António Agostinho, o autor deste blogue, em Abril de 1974 tinha 20 anos. Em Portugal havia guerra nas colónias, fome, bairros de lata, analfabetismo, pessoas descalças nas ruas, censura prévia na imprensa, nos livros, no teatro, no cinema, na música, presos políticos, tribunais plenários, direito de voto limitado. Havia medo. O ambiente na Cova e a Gala era bisonho, cinzento, deprimido e triste. Quase todas as mulheres vestiam de preto. O preto era a cor das suas vidas. Ilustração: Pedro Cruz
quarta-feira, 8 de maio de 2024
Limpeza...
«Um homem de
caráter inviolável, uma pessoa
incomparável e um verdadeiro
líder. Há muitos anos, quando
este senhor era um jovem
subcomissário e eu um jovem
polícia, vice-presidente da
ASPP, ainda não nos
conhecíamos.
Os seus homens, os seus
subordinados, levaram-me a
defendê-lo publicamente, pois
a hierarquia superior da época
perseguiu-o simplesmente por
ser um oficial próximo dos
seus homens e disposto a
ajudar tudo e todos dentro do
bom senso, da justiça e do
humanismo. Este homem foi
sempre um comandante
admirado, querido e amado
por todos com quem
contactou. Quem ler o que
estou a escrever só pode
pensar duas coisas: ou o
Manuel Morais é um mentiroso
compulsivo e o senhor diretor
Barros Correia é o oposto da
minha descrição, ou então
quem se atreve a exonerar um
homem com esta
personalidade e esta
integridade? Este mundo vive
momentos de confusão
absoluta, onde o interesse
público é secundarizado em
nome de outros valores
duvidosos.
Os humanistas honrados e
valiosos são vilipendiados,
desonrados e tratados com
desprezo, como se fossem
lixo. Com a saída deste diretor,
a esperança de que "o tal
discurso", que tanto nos
preocupa, se desvaneça nesta
organização tornou-se uma
miragem. A polícia perdeu
efetivamente o melhor diretor
de todos os tempos, e a
sociedade perdeu um diretor
nacional humanista e
vocacionado para a causa
pública, a esperança de uma
polícia muito mais humana e
próxima dos cidadãos. Este
ato incompreensível é
revoltante, tanto como polícia,
como como cidadão e como
ser humano.»
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