores cumprimentos
António Agostinho
António Agostinho, o autor deste blogue, em Abril de 1974 tinha 20 anos. Em Portugal havia guerra nas colónias, fome, bairros de lata, analfabetismo, pessoas descalças nas ruas, censura prévia na imprensa, nos livros, no teatro, no cinema, na música, presos políticos, tribunais plenários, direito de voto limitado. Havia medo. O ambiente na Cova e a Gala era bisonho, cinzento, deprimido e triste. Quase todas as mulheres vestiam de preto. O preto era a cor das suas vidas. Ilustração: Pedro Cruz
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7 comentários:
De acordo
JM
Um aplauso um grande de aplauso a esta carta.
Mas de certeza que ele não sabe que na Cova-Gala, existem inúmeras carências.
Nem pode saber para isso teria que visitar a freguesia durante um dia e ver pelo menos o estado das passadeiras nalguns sítios autenticas ratoeiras para que se dirige á praia.
Apenas deve saber o que a alguns interessa que saiba.
Parte do que pago de IMI vai para aquilo? querem festa? façam-na! parece-me que nesse dias de carnaval se pagam entradas. Era com esses receitas que deveriam organizar e mais nada.
Red
Quem é este sorridente que está ao pé do presidente.
É amigo? é vereador? é turista? é apresentador de festas?é mestre de cerimónias?
É de cá ou vem cá de vez em quando ver a bola.
Touché!
Parabéns pela coragem e frontalidade. Senhor Agostinho você disse o que muitos gostariam de dizer mas não são capazes.
Uma cidade onde continuam à noite as luzes a meio gás, as estradas com buracos que mais se parecem crateras, passadeiras irreconhecíveis e no entanto 60 mil euros para desbaratar.
Qual o retorno para este mau gastar de dinheiros publicos. Eu não gosto de Carnaval porque tenho de o pagar
João Rodrigues
Concordo plenamente com o teor da tua carta Agostinho,pois que os dinheiros públicos devem ser gastos em necessidades mais prementes das populações do concelho.Parabens pela carta e um abraço amigos
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Luis Curado
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