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terça-feira, 1 de maio de 2007

Agostinho da Conceição Saboga, uma vida clandestina


Agostinho Saboga viveu entre 1909 e 1971. Nasceu nos Olivais, Lisboa, em 21 de Fevereiro.
Operário vidreiro desde os nove anos de idade, viveu na Figueira da Foz, onde trabalhou na Fábrica da Fontela.
Mais tarde, foi viver para a Marinha Grande onde, em 18 de Janeiro de 1936, participou activamente na Revolta da Marinha Grande. Foi preso pela primeira vez nesta cidade em 1947, onde fez parte do célebre processo dos 108, tendo sido libertado em 1948.
Volta a ser preso no início de 1949, na Marinha Grande, tendo sido enviado para a prisão de Caxias e condenado politicamente a dois anos de prisão.
No ano de 1955 volta à clandestinidade com a companheira e a filha mais nova, onde ficou à sua responsabilidade operar uma tipografia clandestina. É preso perto do Porto, em São Mamede Infesta, em Dezembro de 1958, tendo cumprido uma pena de nove anos. A prisão deveu-se a uma denúncia de um funcionário do partido aquando da sua prisão em Novembro. Aí, é transferido para a Prisão de Caxias, onde aguardou julgamento, que acontece no Porto em Outubro de 1959. É enviado para a prisão de Paços de Ferreira, onde fica pouco tempo devido à fuga de quatro presos políticos. Como represália é transferido na véspera de Natal para o Forte de Peniche, prisão de alta segurança. Aquando da sua chegada ao Forte de Peniche já estava sendo preparada a famosa Fuga dos 10, de onde também fugiu o carismático líder comunista Álvaro Cunhal.
Agostinho Saboga nunca pôde tentar a fuga com os seus companheiros de luta por sofrer de uma úlcera nervosa. No entanto, após a Fuga dos 10 é acusado pelo guarda prisional de ter sido ele a anestesiá-lo permitindo a fuga dos seus companheiros, o que lhe valeu dois meses no segredo, incomunicável.
Em 1967, estando debilitado por anos de tortura na prisão é posto em liberdade condicional, tendo ainda partilhado os seus últimos quatro anos de vida com a família, na Figueira da Foz.
Agostinho Saboga totalizou catorze anos de prisão e décadas de luta pela liberdade na clandestinidade.

domingo, 29 de março de 2009

Agostinho Saboga, um Lutador pela Liberdade





Agostinho Saboga, operário vidreiro, grande lutador pela Liberdade, que tem o seu nome à entrada do Centro de Trabalho do PCP na Figueira da Foz e que integra a toponímia da cidade, viveu entre 1909 e 1971.
O seu Partido de sempre, o PCP, evocou na Figueira da Foz, ontem à tarde, o centenário do seu nascimento.
“A sessão, que se realizou no "Tubo de Ensaio", contou com a presença de José Casanova, director do jornal "Avante!".

terça-feira, 13 de julho de 2021

Bernardo Reis concorre à Câmara Municipal da Figueira da Foz pela CDU

 Via Figueira TV

"Bernardo Reis é o primeiro candidato da lista concorrente à Câmara Municipal da Figueira da Foz pela Coligação Democrática Unitária (CDU), foi hoje anunciado em Conferência de Imprensa, no Centro de Trabalho Agostinho Saboga do PCP.

A CDU anunciou hoje que concorrerá “a todos os órgãos municipais deste Concelho e autarquias” e apresentou oficialmente o primeiro candidato da CDU à Câmara Municipal da Figueira da Foz, nas eleições autárquicas de 26 de setembro de 2021. A candidatura da CDU tem “como principal objetivo a eleição de pelo menos um Vereador, de forma a podermos alterar o bloco de interesses que tem sido constituído nos últimos 24 anos pelo PSD e PS”, avançou o candidato Bernardo Reis.

“Defendemos uma visão integrada para o desenvolvimento e melhoria de vida dos nossos concidadãos, abrangendo áreas como o desenvolvimento económico do Concelho, novas políticas de distribuição de água, transportes e vias de comunicação, saúde, educação, cultura e desporto, e diferentes conceções de habitação e urbanismo, PDM e ambiente e turismo”, esclareceu o primeiro candidato da lista pela CDU, em declaração aos jornalistas.

Bernardo Reis, residente no Concelho desde 1987, e de momento na freguesia de Tavarede, apresentou detalhadamente as propostas e defesas a que se alia e divulgou a lista dos candidatos da CDU à Câmara Municipal da Figueira da Foz:

  1. Bernardo Reis – Oficial de Justiça na Figueira da Foz
  2. Paulo Ferreira – Operário Fabril, Dirigente Sindical Site, USFF e CN CGTP
  3. Ana Biscaia – Designer e Ilustradora
  4. Sérgio Branco – Professor Universitário e membro da Comissão Executiva CGTP
  5. João Paulo Medina – Oficial Superior da GNR na Reserva
  6. Adelaide Gonçalves – Empregada de Escritório, CT Transdev e eleita na Assembleia Municipal da Figueira da Foz
  7. António Agostinho – Empregado de Escritório, editor do blogue “Outra Margem”
  8. Francisco Baião – Chefe de Cozinha
  9. Patrícia Cruz – Estudante Universitária
  10. Carlos Oliveira – Técnico de Engenharia de Manutenção na Navigator
  11. Isabel Marques – Oficial de Registo e Notariado na Figueira da Foz
  12. Elvira Pinheiro – Enfermeira no Hospital Distrital da Figueira da Foz"

domingo, 24 de abril de 2022

Recordando figueirenses (alguns deles completamente esquecidos), que lutaram pela Liberdade na Figueira

Forte de Peniche, testemunho de opressão e luta pela Liberdade.
"É preciso gostar muito de Liberdade, para fugir daquela maneira"

Este ano, para comemorar o 48º. aniversário do 25 de Abril de 1974, tomei a Liberdade de recordar algumas pessoas na minha página do facebook que lutaram, quando isso era perigoso e difícil, pela Liberdade. 
Se o facebook serve para tanta coisa porque não servir também para isso?
Lembrei Leitão Fernandes, João Cenáculo Vilela,  Ruy Alves, Guije Baltar, José da Silva Ribeiro, Cristina Torres, José Martins, Joaquim Namorado, Agostinho Saboga, Luís Fernando Argel de Melo e Silva Biscaia, Mário Neto e Luís da Cruz Falcão Martins.

O critério, foi a minha memória. E, sobretudo, as minhas vivências. Se cada um der o seu contributo, podemos todos ter melhores, maiores e mais justas memórias. 
Eu tentei fazer a minha parte. Mas, não posso fazer tudo: não sei tudo e nem tenho tempo para tudo. 
Tal como muita gente, limitei-me a "agradecer, corporizando na figura destas pessoas, a todos que sofreram horrores para hoje sermos livres em Portugal."
À minha maneira, ficou o reconhecimento sentido e grato que consegui fazer.

Como aprendi com muitos dos que acima mencionei, no tempo da ditadura de Salazar e Caetano, a Figueira foi um forte e valioso baluarte em defesa da Liberdade e da Democracia.
Entre 1933 e 1974, a polícia política teve muito que fazer no nosso concelho. Realizou devassas domiciliárias abusivas, proibiu reuniões e convívios dos democratas opositores ao regime. E, entre outros mimos, efectuou prisões.

A Figueira, terra de tradições na luta pela Liberdade, antes do 25 de Abril de 1974, tinha um grupo de democratas, dinâmicos e corajosos, que não abrandaram nunca na sua luta.
Para além dos que recordei ontem no meu facebook, lembro mais alguns que conheço só de nome: Maurício Pinto, comerciante; Júlio Gonçalves, advogado; Adelino Mesquita, advogado; Albano Duque, contabilista, casado com a Professora Cristina Torres; José Rafael Sampaio, professor, talvez de todos o que mais prisões sofreu; João Bugalho, médico; Lopes Feteira, médico; João de Almeida, advogado; Mário Rente, tipógrafo; Valdemar Ramalho, gestor comercial; Irmãos Rama, comerciantes; Vieira Gomes, médico;  Gilberto Vasco, médico; Santos Silva, médico; José de Freitas, comerciante; Vieira Alberto, engenheiro; Cerqueira da Rocha, advogado; Marcos Viana, professor; Manuel Lontro Mariano. E, certamente,  muitos mais por todo o concelho, sem esquecer os felizmente ainda vivos Dr. Joaquim Barros e Sousa, Joaquim Monteiro, Cação Biscaia, José Iglésias e Augusto Menano.

Estes são alguns que, na Figueira,  tiveram acção de destaque no combate à ditadura, o que sempre fizeram com tenacidade e sem medo. Uns, em tempos já longínquos, que eu já não conheci. Outros, mais próximos do fim da ditadura, que eu ainda conheci.
E houve outros que, dada a sua profissão, tiveram de levar a cabo a sua luta pela Liberdade de forma anónima. Em todos, porém, existia uma "unidade de propósitos, única forma de o combate poder ter êxito".

Antes do 25 de Abril de 1974, realizaram-se muitas reuniões (sempre em locais diferentes para despistar a polícia), elaboraram-se muitos manifestos e muitos documentos de propaganda contra a ditadura, distribuídos a altas horas da noite de casa em casa.
Alguns desses democratas ainda estavam vivos em 1974 e viram a chegada da Liberdade com a Revolução dos Cravos, que libertou o povo português de uma ditadura, "que quase ia aniquilando a alma nacional."
Recordar essas pessoas, é recordar exemplos de coragem, de coerência e fidelidade aos valores e princípios democráticos.
Muitas vezes, as reuniões realizavam-se com a Pide à porta do restaurante. Num dos anos, no restaurante “Tubarão”, um agente quis deter a Drª. Cristina Torres, que presidia ao jantar. Porém,  não o conseguiu, tal foi o “barulho” que todos os presentes fizeram e os argumentos apresentados, o que levaram o agente a pedir que, ao menos, se acabasse com a reunião.

Nesses encontros, por vezes, vinham até à nossa cidade democratas de fora da Figueira, como Orlando de Carvalho (o melhor orador que eu vi discursar), vindo de Coimbra, Vasco da Gama Fernandes, de Leiria, Fernando Vale, de Arganil, "que proferiam arrebatadores e entusiastas discursos, animando os democratas figueirenses a prosseguir na luta contra o fascismo."
Eram tempos de muita coragem, em que se defendiam essencialmente ideais, por vezes diferentes. Porém, todos estavam unidos na acção contra a ditadura.
Foram tempos de grande preocupação e também valia política, em que os interesses pessoais eram sempre superados pelo desejo intenso de contribuir para a Liberdade e para a Democracia, no sentido de tornar possível um Portugal livre e progressista.

Como dizia o Dr. Luis Melo Biscaia, "defendiam-se ideais e havia unidade no combate a um regime assente na violência, na intolerância, na denúncia e perseguição dos que não apoiavam o chamado Estado Novo, na ignorância do povo, na atribuição de privilégios injustos,  um regime que apostava em amarfanhar a alma nacional. E quando já poucos acreditavam que um regime com cerca de meio século de vigência pudesse ser vencido, veio afinal a verificar-se que estava efectivamente podre, caduco, propício à Revolução do 25 de Abril de 1974."
Na véspera de um dia em que se celebra o 48º, aniversário da Revolução do 25 de Abril de 1974 ficou a minha evocação de alguns democratas figueirenses que, com coragem e persistência, lutaram contra a ditadura que nos governou durante cerca de meio século. 
Recordar a  memória destes que mencionei, que lutaram pela Liberdade, foi a minha forma de lhes agradecer - a eles e a todos os que combateram - terem-me permitido viver 48 anos da minha vida em Liberdade.
Viva a Liberdade. Viva o 25 de Abril. Sempre. 

sexta-feira, 26 de abril de 2024

Para quando a integração do nome de Joaquim Namorado na toponíma figueirense?

Em 25 de Abril de 2024, ano em que se comemoram 50 anos daquela madrguda que eu esperava/ O dia inicial inteiro e limpo/ Onde emergimos da noite e do silêncio/ E livres habitamos a substância do tempo, a Assembleia Municipal da Figueira da Foz prestou uma justa homenagem a quatro figuras que incarnam o que foi a luta pela Liberadde e pela Democracia. A saber: Agostinho Saboga, José Ribeiro, Cristina Torres e Joaquim Namorado.

Em 1983 Joaquim Namorado foi homenageado na Figueira, por iniciativa do jornal Barca Nova. Entre as diversas iniciativas, recordo duas promovidas pela Câmara Municipal da Figueira da Foz, aprovadas por unanimidade: a criação do Prémio Literário Joaquim Namorado (extinto por Santana Lopes, na sua primeira passagem pela presidência da nossa câmara); e a integração na toponímia figueirense do nome do Poeta (chegou a ser aprovada a atribuição do seu nome a uma praceta, mas hoje o nome que lá está é outro - o de Madalena Perdigão).
O que, decorridos mais de quatro décadas, continua por fazer.

Para quando a integração do nome de Joaquim Namorado na toponíma figueirense?
Esta história da integração do nome de Joaquim Namorado na toponímia figueirense, não é tão antiga como a Sé de Braga, mas já vem do tempo em que as coisas em Portugal ainda custavam em escudos!

terça-feira, 24 de janeiro de 2023

A felicidade de saber o que é a Liberdade

As crianças não ligam à felicidade. Gostam é de guloseimas, brinquedos e atenção. 
É o que muitas, pela vida fora, se limitam a continuar a apreciar.
A  maior parte das pessoas que conheço, não notariam a falta de Liberdade, nem lutariam se a Liberdade não existisse. 
Só se preocupa com a livre expressão de ideias quem tem ideias para exprimir. 
Quem gosta de Liberdade, é uma minoria que gosta de exprimir ideias e de ter acesso às ideias dos outros.
Na Terra de Manuel Fernandes Tomás, para alguns, a ideia de Liberdade sempre foi fundamental. No tempo da ditadura de Salazar e Caetano, a Figueira foi um baluarte em defesa da Liberdade. Entre 1933 e 1974, a polícia política teve muito que fazer no nosso concelho. Realizou devassas domiciliárias abusivas, proibiu reuniões e convívios dos democratas opositores ao regime. E, entre outros mimos, efectuou prisões.

Em 2007, no meu blogue OUTRA MARGEM, com a colaboração de alguns amigos, publiquei textos onde recordei alguns dos que lutaram pela Liberdade,  quando isso era perigoso e difícil. Lembrei Leitão Fernandes, João Cenáculo Vilela, Ruy Alves, Guije Baltar, José da Silva Ribeiro, Cristina Torres, José Martins, Joaquim Namorado, Agostinho Saboga, Luís Fernando Argel de Melo e Silva Biscaia, Mário Neto e Luís da Cruz Falcão Martins.
O critério foi simples: a minha memória e algumas das minhas vivências e dos amigos que, na altura, colaboraram comigo. 
A minha intenção foi clara e simples: "agradecer, corporizando na figura destas pessoas, a todos que sofreram horrores para hoje sermos livres em Portugal."
Para além dos que recordei em 2007, Maurício Pinto (comerciante), Júlio Gonçalves (advogado), Adelino Mesquita (advogado), Albano Duque (contabilista, casado com a Professora Cristina Torres, José Rafael Sampaio (professor, talvez de todos o que mais prisões sofreu) João Bugalho (médico), Lopes Feteira (médico),  João de Almeida  (advogado),  Mário Rente (tipógrafo), Valdemar Ramalho (gestor comercial), irmãos Rama (comerciantes), Vieira Gomes (médico), Gilberto Vasco (médico), Santos Silva (médico),  José de Freitas  (comerciante), Vieira Alberto (engenheiro), Cerqueira da Rocha (advogado), Marcos Viana (professor), Manuel Lontro Mariano e muitos mais que, por todo o concelho, lutaram pela Liberdade, sem esquecer os felizmente ainda vivos Dr. Joaquim Barros e Sousa, Joaquim Monteiro, Cação Biscaia, José Iglésias e Augusto Menano, merecem também ser destacados.
Em todos existia uma "unidade de propósitos, única forma de o combate poder ter êxito".

Recorda-los, é dar exemplos de coragem, de coerência e fidelidade aos valores e princípios democráticos. Muitas vezes, as reuniões realizavam-se com a Pide à porta do restaurante. Num dos anos, no restaurante “Tubarão”, um agente quis deter a Drª. Cristina Torres, que presidia ao jantar. Porém,  não o conseguiu, tal foi o “barulho” que todos os presentes fizeram e os argumentos apresentados, o que levou o agente a pedir que, ao menos, se acabasse com a reunião.

Nesses encontros, por vezes, vinham até à nossa cidade democratas de fora da Figueira: de Coimbra, Orlando de Carvalho, de Leiria Vasco da Gama Fernandes, e de Arganil Fernando Vale, "que proferiam arrebatadores e entusiastas discursos, animando os democratas figueirenses a prosseguir na luta contra o fascismo.".

Foram tempos de grande agitação e valia política, em que os interesses pessoais eram sempre superados pelo desejo intenso de contribuir para tornar possível um Portugal livre e progressista.

Como disse o Dr. Luís Melo Biscaia, "defendiam-se ideais e havia unidade no combate a um regime assente na violência, na intolerância, na denúncia e perseguição dos que não apoiavam o chamado Estado Novo, na ignorância do povo, na atribuição de privilégios injustos, um regime que apostava em amarfanhar a alma nacional."

(Este texto foi publicado na Revista Óbvia, edição de Dezembro de 2022)

sexta-feira, 23 de junho de 2023

O Senhor Nelson Fernandes

... "mais novo, mas também mais lindo".
Amanhã, em cerimónia que decorrerá no CAE, vão ser distinguidas algumas personalidades da Figueira. Entre elas, uma que não tendo nascido na Figueira, é da Figueira, que conheço há mais de 40 anos: Nelson Fernandes, conhecido, sobretudo, por ser um ex-autarca comunista, é uma das pessoas com mais espírito que conheci. Para além disso tem um sentido de um humor fino e requintado. Ao mesmo tempo é detentor de um olhar clínico (foi enfermeiro na vida profissional), porém, algo cínico  e incisivo sobre a realidade que nos rodeia.
Embora tenha sido convidado para a cerimónia que vai decorrer no CAE a partir das 14 horas de amanhã, por não estar na Figueira, fica o meu abraço ao homenageado e as devidas felicitações.

Em forma de reconhecimento pela justeza da medalha que o executivo que  Santana Lopes comanda lhe ofereceu, deixo algo que conheço desde os tempos do Barca Nova (entretanto, passaram mais de 40 anos), mas que o enfermeiro Nelson Fernandes foi refinando ao longo dos anos.

A subtileza humorística da sua escrita fina, que chega a atingir momentos pícaros.

É uma página de facebook que vale a pena visitar. Pena, é Nelson Fernandes, nos últimos tempos ter perdido algum gás, num tempo em que "escrevemos mais do que nunca. O email é uma ferramenta de trabalho fundamental, enviamos mensagens por telemóvel todos os dias, publicamos e comentamos as conversas de amigos e desconhecidos nas redes sociais. Para tudo isto, usamos palavras e a forma como as escrevemos têm um impacto fundamental na nossa credibilidade."

Vamos a meia dúzia de pérolas que saquei da página do ilustre homenageado de amanhã por Santana Lopes. Vão lá, invadam o espaço que vale a pena.

1. "Cá por casa a Paula já preparou as máscaras... Pronto, se tem que ser, seja! Mas que o uso da máscara levanta alguns problemas levanta...

Com a máscara há uma série de coisas que se vão tornar confusas. Há coisas que se fazem com a boca, e não estou a falar de sexo, que ficam em risco. Por exemplo tocar instrumentos de sopro... 

E não se deixem abater. Eu que tenho o nariz mais feio do mundo vou ficar muito melhor de máscara."

2. "Ouvi dizer que o Reitor do Santuário de Fátima vai pedir ao Partido Cominista Português que organize a peregrinação de 13 de Outubro. E esperamos que o PCP aceite."

3. "E pronto! Está escolhido o novo responsável máximo da TAP. Após dois brasileiros um alemão. Caramba! É só estrangeiros. Que falta de brio patriótico. Por mim ponho as mãos no fogo pelos gestores portugueses. Ele há deles tão capazes, como os estrangeiros, de estragar a TAP. Precisam é de oportunidades."

4. "HAJA MEMÓRIA. HÁ FUTURO

Hoje, em todo o país, no âmbito do centenário do PCP, os comunistas foram aos cemitérios, lembrar aqueles, dos nossos, que já não estão entre nós, mas que nos trouxeram até aqui. Quisemos agradecer-lhe os exemplos de coragem, de dedicação, e de firmeza como militantes. Mas também mitigar a saudade que nos deixaram, e lembrar sua integridade e o muito que nos legaram como seres humanos admiráveis.

Na Figueira da Foz materializamos a memória na campa do Agostinho Saboga, mas lembramos o Lenine, o Amador, a Guida Avelino, o Zé Martins, o Teófilo, etc.  

Temos memória e orgulhamo-nos de quem nos antecedeu. Mas também lhes garantimos que além da memória também temos projeto. E futuro!"

5. "DEUS NOSSO SENHOR FAZ TUDO MUITO BEM FEITO

Aqui há uns anos, durante o Curso de Especialidade em Enfermagem de Reabilitação, era meu professor de Anatomia do Movimento o dr Joaquim Fonseca, ortopedista nos Hospitais da Universidade de Coimbra.

Éramos velhos conhecidos. Como aluno de enfermagem já tinha passado, na década de sessenta, pala velha Ortopedia, então em S. Jerónimo, onde então beneficiei dos seus conhecimentos, e apreciei a sua gentileza e afetividade.

Durante o período letivo da cadeira, inventariamos os tendões e os músculos, e estabelecemos, através da sua origem e inserção, a dinâmica das articulações. E através destas chegamos às dinâmicas posturais, indispensáveis á realização das “performances” físicas.

O dr. Joaquim Fonseca era católico e assumia esse catolicismo nas suas descrições anatómicas com a “constatação” de que “Deus Nosso Senhor faz tudo muito bem feito”. Para ele qualquer articulação era uma obra prima da criação. 

Confesso que há época acompanhava essa declaração com algum ceticismo. Mas hoje, em tempo de pandemia, lembro-me do dr Fonseca quando vou pela rua e olho para as pessoas. 

Então não é que temos as orelhas no sítio certo. Prontinhas para pendurar a máscara. Na realidade Deus Nosso Senhor faz tudo muito bem feito."

6. "AS ELEIÇÕES NOS ESTADOS UNIDOS

Dada a situação decorrente das eleições nos Estados Unidos, o ministro Augusto Santos Silva prepara uma declaração de não reconhecimento dos resultados eleitorais, e pediu uma reunião urgente da União Europeia no sentido de serem nomeados observadores europeus para credibilizar a recontagem.

A declaração declara que se devem fazer recontagens até que os resultados sejam aquilo que se deseja. Ao mesmo tempo recomenda a Nicolas Maduro para não se intrometer, uma vez que Guaidó lhe disse que Maduro preparava o exército venezuelano para repor a democracia nos EU.

Marcelo ia também fazer uma declaração sobre o assunto, mas enganou-se e saiu-lhe uma declaração sobre o corona:- É um jogador formidável! Referia-se não o vírus, mas sim ao Corona, jogador do Futebol Clube do Porto.

Entretanto numa inequívoca manifestação de respeito democrático, e em nome de uma democracia cada vez mais sã, e um exemplo para o mundo ocidental, oriental e de todos os outros pontos cardeais, Donald Trump entende que se deve parar a contagem de votos nos estados onde está a perder, e, continuar a contagem nos estados onde está a ganhar. Que estratégia demolidora.

Á cautela declaro por minha honra que estou a brincar. Não é necessário o polígrafo SIC. E digo isto porque há gente que acredita em tudo."