“Com a frequência com que se comemoram eventos relacionados com as freguesias do
concelho, agitam-se as bandeiras da reorganização administrativa que o actual
governo incompetentemente levou por diante, “para satisfação das imposições da
troika”.
Populisticamente, brande-se na direcção da oposição local,
“esses canalhas”, responsáveis pelas alterações a que a mesma deu origem, como
se da total inacção, nada acontecesse!
Qualquer reforma administrativa, local ou regional, deverá
obrigatoriamente ser precedida de estudos técnicos profundos que proporcionem
aos decisores políticos as bases que fundamentem as melhores soluções.
A lei que lhe serviu de base não o permitiu. Tão só, era
preciso fazer qualquer coisa!
E como a lei, não tendo sido revogada, teria que ser cumprida,
restou procurar o caminho menos prejudicial.
“De nada serve ao homem conquistar a Lua se acaba por perder
a Terra”, disse François Mauriac em 1952.
Convém recordar que no início do mandato anterior, aquando
da criação das célebres, improdutivas e caras equipas de planeamento, foi recomendado ao executivo que iniciasse tal
trabalho, antes mesmo de o governo decidir sobre a matéria. Lisboa e a Covilhã,
por exemplo, fizeram-no.
Se o governo foi incompetente, o executivo local não o foi
menos!
O alarido vai porém ter fim!
Quando o Dr. Seguro chegar a 1º ministro, ao mesmo tempo que
acaba com os sem-abrigo, revogará a reforma administrativa.
Helás! Está o problema resolvido! Não será melhor a
autarquia começar já a trabalhar, ocupando os seus inúmeros quadros técnicos na
preparação de uma reforma condigna?”
Daniel Santos, engenheiro civil, hoje no jornal AS BEIRAS
Em tempo.
O eng. Daniel dos Santos, enquanto vereador e presidente dos
100% deixou-se, por razões que só ele saberá, enredar num vespeiro, onde havia, como certamente terá
conhecimento muito melhor do que eu, muita hipocrisia...
Sobre a lei que serviu de base e é a sua desculpa para se ter deixado enredar...
Os tribunais é que têm de obedecer cegamente à lei.
Mas, procuram fixar-lhe os contornos, porque a Lei
escreve-se em artigos indefinidos, plurais, numa abstração que obriga os
tribunais a moldá-la aos casos concretos.
Esta operação deve ser feita por especialistas.
O que se exigia então, a quem tomou decisões sem estudos técnicos profundos
que tivessem proporcionados aos políticos
as bases que fundamentam-se as melhores soluções?
Imparcialidade, claro. Isenção nas opiniões e fundamentações, também,
particularmente nas que conduziam directamente às decisões. Sabedoria técnica,
de preferência elevada. E sabedoria da
vida, conhecida como experiência.
E já agora, a integridade de carácter, a honestidade e
ainda a sensatez em estado sólido.
A administração da lei não é o mesmo que democracia, nem uma
coisa garante necessariamente a outra. A administração da lei é a aceitação de
que são as leis regulamentadas, não por uma autoridade suprema, mas pelos
cidadãos, que governam todos – os que estão no poder, os que e estão na
oposição e os que estão fora do jogo do poder...
2 comentários:
Caro amigo António:
Já tínhamos falado sobre isto: ainda bem que nem sempre estamos de acordo.
Mal fora que assim acontecesse.
Mas também lhe digo: Como eu o compreendo (atenção, sem qualquer espécie de ironia).
Resta-nos a esperança que deixo nos últimos parágrafos da minha crónica: O próximo primeiro ministro tudo resolverá.
Receba um abraço do Daniel
O normal, para pessoas que pensem a sua aldeia, a sua cidade e o seu país, é não estarem sempre de acordo.
Também sem ironia: não vou repetir argumentos, até porque, também neste caso em particular, não me parece que estejamos em total desacordo.
Em democracia, o cidadão afectado por uma decisão política deve poder agir sobre essa decisão na exacta proporção daquilo que o afecta.
No país e na Figueira, a representação mediática, dada a opacidade dos mecanismos de decisão política, assume uma importância arrepiante.
Temos um problema de opacidade e de luz?
Creio que sim – no país e na Figueira.
No país e na Figueira, a esperança na melhor luz que podemos ter, são os melhores jornalistas que temos.
Espaços marginais como o meu são apenas isso – residuais e marginais.
Sobre o próximo primeiro ministro sou menos optimista que o eng. Daniel...
Um abraço
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