Contudo, a Figueira não foi sempre assim. Muito menos, teria que ser assim.
António Agostinho, o autor deste blogue, em Abril de 1974 tinha 20 anos. Em Portugal havia guerra nas colónias, fome, bairros de lata, analfabetismo, pessoas descalças nas ruas, censura prévia na imprensa, nos livros, no teatro, no cinema, na música, presos políticos, tribunais plenários, direito de voto limitado. Havia medo. O ambiente na Cova e a Gala era bisonho, cinzento, deprimido e triste. Quase todas as mulheres vestiam de preto. O preto era a cor das suas vidas. Ilustração: Pedro Cruz
sábado, 1 de maio de 2021
A degradação figueirense
Contudo, a Figueira não foi sempre assim. Muito menos, teria que ser assim.
quinta-feira, 3 de julho de 2014
Gostei de ler
.
Acrescento que nada tenho contra o prémio literário João Gaspar Simões. Penso todavia que faria sentido a recuperação do prémio Joaquim Namorado (uma coisa não impediria a outra, como referi aqui). Seria um sinal de civilidade, de justiça, de maturidade. de pluralismo, que sei eu, de capacidade de conviver com os seus eus contraditórios.
.
Não, a Figueira da Foz não é uma cidadezinha qualquer, no que à cultura diz respeito. É uma cidade plural, rica em diversidade, contraditória. Devia celebrá-lo. Com orgulho e sem preconceitos; sem pruridos nem psicoses, nem complexos paroquiais.
domingo, 26 de novembro de 2023
Mário Neto ausentou-se há 6 anos
Foi o Barca Nova, onde me iniciei nas lides jornalísticas.
Mas, não é de mim que quero falar.
Entre os seus fundadores e colaboradores estavam nomes de referência da jovem Democracia saída do 25 de Abril de 1974.
Já faleceram alguns. Começou com Ruy Alves. Mas, entretanto a lista foi aumentando: Jorge Rigueira, Gilberto Vasco, Cerqueira da Rocha, Leitão Fernandes, Luís Falcão, Orlando Carvalho, José Penicheiro, Adelino Tavares da Silva, Carlos Alberto Amorim, Waldemar Ramalho, Luís de Melo Biscaia, Vasco Gonçalves, Joaquim Namorado, José Martins e Armando Correia.
No dia 27 de Novembro de 2017 foi mais um: o Mário Neto, de seu nome completo, Mário António Figueiredo Neto.
Conheci o Engenheiro Mário Neto antes do Barca Nova.
Foi meu professor na Bernardino Machado, quando andei a estudar à noite.
Grande Homem, grande professor, estudioso, discreto e culto.
Foi também professor universitário.
Depois, fomos companheiros de redacção no Barca Nova.
Foi um militante antifascista, antes do 25 de Abril de 1974. Devido a isso foi preso político.
Nos últimos anos da sua vida, encontrava-o no café onde continuava a passar as tardes como sempre o conheci: a estudar e a recolher dados, sempre acompanhado de livros e jornais.
Era um fanático das estatísticas e do estudo sério e aprofundado de todas as questões. Aprendi muito com ele no final da década de 70 e princípio da década de 80 do século passado.
Foi deputado na Assembleia Municipal da Figueira da Foz.
Mário Neto era dos que acreditava que para defender e lutar pelos nossos interesses, não é necessário sobrepô-los aos legítimos interesses dos outros.
Aprendi com ele, que para defender os interesses locais era preciso sensibilizar a opinião pública para os principais problemas existentes.
Informar e, ao mesmo tempo, tentar formar. Saber ouvir, mas também saber falar.
Com a perda de Mário Neto a Figueira ficou mais pobre: não a parte visível, mas a invisível - a essencial.
A melhor maneira que encontrei para continuar a honrar a memória de Homens que contribuiram para formar o Homem que sou hoje, foi criar um espaço onde a Figueira possa ter a possibilidade de distinguir o essencial do acessório e o importante do sensacional.
Obrigado Mário Neto. Obrigado José Martins. Obrigado Joaquim Namorado. Obrigado Leitão Fernandes.
Como diria outro velho e sábio colaborador do Barca Nova, também já desaparecido, Guije Baltar, "pudesse eu viver uma eternidade e nem assim se apagaria da minha memória a melhor gente que passou pela minha vida: a equipa Barca Nova".
Passe a imodéstia, vou citar-me a mim mesmo (um texto publicado na edição de 12 de fevereiro de 1982, do jornal Barca Nova, página 4): lá aprendi, "que os democratas têm coisas mais profundas e importantes a uni-los do que a dividi-los. No essencial, têm aquilo que é fundamental a irmaná-los: a defesa da democracia."
terça-feira, 1 de julho de 2014
Lançamento do livro "Joaquim Namorado - No centenário do seu nascimento" de Jaime Ferreira
A editora Lápis de Memórias e o autor Jaime Ferreira, convidam V. Exa(s) para a apresentação pública do livro, “Joaquim Namorado – No centenário do seu nascimento”, a realizar, hoje, dia 1 de Julho, às 18h00, na sala polivalente da Casa Municipal da Cultura (Rua Pedro Monteiro – Coimbra).
terça-feira, 14 de maio de 2024
Espólio de Mário Silva foi para a Tocha: a Figueira, "uma cidade pequena" de grandes artistas, não conseguiu manter, honrar e preservar a obra de um dos maiores
Em Junho de 2020, «a Câmara de Cantanhede já tinha o projeto para a futura Casa-Museu Mário Silva, no antigo posto da GNR da Tocha. O artista plástico, um dos mais relevantes portugueses do século XX, nasceu em Coimbra e residiu na Figueira da Foz grande parte da sua vida, até morrer, em setembro de 2016. O espaço será preenchido com obras que estão à guarda da Junta da Tocha desde a tempestade “Leslie”, em outubro de 2018. “Tiveram a amabilidade de acolher as obras que estavam debaixo do palco do CAE, sem as melhores condições. Entretanto, propuseram a ideia da casa museu e eu aceitei. Na altura, falei com os autarcas de Coimbra e da Figueira da Foz, mas não deram uma resposta [conclusiva]”, contou o filho e homónimo do pintor ao DIÁRIO AS BEIRAS.»
Numa reunião de Câmara da Figueira da Foz, realizada em Junho de 2020, o vereador Miguel Babo alertou para o projeto da Tocha, defendendo que o espólio de Mário Silva devia ficar na nossa cidade. O presidente da autarquia, desde abril de 2019, Carlos Monteiro, admitindo que desconhecia o assunto, sugeriu que parte da obra do artista plástico fosse exposta no Museu Etnográfico de Lavos, freguesia onde o pintor residia. “O espaço é pequeno, mal vai dar para acolher a etnografia de Lavos, quanto mais uma exposição permanente de um pintor consagrado como era o meu pai”, reagiu Mário Silva, filho. “A obra devia ser exposta num espaço condigno da Figueira da Foz ou de Coimbra”, defendeu.»Em 2014, era vereador da cultura na autarquia figueirense António Tavares aconteceu um caso semelhante.
Depois de ter estado, desde janeiro de 1987, na Biblioteca Municipal da Figueira da Foz, o espólio do dr. Joaquim Namorado (cerca de 600 livros, entre obras de Joaquim Namorado e primeiras edições) rumou, em finais do mês de outubro de 2014, a um local onde foi tratado com a dignidade que merece: o Museu do Neo Realismo, em Vila Franca de Xira.
quarta-feira, 9 de julho de 2014
Há mais marés que marinheiros...
Na verdade o que dá o nome, muitas das vezes é um mero veículo que unicamente suporta ou reforça o mérito dos premiado e do premiador.
Este é o caso do prémio extinto pelo município da Figueira da Foz e ao qual ao dar o seu nome o Dr. Joaquim Namorado emprestava o prestigio da sua pessoa, do seu saber e da sua ordem ...
Um prémio é sempre um prémio!
E é importante, para as letras portuguesas e para os autores de língua portuguesa, recuperar este prémio: Prémio literário Joaquim Namorado e essa vai ser a nossa demanda futura e desde já aqui e agora desafiamos todos a se nos juntarem com opiniões, sugestões , comentários ou
qualquer outro tipo de apoio; todos são bem vindos ...
Obrigado.
terça-feira, 8 de julho de 2014
28 e 29 de Janeiro de 1983, homenagem do Barca Nova a Joaquim Namorado e ao Neo-Realismo
quinta-feira, 11 de dezembro de 2014
O Joaquim Namorado
O seu estilo muito próprio, amiúde "provocador", por vezes (para alguns) insuportável, escondia um homem não só muito inteligente, como muito humano e sensível. E a sua gritada ortodoxia, que as mais das vezes era outra forma de provocação (numa entrevista ao Expresso, após o 25 de Abril, até se declarou "estalinista"...), não tinha correspondência com a realidade: era desalinhado e incómodo, tanto ou por vezes tão surpreendentemente que talvez por isso não tenha, que eu saiba, desempenhado ou sequer sido convidado para qualquer relevante cargo público ou partidário."
Extractos do Editorial do JORNAL DE LETRAS ARTES E IDEIAS desta semana, assinado pelo Director José Carlos de Vasconcelos.
domingo, 6 de julho de 2014
28 e 29 de Janeiro de 1983, homenagem do Barca Nova a Joaquim Namorado e ao Neo-Realismo
quinta-feira, 3 de julho de 2014
Entrevista a Teresa Namorado
domingo, 1 de julho de 2018
JOAQUIM NAMORADO
É oportuno recordar: quando é que a Câmara Municipal da nossa cidade cumpre a deliberação, há muito aprovada, de dar o nome de Joaquim Namorado à toponímia figueirense.
Enquanto isso não acontece, é sempre bom relembrá-lo através da sua poesia.
terça-feira, 15 de julho de 2014
Joaquim Namorado, O herói no "Neo-realismo mágico"
Quando entrou na sala e foi mandada sentar, mostrou estranheza pelo contraste entre os quadros, gravuras, pratos pintados e várias cerâmicas (Júlio Pomar, Resende, Mário Dionísio, Querubim Lapa, Cipriano Dourado, Rogério Ribeiro, Lima de Freitas, Vespeira...) e os sofás em napa, mas logo recebeu a explicação:
- "Cá em é assim, provas de afectos de muitos e bons amigos, mas coiros só de visita".
Do livro de Jaime Alberto do Couto Ferreira, publicado no centenário de Joaquim Namorado, O herói no "Neo-realismo mágico".
segunda-feira, 17 de julho de 2017
Se houver um incêndio, como é?..
É a encosta sul da Serra da Boa Viagem na sua inteira beleza!
A imagem que temos a certa altitude torna a paisagem totalmente diferente...
Podemos olhá-la linda...
Quero vê-la sempre linda!
Que é o que ela é, uma paisagem vestida com a simplicidade linda de quem sabe que os adereços lhe estariam a mais.
Mas é uma paisagem perigosa.
A calma presente nesta visão faz bem. É um silêncio que nos faz sentir a sós (não isolados) e que nos irmana de uma forma forte com a paisagem.
Não há ruído a perturbar o entendimento e a interacção que nestes momentos são tão necessários.
Mas há perigo, muito perigo. Se repararem bem, esta casa, que tem uma longa história (apaixonado pela Figueira da Foz, Joaquim Namorado aqui residiu nesta modesta casa, sita na vertente Sul da Serra da Boa Viagem, durante bastante tempo, sobretudo em fins-de-semana e nas férias...) está em perigo.
Em terrenos de que não se sabe bem de quem é a propriedade, as silvas e o mato entram pela propriedade que, agora, é da minha amiga Teresa Namorado.
Ao que sei, Teresa Namorado já reclamou.
Mas, ninguém resolve nada...
quarta-feira, 1 de julho de 2020
A IMAGEM DO HOMEM NUM ESPELHO, EM HIROSHIMA
Nesta fotografia, de 29 de janeiro de 1983, da esquerda para direita, estou eu, o Dr. Joaquim Namorado, o Pedro Biscaia, o Alexandre Campos e a minha filha Joana. |
Sempre o homem renasceu da sua morte
e do que nega fez a sua razão:
Nenhuma esperança será a derradeira
nenhuma desgraça é sem remédio
nenhum crime ficará impune
Jamais será vencido quem resiste.
Joaquim Namorado
Coimbra. 1977
domingo, 24 de abril de 2022
Recordando figueirenses (alguns deles completamente esquecidos), que lutaram pela Liberdade na Figueira
Forte de Peniche, testemunho de opressão e luta pela Liberdade. "É preciso gostar muito de Liberdade, para fugir daquela maneira" |
Este ano, para comemorar o 48º. aniversário do 25 de Abril de 1974, tomei a Liberdade de recordar algumas pessoas na minha página do facebook que lutaram, quando isso era perigoso e difícil, pela Liberdade.
Se o facebook serve para tanta coisa porque não servir também para isso?
Lembrei Leitão Fernandes, João Cenáculo Vilela, Ruy Alves, Guije Baltar, José da Silva Ribeiro, Cristina Torres, José Martins, Joaquim Namorado, Agostinho Saboga, Luís Fernando Argel de Melo e Silva Biscaia, Mário Neto e Luís da Cruz Falcão Martins.
Eu tentei fazer a minha parte. Mas, não posso fazer tudo: não sei tudo e nem tenho tempo para tudo.
Tal como muita gente, limitei-me a "agradecer, corporizando na figura destas pessoas, a todos que sofreram horrores para hoje sermos livres em Portugal."
À minha maneira, ficou o reconhecimento sentido e grato que consegui fazer.
Como aprendi com muitos dos que acima mencionei, no tempo da ditadura de Salazar e Caetano, a Figueira foi um forte e valioso baluarte em defesa da Liberdade e da Democracia.
Entre 1933 e 1974, a polícia política teve muito que fazer no nosso concelho. Realizou devassas domiciliárias abusivas, proibiu reuniões e convívios dos democratas opositores ao regime. E, entre outros mimos, efectuou prisões.
A Figueira, terra de tradições na luta pela Liberdade, antes do 25 de Abril de 1974, tinha um grupo de democratas, dinâmicos e corajosos, que não abrandaram nunca na sua luta.
Para além dos que recordei ontem no meu facebook, lembro mais alguns que conheço só de nome: Maurício Pinto, comerciante; Júlio Gonçalves, advogado; Adelino Mesquita, advogado; Albano Duque, contabilista, casado com a Professora Cristina Torres; José Rafael Sampaio, professor, talvez de todos o que mais prisões sofreu; João Bugalho, médico; Lopes Feteira, médico; João de Almeida, advogado; Mário Rente, tipógrafo; Valdemar Ramalho, gestor comercial; Irmãos Rama, comerciantes; Vieira Gomes, médico; Gilberto Vasco, médico; Santos Silva, médico; José de Freitas, comerciante; Vieira Alberto, engenheiro; Cerqueira da Rocha, advogado; Marcos Viana, professor; Manuel Lontro Mariano. E, certamente, muitos mais por todo o concelho, sem esquecer os felizmente ainda vivos Dr. Joaquim Barros e Sousa, Joaquim Monteiro, Cação Biscaia, José Iglésias e Augusto Menano.
Estes são alguns que, na Figueira, tiveram acção de destaque no combate à ditadura, o que sempre fizeram com tenacidade e sem medo. Uns, em tempos já longínquos, que eu já não conheci. Outros, mais próximos do fim da ditadura, que eu ainda conheci.
E houve outros que, dada a sua profissão, tiveram de levar a cabo a sua luta pela Liberdade de forma anónima. Em todos, porém, existia uma "unidade de propósitos, única forma de o combate poder ter êxito".
Antes do 25 de Abril de 1974, realizaram-se muitas reuniões (sempre em locais diferentes para despistar a polícia), elaboraram-se muitos manifestos e muitos documentos de propaganda contra a ditadura, distribuídos a altas horas da noite de casa em casa.
Alguns desses democratas ainda estavam vivos em 1974 e viram a chegada da Liberdade com a Revolução dos Cravos, que libertou o povo português de uma ditadura, "que quase ia aniquilando a alma nacional."
Recordar essas pessoas, é recordar exemplos de coragem, de coerência e fidelidade aos valores e princípios democráticos.
Muitas vezes, as reuniões realizavam-se com a Pide à porta do restaurante. Num dos anos, no restaurante “Tubarão”, um agente quis deter a Drª. Cristina Torres, que presidia ao jantar. Porém, não o conseguiu, tal foi o “barulho” que todos os presentes fizeram e os argumentos apresentados, o que levaram o agente a pedir que, ao menos, se acabasse com a reunião.
Nesses encontros, por vezes, vinham até à nossa cidade democratas de fora da Figueira, como Orlando de Carvalho (o melhor orador que eu vi discursar), vindo de Coimbra, Vasco da Gama Fernandes, de Leiria, Fernando Vale, de Arganil, "que proferiam arrebatadores e entusiastas discursos, animando os democratas figueirenses a prosseguir na luta contra o fascismo."
Eram tempos de muita coragem, em que se defendiam essencialmente ideais, por vezes diferentes. Porém, todos estavam unidos na acção contra a ditadura.
Na véspera de um dia em que se celebra o 48º, aniversário da Revolução do 25 de Abril de 1974 ficou a minha evocação de alguns democratas figueirenses que, com coragem e persistência, lutaram contra a ditadura que nos governou durante cerca de meio século.
Recordar a memória destes que mencionei, que lutaram pela Liberdade, foi a minha forma de lhes agradecer - a eles e a todos os que combateram - terem-me permitido viver 48 anos da minha vida em Liberdade.
Viva a Liberdade. Viva o 25 de Abril. Sempre.
terça-feira, 24 de janeiro de 2023
A felicidade de saber o que é a Liberdade
É o que muitas, pela vida fora, se limitam a continuar a apreciar.
A maior parte das pessoas que conheço, não notariam a falta de Liberdade, nem lutariam se a Liberdade não existisse.
Só se preocupa com a livre expressão de ideias quem tem ideias para exprimir.
Quem gosta de Liberdade, é uma minoria que gosta de exprimir ideias e de ter acesso às ideias dos outros.
O critério foi simples: a minha memória e algumas das minhas vivências e dos amigos que, na altura, colaboraram comigo.
A minha intenção foi clara e simples: "agradecer, corporizando na figura destas pessoas, a todos que sofreram horrores para hoje sermos livres em Portugal."
Em todos existia uma "unidade de propósitos, única forma de o combate poder ter êxito".
Recorda-los, é dar exemplos de coragem, de coerência e fidelidade aos valores e princípios democráticos. Muitas vezes, as reuniões realizavam-se com a Pide à porta do restaurante. Num dos anos, no restaurante “Tubarão”, um agente quis deter a Drª. Cristina Torres, que presidia ao jantar. Porém, não o conseguiu, tal foi o “barulho” que todos os presentes fizeram e os argumentos apresentados, o que levou o agente a pedir que, ao menos, se acabasse com a reunião.
Nesses encontros, por vezes, vinham até à nossa cidade democratas de fora da Figueira: de Coimbra, Orlando de Carvalho, de Leiria Vasco da Gama Fernandes, e de Arganil Fernando Vale, "que proferiam arrebatadores e entusiastas discursos, animando os democratas figueirenses a prosseguir na luta contra o fascismo.".
Foram tempos de grande agitação e valia política, em que os interesses pessoais eram sempre superados pelo desejo intenso de contribuir para tornar possível um Portugal livre e progressista.
Como disse o Dr. Luís Melo Biscaia, "defendiam-se ideais e havia unidade no combate a um regime assente na violência, na intolerância, na denúncia e perseguição dos que não apoiavam o chamado Estado Novo, na ignorância do povo, na atribuição de privilégios injustos, um regime que apostava em amarfanhar a alma nacional."
(Este texto foi publicado na Revista Óbvia, edição de Dezembro de 2022)
sábado, 14 de outubro de 2017
Em jeito de balanço....
"Depois de 12 anos de actividade autárquica, como vereador, um mandato na oposição e dois no poder (o actual como vice-presidente), António Tavares cessa funções a 20 deste mês, dia da tomada de posse do novo executivo camarário. “Saio com o sentido de dever cumprido. Acho que aquilo que me propus, há oito anos, está, de uma forma genérica, cumprido. Há coisas que foram feitas de forma estruturada e que podem continuar”, declarou o autarca ao Diário As Beiras. António Tavares não quis voltar a integrar a lista de João Ataíde à Câmara da Figueira da Foz, decisão que revelou, em maio de 2016, a uma ano e meio do fim do mandato, desta forma: “Já não tenho pachorra para jogos de poder e guerras de alecrim e manjerona”. Entretanto, recentemente, explicou ao Diário As Beiras que não quis continuar porque “12 anos de participação política directa é muito tempo”, acrescentando: “Confesso que saio cansado. Dei o meu melhor, esforcei-me imenso, e portanto saio com esta vontade de ter alguma liberdade”. O político vai aproveitar a liberdade que o auto afastamento da actividade autárquica vai proporcionar-lhe para se dedicar mais à escrita - tem um novo livro para editar em breve. Por outro lado, o vencedor do Prémio LeYa vai regressar ao ensino, na Escola Secundário Joaquim de Carvalho, oito anos depois de suspender a docência. António Tavares começou como independente, nas listas do PS, tendo-se tornado militante, condição que mantém."
Nota de rodapé.
terça-feira, 20 de setembro de 2016
Os nossos comentadores merecem ser citados
Já percebi que a apresentação do livro do Saraiva (director do jornal “SOL”) é a eutanásia da carreira política do Passos, que se coloca abaixo do nível do energúmeno.
Já percebi que os defensores da lavoura, dos reformados, dos idosos, de tudo e mais alguma coisa, mas que só defendem os poderosos estão a sentirem-se ameaçados. E até a srª Cristas, “vestido kiwi” descascado, se apresenta à CM de Lisboa em Oliveira do Hospital!!!
Já percebi que no mesmo país, onde a direita está aos gritos por causa de um pequeno imposto a aplicar a mais de 500.000€ património, em 2014, havia dois milhões de portugueses na pobreza…. Para esta gente só resta incidir tudo (impostos) no trabalho, como sempre!
Já percebi que se as pessoas fossem às assembleias municipais e às de freguesia já se tinham revoltado.
Já percebi que Portugal (futebol) volta a começar mal. Em jogo a doer, Seleção tomou dois chocolates suíços.
Já percebi que na Figueira o AKI é o novo eucalipto.
Já percebi que na Figueira o significado de terrenos agrícolas é: “pertencem ao capital”!
Já percebi que sou ignorante pois não entendi a relevância de um comentário sobre o IMI/PCP. Não sou, nunca fui militante do PCP, mas conheci muita gente de gabarito no PCP, ou próximos, como Barros Moura, Cipriano Justo, Joaquim Namorado, Joaquim Gil, Miguel Portas, Osvaldo Castro, Celso Cruzeiro, Rui Pato, Carvalho da Silva, etc, etc, e um que devia ser Ministro da Cultura - Ruben de Carvalho. Conheci muita gente nos anos sessenta, partilhando com meus irmãos a luta académica e, já na vida profissional na área sindical. Hoje, estou completamente afastado de tudo, mas nunca vi um elemento do PCP chegar ao poder via Tecnoforma ou o partido enriquecer de forma “obtusa”. Estamos entendidos?
Já percebi que anda aí uma pessoa aborrecida com os que escrevem no anonimato. Não tenho problema nenhum em afirmar que “A Arte de Furtar” é uma óbvia capa de defesa pessoal. Nos tempos da “outra senhora” aprendi a evitar a PIDE e hoje tive aprender a evitar o Sr Director. Ou seja, há gente (na empresa) que depende de mim e não pode estar sujeita às represálias das minhas opiniões políticas. Estou fraco mas não derrotado e enquanto o Sr Agostinho tiver a gentileza de publicar, cá estarei!
Já percebi que manter o povo na pobreza e na sopa dos pobres continua a ser o ideal político da direita. É a mesquinhez e vistas curtas lusitanas, uma idiossincrasia que vai perpetuando e um traço típico do português moldado pelo salazarismo: inveja-se o desgraçado que tem mais um euro do que eu e não se condena o ladrão (Salgado/BPN/ Bava, etc,…) que quando tudo corre bem, dizem: Eu e quando as coisas correm mal, dizem: Nós!
Já percebi que o café Nau continua fechado e quero tomar uma bica. Fim da escrita que ainda vou apanhar um pouco de Sol.
Depois de uma viagem estafante, hoje tive dia de folga! Bem haja Sr. Director!"
A Arte de Furtar disse...
quinta-feira, 14 de janeiro de 2010
Estou a ficar velho...
Um dia destes, casualmente, na rua que vinda da Praça Velha, desemboca na praça dos táxis, quase que à sombra da estátua do Patriarca da Liberdade, encontrei um amigo de há longos anos. Como normalmente acontece, falámos da Figueira e da sua deriva democrática.
Tanto ele, como eu, pertencemos a uma geração que foi rebelde. Há 30 anos atrás, éramos adubados pela "teimosia da esperança" com a crença que, tanto a Figueira, como Portugal, iam mudar.
Tentámos, cada um à sua maneira, ajudar a Figueira e o País a abrir os olhos à sua cegueira. Mas, que nos reservou o futuro, que o mesmo é dizer, o presente?
Uma Figueira e um País à beira do desespero, descrente, um horizonte de nuvens cerradas, em que é com grade dificuldade que se vislumbra algo de luminoso ao fundo do túnel. Na Figueira e no País instalou-se um cansaço doentio e indolente e uma indiferença contagiante.
O meu amigo, a determinada da altura, disse-me: “um gajo cansa-se de remar contra maré...”
Uma Figueira e um País, que se afundam em dívidas de milhões de euros, a cada minuto que passa, e que enterraram o futuro em novas oportunidades dadas a novos e velhos oportunistas?
Pode ser que isto não passe de um ciclo vicioso, e que o Povo cientificamente estupidificado, acorde e ainda consiga sobreviver!..
Estou a ficar velho para acreditar que a Figueira consiga, de novo, interessar politicamente figuras como, por exemplo, Maria Judite Pinto Mendes de Abreu, Joaquim Namorado, Mário Neto, Armando Garrido, João Bugalho, Alzira Fraga, Rui Alves, Gilberto Vasco, Mário Lima Viana, Costa Serrão, Viana Moço, João Severino Neto, Joaquim de Sousa, Melo Biscaia, Abílio Bastos, José Fernandes Martins…
Hoje, ao olhar para a composição da Assembleia Municipal da Figueira da Foz, fica-se cá com uma dor de alma…
segunda-feira, 7 de julho de 2014
28 e 29 de Janeiro de 1983, homenagem do Barca Nova a Joaquim Namorado e ao Neo-Realismo
Uma homenagem ao teu Valor, como Homem, Poeta e Camarada.”