quinta-feira, 12 de abril de 2007
Leitão Fernandes, um humanista discreto
Por detrás do solícito funcionário público do Registo Predial, Manuel Leitão Fernandes era um humanista discreto.
Cidadão figueirense empenhado no bem comum, dedicou-se, ao longo da sua curta vida, ao associativismo, ao jornalismo e à sua paixão pelo cinema. Registamos a sua activa passagem pelo Ginásio Figueirense, foi correspondente de vários jornais nacionais (Diário Popular, Capital, Record ou O Diário onde tinha excelentes relações), colaborou anos a fio na "Voz da Figueira" onde assinava uma coluna denominada "Quinta Coluna", pertenceu à entusiástica equipa de colaboradores do "Mar Alto" 1ª série, ainda antes do 25 de Abril e foi um dos iniciais cabouqueiros do semanário "Barca Nova".
Manuel Leitão Fernandes possuía uma diversificada biblioteca pessoal e um enorme acervo de documentação cinematográfica. Deve-se a ele e a Manuel Catarino o lançamento das bases do Círculo Juvenil de Cinema em 1970, que envolveu um punhado de jovens estudantes figueirenses que, no "Caras Direitas", viam e debatiam bom cinema de quinze em quinze dias, à tarde. É nesse contexto que irá surgir a Semana Internacional de Cinema e, depois, o Festival de Cinema da Figueira da Foz do qual, Leitão Fernandes, foi membro da Comissão Executiva durante as primeiras edições.
Manuel Leitão Fernandes foi sempre um democrata convicto e na papelaria/livraria Carvalheiro, ali ao Jardim, que possuía em conjunto com a sua mulher Celina Carvalheiro, se juntavam, depois da hora do fecho, pequenas tertúlias conspirativas e de divulgação cultural. Era também um pedagogo, no sentido largo do termo, pela paciência e interesse com que se relacionava com os jovens proporcionando-lhes formação e estímulo na descoberta de novos mundos da escrita e da imagem. Foi pela sua mão, que alguns de nós nos aventurámos nos jornais e, cá deixou este gosto pelas palavras e pelas histórias contadas. Se ele fosse vivo creio que estaria connosco nalgum blog de intervenção, sempre na outra margem do poder.
Manuel Leitão Fernandes era, enfim, um homem respeitado e afável, para quem a Amizade era um firme compromisso, uma atitude constante, muito para além das meras palavras de retórica.
P.B.
No texto acima, que o sempre Amigo Pedro Biscaia, a meu pedido, escreveu para recordar um Homem importante nas nossas vidas, pode ler-se a dado passo: “se ele fosse vivo creio que estaria connosco nalgum blog de intervenção, sempre na outra margem do poder”.
Concordo plenamente contigo Pedro. Leitão Fernandes, era receptivo ao novo. Já agora, recordo que era também um excelente fotógrafo.
Foi com Manuel Leitão Fernandes, aí pelo final do ano de 1977, que eu dei os primeiros passos no jornalismo, fazendo uma parceria com ele, numa altura em que se encontrava já doente, como correspondentes do jornal “O Diário” na Figueira da Foz.
Lembro-me, como se fosse hoje, o primeiro trabalho que fizemos em equipa: a cobertura da grande cheia no inverno de 1977, no Baixo Mondego. Foi o meu baptismo no mundo fascinante que é o jornalismo.
Foi ceifado pela morte aos 47 anos, depois de ter lutado estoicamente com uma doença que continua a não perdoar, em Agosto de 1978.
Fica aqui a recordação de um antifascista, um Homem de Cultura e um cavalheiro de uma educação irrepreensível.
A.A
Nota: para ampliar a imagem, basta clicar sobre ela.
quarta-feira, 11 de maio de 2016
Só há mortos inadiáveis depois do esquecimento...
Tema sob o qual decorreu na passada segunda-feira uma conferência com a participação de Ramalho Eanes. Recordo que o jornal era vendido à socapa na livraria Carvalheiro.
Não porque relevasse o carácter religioso do semanário, o facto é que, incapaz de ter acesso a outra informação e opinião, me mantive fiel à sua leitura durante o período de serviço militar passado em África.
Esta recordação remete para outros periódicos que, aqui na Figueira, foram publicados antes e depois da queda do Estado Novo. Desde logo “A Voz da Justiça”, paladino de que José Silva Ribeiro tutelou durante anos com várias interrupções impostas pela censura, mas também, que me recorde, o “Mar Alto” e a “Barca Nova”, veículos de informação partidária e ideológica (mas não só), hoje desaparecidos. Mais recentemente, “A Linha do Oeste”, com outro estilo, sistematicamente crítico e que também não resistiu.
De tal forma mudou o estilo que, se pretenderemos alcançar opinião local estamos reduzidos a dois ou três blogues com qualidade e alguns artigos ou crónicas que, intencionalmente ou não, relevam muito pouco na consideração do poder autárquico."
Nota de rodapé.
A Papelaria Carvalheiro, ficava no início desta rua, frente ao quiosque. |
A propósito da crónica de opinião "A Voz Portucalense", da autoria do eng. Daniel Santos, recordo um Homem muito importante na minha vida, Manuel Leitão Fernandes, um humanista discreto, com quem dei os primeiros passos no jornalismo, fazendo uma parceria com ele, numa altura em que se encontrava já doente, como correspondentes do jornal “O Diário” na Figueira da Foz.
Lembro-me, como se fosse hoje, o primeiro trabalho que fizemos em equipa: a cobertura da grande cheia no inverno de 1977, no Baixo Mondego. Foi o meu baptismo no mundo fascinante que é o jornalismo.
Cidadão figueirense empenhado no bem comum, dedicou-se, ao longo da sua curta vida, ao associativismo, ao jornalismo e à sua paixão pelo cinema. Registamos a sua activa passagem pelo Ginásio Figueirense, foi correspondente de vários jornais nacionais (Diário Popular, Capital, Record ou O Diário onde tinha excelentes relações), colaborou anos a fio na "Voz da Figueira" onde assinava uma coluna denominada "Quinta Coluna", pertenceu à entusiástica equipa de colaboradores do "Mar Alto" 1ª série, ainda antes do 25 de Abril e foi um dos iniciais cabouqueiros do semanário "Barca Nova".
Manuel Leitão Fernandes possuía uma diversificada biblioteca pessoal e um enorme acervo de documentação cinematográfica. Deve-se a ele e a Manuel Catarino o lançamento das bases do Círculo Juvenil de Cinema em 1970, que envolveu um punhado de jovens estudantes figueirenses que, no "Caras Direitas", viam e debatiam bom cinema de quinze em quinze dias, à tarde. É nesse contexto que irá surgir a Semana Internacional de Cinema e, depois, o Festival de Cinema da Figueira da Foz do qual, Leitão Fernandes, foi membro da Comissão Executiva durante as primeiras edições.
Manuel Leitão Fernandes foi sempre um democrata convicto e na papelaria/livraria Carvalheiro, ali ao Jardim, que possuía em conjunto com a sua mulher Celina Carvalheiro, se juntavam, depois da hora do fecho, pequenas tertúlias conspirativas e de divulgação cultural.
Foi ceifado pela morte aos 47 anos, depois de ter lutado estoicamente com uma doença que continua a não perdoar, em Agosto de 1978.
domingo, 26 de novembro de 2023
Mário Neto ausentou-se há 6 anos
Foi o Barca Nova, onde me iniciei nas lides jornalísticas.
Mas, não é de mim que quero falar.
Entre os seus fundadores e colaboradores estavam nomes de referência da jovem Democracia saída do 25 de Abril de 1974.
Já faleceram alguns. Começou com Ruy Alves. Mas, entretanto a lista foi aumentando: Jorge Rigueira, Gilberto Vasco, Cerqueira da Rocha, Leitão Fernandes, Luís Falcão, Orlando Carvalho, José Penicheiro, Adelino Tavares da Silva, Carlos Alberto Amorim, Waldemar Ramalho, Luís de Melo Biscaia, Vasco Gonçalves, Joaquim Namorado, José Martins e Armando Correia.
No dia 27 de Novembro de 2017 foi mais um: o Mário Neto, de seu nome completo, Mário António Figueiredo Neto.
Conheci o Engenheiro Mário Neto antes do Barca Nova.
Foi meu professor na Bernardino Machado, quando andei a estudar à noite.
Grande Homem, grande professor, estudioso, discreto e culto.
Foi também professor universitário.
Depois, fomos companheiros de redacção no Barca Nova.
Foi um militante antifascista, antes do 25 de Abril de 1974. Devido a isso foi preso político.
Nos últimos anos da sua vida, encontrava-o no café onde continuava a passar as tardes como sempre o conheci: a estudar e a recolher dados, sempre acompanhado de livros e jornais.
Era um fanático das estatísticas e do estudo sério e aprofundado de todas as questões. Aprendi muito com ele no final da década de 70 e princípio da década de 80 do século passado.
Foi deputado na Assembleia Municipal da Figueira da Foz.
Mário Neto era dos que acreditava que para defender e lutar pelos nossos interesses, não é necessário sobrepô-los aos legítimos interesses dos outros.
Aprendi com ele, que para defender os interesses locais era preciso sensibilizar a opinião pública para os principais problemas existentes.
Informar e, ao mesmo tempo, tentar formar. Saber ouvir, mas também saber falar.
Com a perda de Mário Neto a Figueira ficou mais pobre: não a parte visível, mas a invisível - a essencial.
A melhor maneira que encontrei para continuar a honrar a memória de Homens que contribuiram para formar o Homem que sou hoje, foi criar um espaço onde a Figueira possa ter a possibilidade de distinguir o essencial do acessório e o importante do sensacional.
Obrigado Mário Neto. Obrigado José Martins. Obrigado Joaquim Namorado. Obrigado Leitão Fernandes.
Como diria outro velho e sábio colaborador do Barca Nova, também já desaparecido, Guije Baltar, "pudesse eu viver uma eternidade e nem assim se apagaria da minha memória a melhor gente que passou pela minha vida: a equipa Barca Nova".
Passe a imodéstia, vou citar-me a mim mesmo (um texto publicado na edição de 12 de fevereiro de 1982, do jornal Barca Nova, página 4): lá aprendi, "que os democratas têm coisas mais profundas e importantes a uni-los do que a dividi-los. No essencial, têm aquilo que é fundamental a irmaná-los: a defesa da democracia."
segunda-feira, 18 de novembro de 2024
Leitão adulto
"O meu avô tinha dois apelidos e um deles era Leitão. No Carnaval, havia sempre um anónimo que lhe ligava para casa, perguntando à pessoa que tinha a sorte ou o azar de atender:
– Estou? É de casa do senhor Leitão?
– É, sim.
– Podia dizer-me quando é que chega a porco?
E pronto, era uma diversão.
Não herdei o saboroso apelido do meu avô, fiquei-me por um Nabais que, felizmente, me tem valido alguns trocadilhos que divertem e confirmam a minha geral inabilidade.
O ministro António Leitão Amaro, em declarações recentes, insinuou que há acidentes ferroviários que se devem ao facto de haver maquinistas a conduzir alcoolizados.
Será injusto, mas o porco é um animal muitas vezes associado a falta de higiene e a falta de respeito – ora, o respeito é extremamente higiénico.
A afirmação do ministro desrespeita uma classe profissional inteira, ao mesmo tempo que desresponsabiliza o governo da obrigação de contribuir para a resolução dos acidentes ferroviários.
Já há uns anos, o tão católico Mota Soares espalhou lama sobre os beneficiários do rendimento mínimo – a generalização é a arma habitual dos porcos que refocilam na política como se fosse uma pocilga, se é que me são permitidas as metáforas.
O meu avô viveu mais de 80 anos e não cresceu além do apelido. Leitão Amaro já chegou à idade adulta."
domingo, 21 de abril de 2024
No PSD, Paulo Leitão vai para o 4º. mandadto na distrital de Coimbra
terça-feira, 24 de janeiro de 2023
A felicidade de saber o que é a Liberdade
É o que muitas, pela vida fora, se limitam a continuar a apreciar.
A maior parte das pessoas que conheço, não notariam a falta de Liberdade, nem lutariam se a Liberdade não existisse.
Só se preocupa com a livre expressão de ideias quem tem ideias para exprimir.
Quem gosta de Liberdade, é uma minoria que gosta de exprimir ideias e de ter acesso às ideias dos outros.
O critério foi simples: a minha memória e algumas das minhas vivências e dos amigos que, na altura, colaboraram comigo.
A minha intenção foi clara e simples: "agradecer, corporizando na figura destas pessoas, a todos que sofreram horrores para hoje sermos livres em Portugal."
Em todos existia uma "unidade de propósitos, única forma de o combate poder ter êxito".
Recorda-los, é dar exemplos de coragem, de coerência e fidelidade aos valores e princípios democráticos. Muitas vezes, as reuniões realizavam-se com a Pide à porta do restaurante. Num dos anos, no restaurante “Tubarão”, um agente quis deter a Drª. Cristina Torres, que presidia ao jantar. Porém, não o conseguiu, tal foi o “barulho” que todos os presentes fizeram e os argumentos apresentados, o que levou o agente a pedir que, ao menos, se acabasse com a reunião.
Nesses encontros, por vezes, vinham até à nossa cidade democratas de fora da Figueira: de Coimbra, Orlando de Carvalho, de Leiria Vasco da Gama Fernandes, e de Arganil Fernando Vale, "que proferiam arrebatadores e entusiastas discursos, animando os democratas figueirenses a prosseguir na luta contra o fascismo.".
Foram tempos de grande agitação e valia política, em que os interesses pessoais eram sempre superados pelo desejo intenso de contribuir para tornar possível um Portugal livre e progressista.
Como disse o Dr. Luís Melo Biscaia, "defendiam-se ideais e havia unidade no combate a um regime assente na violência, na intolerância, na denúncia e perseguição dos que não apoiavam o chamado Estado Novo, na ignorância do povo, na atribuição de privilégios injustos, um regime que apostava em amarfanhar a alma nacional."
(Este texto foi publicado na Revista Óbvia, edição de Dezembro de 2022)
domingo, 24 de abril de 2022
Recordando figueirenses (alguns deles completamente esquecidos), que lutaram pela Liberdade na Figueira
Forte de Peniche, testemunho de opressão e luta pela Liberdade. "É preciso gostar muito de Liberdade, para fugir daquela maneira" |
Este ano, para comemorar o 48º. aniversário do 25 de Abril de 1974, tomei a Liberdade de recordar algumas pessoas na minha página do facebook que lutaram, quando isso era perigoso e difícil, pela Liberdade.
Se o facebook serve para tanta coisa porque não servir também para isso?
Lembrei Leitão Fernandes, João Cenáculo Vilela, Ruy Alves, Guije Baltar, José da Silva Ribeiro, Cristina Torres, José Martins, Joaquim Namorado, Agostinho Saboga, Luís Fernando Argel de Melo e Silva Biscaia, Mário Neto e Luís da Cruz Falcão Martins.
Eu tentei fazer a minha parte. Mas, não posso fazer tudo: não sei tudo e nem tenho tempo para tudo.
Tal como muita gente, limitei-me a "agradecer, corporizando na figura destas pessoas, a todos que sofreram horrores para hoje sermos livres em Portugal."
À minha maneira, ficou o reconhecimento sentido e grato que consegui fazer.
Como aprendi com muitos dos que acima mencionei, no tempo da ditadura de Salazar e Caetano, a Figueira foi um forte e valioso baluarte em defesa da Liberdade e da Democracia.
Entre 1933 e 1974, a polícia política teve muito que fazer no nosso concelho. Realizou devassas domiciliárias abusivas, proibiu reuniões e convívios dos democratas opositores ao regime. E, entre outros mimos, efectuou prisões.
A Figueira, terra de tradições na luta pela Liberdade, antes do 25 de Abril de 1974, tinha um grupo de democratas, dinâmicos e corajosos, que não abrandaram nunca na sua luta.
Para além dos que recordei ontem no meu facebook, lembro mais alguns que conheço só de nome: Maurício Pinto, comerciante; Júlio Gonçalves, advogado; Adelino Mesquita, advogado; Albano Duque, contabilista, casado com a Professora Cristina Torres; José Rafael Sampaio, professor, talvez de todos o que mais prisões sofreu; João Bugalho, médico; Lopes Feteira, médico; João de Almeida, advogado; Mário Rente, tipógrafo; Valdemar Ramalho, gestor comercial; Irmãos Rama, comerciantes; Vieira Gomes, médico; Gilberto Vasco, médico; Santos Silva, médico; José de Freitas, comerciante; Vieira Alberto, engenheiro; Cerqueira da Rocha, advogado; Marcos Viana, professor; Manuel Lontro Mariano. E, certamente, muitos mais por todo o concelho, sem esquecer os felizmente ainda vivos Dr. Joaquim Barros e Sousa, Joaquim Monteiro, Cação Biscaia, José Iglésias e Augusto Menano.
Estes são alguns que, na Figueira, tiveram acção de destaque no combate à ditadura, o que sempre fizeram com tenacidade e sem medo. Uns, em tempos já longínquos, que eu já não conheci. Outros, mais próximos do fim da ditadura, que eu ainda conheci.
E houve outros que, dada a sua profissão, tiveram de levar a cabo a sua luta pela Liberdade de forma anónima. Em todos, porém, existia uma "unidade de propósitos, única forma de o combate poder ter êxito".
Antes do 25 de Abril de 1974, realizaram-se muitas reuniões (sempre em locais diferentes para despistar a polícia), elaboraram-se muitos manifestos e muitos documentos de propaganda contra a ditadura, distribuídos a altas horas da noite de casa em casa.
Alguns desses democratas ainda estavam vivos em 1974 e viram a chegada da Liberdade com a Revolução dos Cravos, que libertou o povo português de uma ditadura, "que quase ia aniquilando a alma nacional."
Recordar essas pessoas, é recordar exemplos de coragem, de coerência e fidelidade aos valores e princípios democráticos.
Muitas vezes, as reuniões realizavam-se com a Pide à porta do restaurante. Num dos anos, no restaurante “Tubarão”, um agente quis deter a Drª. Cristina Torres, que presidia ao jantar. Porém, não o conseguiu, tal foi o “barulho” que todos os presentes fizeram e os argumentos apresentados, o que levaram o agente a pedir que, ao menos, se acabasse com a reunião.
Nesses encontros, por vezes, vinham até à nossa cidade democratas de fora da Figueira, como Orlando de Carvalho (o melhor orador que eu vi discursar), vindo de Coimbra, Vasco da Gama Fernandes, de Leiria, Fernando Vale, de Arganil, "que proferiam arrebatadores e entusiastas discursos, animando os democratas figueirenses a prosseguir na luta contra o fascismo."
Eram tempos de muita coragem, em que se defendiam essencialmente ideais, por vezes diferentes. Porém, todos estavam unidos na acção contra a ditadura.
Na véspera de um dia em que se celebra o 48º, aniversário da Revolução do 25 de Abril de 1974 ficou a minha evocação de alguns democratas figueirenses que, com coragem e persistência, lutaram contra a ditadura que nos governou durante cerca de meio século.
Recordar a memória destes que mencionei, que lutaram pela Liberdade, foi a minha forma de lhes agradecer - a eles e a todos os que combateram - terem-me permitido viver 48 anos da minha vida em Liberdade.
Viva a Liberdade. Viva o 25 de Abril. Sempre.
sábado, 2 de julho de 2022
Foi bonita a cerimónia do lançamento do livro "Histórias de Mineiros"
"Histórias de Mineiros", é um livro que publica 11 crónicas, que o responsável pelo OUTRA MARGEM conheceu há 42 anos, ainda em manuscrito entregue por Augusto Alberto Rodrigues na redacção do Barca Nova, um jornal que durou o que tinha que durar: "apareceu e desapareceu da mesma forma".
domingo, 28 de agosto de 2016
Morreu o Armando Correia, mais um que sempre pertenceu à "outra margem do poder"...
O Pedro Biscaia foi quem me deu a notícia: "na semana passada morreu o Armando Correia".
Estava hospitalizado em Leiria. Ao que me disse o Pedro, morreu durante o sono.
Armando Correia, no seu percurso profissional foi funcionário administrativo na Lusitânia Companhia Portuguesa de Pescas, SA.
Convivi com o Armando Correia no Barca Nova. Era ele que tinha de gerir as parcas disponibilidades financeiras da Empresa Jornalística do Mondego, SARL, a proprietária do jornal.
Outra das suas paixões foi o associativismo. Em Vila Verde, penso que, pelo menos, passou como dirigente pelo GRV.
No jornal, fiel ao seu interesse pelas Colectividades de Cultura e Recreio, assinou vários trabalhos ligados às Colectividades do concelho da Figueira da Foz.
A sua preocupação era divulgar as actividades culturais, que se iam fazendo um pouco por todo o nosso concelho. Ele sabia que era necessário motivar os jovens para que o associativismo tivesse futuro.
Era um Homem sério, rigoroso e exigente. Estava sempre a chamar a atenção da redacção para a necessidade de cortar nas despesas, dadas as debilidades que existiam a nível económico.
Como me disse o Pedro ao telemóvel: "foi mais um que cumpriu a vida".
Os meus sentimentos à família de Armando Correia.
Nota de rodapé.
Tudo se vai escoando. Nem o homem nem as suas obras perduram para sempre.
Tudo tem o tempo que o Tempo permite!
A notícia da morte do Armando Correia, fez-me pensar nos que já partiram e que colaboraram no Barca Nova.
Começou com Ruy Alves. Mas, entretanto a lista foi aumentando: Jorge Rigueira, Gilberto Vasco, Cerqueira da Rocha, Leitão Fernandes, Luís Falcão, Orlando Carvalho, José Penicheiro, Adelino Tavares da Silva, Carlos Alberto Amorim, Waldemar Ramalho, Luís de Melo Biscaia, Vasco Gonçalves, Joaquim Namorado, José Martins. E, agora, Armando Correia.
Como diria outro velho e sábio colaborador do Barca Nova, também já desaparecido, Guije Baltar, "pudesse eu viver uma eternidade e nem assim se apagaria da minha memória a melhor gente que passou pela minha vida: a equipa Barca Nova".
Lá aprendi, "que os democratas têm coisas mais profundas e importantes a uni-los do que a dividi-los. No essencial, têm aquilo que é fundamental a irmaná-los: a defesa da democracia."
Passe a imodéstia, acabei de citar-me a mim mesmo (um texto publicado na edição de 12 de fevereiro de 1982, do jornal Barca Nova, página 4.)
Que desgosto que eu tenho, que o meu País, o meu concelho e a minha Aldeia, não "tivessem trilhado um caminho onde a transparência de princípios e a honestidade de processos fizesse parte do nosso quotidiano colectivo"...
Voltei a recuar a 12 de fevereiro de 1982 e, passe de novo a imodéstia, tornei a citar-me.
Entretanto, tudo se foi escoando.
Tudo tem o tempo que o Tempo permite!
Contudo, só há mortos inadiáveis depois do esquecimento.
terça-feira, 28 de novembro de 2017
Morreu o Mário Neto
Foi o Barca Nova, onde me iniciei nas lides jornalísticas.
Mas, não é de mim que quero falar.
Entre os seus fundadores estavam nomes de referência da jovem Democracia saída do 25 de Abril de 1974.
Já faleceram alguns.
Começou com Ruy Alves. Mas, entretanto a lista foi aumentando: Jorge Rigueira, Gilberto Vasco, Cerqueira da Rocha, Leitão Fernandes, Luís Falcão, Orlando Carvalho, José Penicheiro, Adelino Tavares da Silva, Carlos Alberto Amorim, Waldemar Ramalho, Luís de Melo Biscaia, Vasco Gonçalves, Joaquim Namorado, José Martins e Armando Correia.
Ontem foi mais um: o Mário Neto, de seu nome completo, Mário António Figueiredo Neto.
Conheci o Engenheiro Mário Neto antes do Barca Nova...
Foi meu professor na Bernardino Machado, quando andei a estudar à noite.
Grande Homem, grande professor, estudioso, discreto e culto.
Foi também professor universitário.
Depois, fomos companheiros de redacção no Barca Nova.
Foi um militante antifascista, antes do 25 de Abril de 1974. Devido a isso foi preso político.
Ultimamente encontrava-o no café onde continuava a passar as tardes como sempre o conheci: a estudar e a recolher dados, sempre acompanhado de livros e jornais.
Era um fanático das estatísticas e do estudo sério e aprofundado de todas as questões. Aprendi muito com ele no final da década de 70 e princípio da década de 80 do século passado.
Foi deputado na Assembleia Municipal da Figueira da Foz.
Mário Neto era dos que acreditava que para defender e lutar pelos nossos interesses, não é necessário sobrepô-los aos legítimos interesses dos outros. Nem consentir que os interesses dos outros se sobreponham aos nossos legítimos interesses.
Aprendi com ele, que para defender os interesses locais era preciso sensibilizar a opinião pública para os principais problemas existentes. Para isso, é preciso informar. Fazer-se eco das opiniões, porventura, divergentes, que a propósito desses problemas ocorram.
Foi por isso, que em Novembro de 1977 surgiu o Barca Nova: para contribuir para que a análise dos problemas acontecesse. Para tentar ajudar a distinguir o essencial do acessório, o importante do sensacional.
Informar e, ao mesmo tempo, formar. Saber ouvir, mas também saber falar.
Com a sua perda a Figueira ficou mais pobre: não a parte visível, mas a invisível.
Até um dia destes Mário Neto.
Como diria outro velho e sábio colaborador do Barca Nova, também já desaparecido, Guije Baltar, "pudesse eu viver uma eternidade e nem assim se apagaria da minha memória a melhor gente que passou pela minha vida: a equipa Barca Nova".
Passe a imodéstia, vou citar-me a mim mesmo (um texto publicado na edição de 12 de fevereiro de 1982, do jornal Barca Nova, página 4.)
Lá aprendi, "que os democratas têm coisas mais profundas e importantes a uni-los do que a dividi-los. No essencial, têm aquilo que é fundamental a irmaná-los: a defesa da democracia."
Que desgosto que eu tenho, que o meu País, o meu concelho e a minha Aldeia, não "tivessem trilhado um caminho onde a transparência de princípios e a honestidade de processos fizesse parte do nosso quotidiano colectivo"...
Voltei a recuar a 12 de fevereiro de 1982 e, passe de novo a imodéstia, tornei a citar-me.
Entretanto, tudo se foi escoando.
Tudo tem o tempo que o Tempo permite!
Contudo, só há mortos inadiáveis depois do esquecimento.
Os restos mortais do Mário António Figueiredo Neto estarão em câmara ardente entre as 12 e as 18 horas de hoje.
Os meus pêsames à família enlutada.
quarta-feira, 25 de novembro de 2015
Chegou a hora...
Como se pode ler no DN, "António Costa garantiu que, a qualquer momento, poderia apresentar um governo e assim foi."
Mas isto não vai ser fácil: até o mano já pede sangue!..
Em tempo.
Os 17 de António Costa:
Primeiro-ministro – António Costa
Ministro das Finanças – Mário Centeno
Ministro Adjunto – Eduardo Cabrita
Ministro dos Negócios Estrangeiros – Augusto Santos Silva
Ministra da Presidência e da Modernização Administrativa – Mª Manuel Leitão Marques
Ministra da Justiça – Francisca Van Dunem
Ministra da Administração Interna – Constança Urbano de Sousa
Ministro da Defesa – Azeredo Lopes
Ministro do Planeamento e Infraestruturas – Pedro Marques
Ministro da Economia – Manuel Caldeira Cabral
Ministro da Trabalho, Solidariedade e Segurança Social – José António Vieira da Silva
Ministro da Saúde – Adalberto Campos Fernandes
Ministro da Educação – Tiago Brandão Rodrigues
Ministro da Ciência Tecnologia e Ensino Superior – Manuel Heitor
Ministro do Ambiente – João Pedro Matos Fernandes
Ministro da Agricultura – Capoulas Santos
Ministra do Mar – Ana Paula Vitorino
Ministro da Cultura – João Soares
Secretária de Estado Adjunta do Primeiro-ministro – Mariana Vieira da Silva
Secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares – Pedro Nuno Santos
Secretário de Estado da Presidência do Conselho de Ministros – Miguel Prata Roque
sexta-feira, 20 de novembro de 2015
As Selecções Nacionais de Atletismo e Ténis de Mesa, partiram hoje para Bloemfontein, na África do Sul, onde vão participar nos Mundiais de Atletismo IAADS e de Ténis de Mesa ITTADS, para atletas com síndrome de Down
foto sacada daqui |
A delegação é chefiada por José Costa Pereira, vice-presidente da ANDDI-Portugal, acompanhado pelos técnicos de Atletismo Rui Alecrim, Joana Agostinho, Manuela Machado e João Amaral, enquanto no Ténis de Mesa o responsável é Nuno Machado.
Face aos excelentes resultados obtidos nas últimas competições internacionais, a equipa de Atletismo parte para este 3.º Campeonato do Mundo com expectativas elevadas, que passam pela conquista de medalhas por parte de alguns atletas e a obtenção de um lugar no pódio colectivo.
Para o mesa tenista João Gonçalves prevê-se que, após os excelentes resultados obtidos no Challenge Internacional realizado em 2014 na Póvoa de Varzim, venha a conseguir de novo bons resultados neste primeiro mundial da modalidade.
A Cerimónia de Abertura terá lugar no dia 23 no Estádio Dr. Petrus Molemela, às 16:00 horas locais (mais duas que em Portugal), dando-se início às competições no dia seguinte.
O evento termina no dia 26.
Via FPDD