domingo, 25 de agosto de 2024

Ao serviço do povo. Ou do público Ou a armadilha das pensões...

António Barreto

"A distribuição de dinheiro é um dos mais velhos expedientes utilizados para ganhar votos e apoios ou para incomodar as oposições que não têm esse recurso. Também é instrumento de demagogia, dado que as oposições não conseguem ou têm dificuldade em votar contra os “bodos aos pobres”. Assim como não lhes é fácil arranjar votos para os seus próprios “bodos”. O PSD e o Governo dedicam-se agora a exactamente este exercício: distribuir a fim de mais tarde recolher. Sem tirar nem pôr. Dar o mais possível ao maior número, dar cheques e vantagens, à procura de benefícios ulteriores e na tentativa de retirar argumentos à oposição e aos populistas.

Na melhor tradição republicana, o PSD e o PS estão a arranjar lenha para se queimar. Alimentam populismos e protestos. Estão a ajudar a crise em vez de tratar dela.

Utilizando os lugares-comuns consagrados, o PSD e o PS não estão a servir os interesses do povo, nem os do público, estão a procurar satisfazer os seus. Hoje, o PSD e o PS não procuram o poder político para servir o povo, antes tentam satisfazer o interesse público para ganhar o poder. Ninguém é totalmente cínico ou sincero, ninguém é absolutamente velhaco ou bondoso. Todos têm de tudo um pouco. Em cada um, a verdade é a proporção de bom e de mau. No caso presente, sabendo o que sabemos, com as ameaças internacionais, com um Governo minoritário, com os perigos do populismo, perante a previsão de dificuldades sociais, estes dois partidos têm a mais estrita obrigação de encontrar a solução de governo estável, sólido e competente. É assim que se serve o povo. Ou o público." 

João Vieira Pereira

"De forma fria, todos os governos têm apetência para privilegiar os pensionistas como estratégia política. Isso nunca vai mudar. Pelo que será sempre preferível um qualquer complemento extraordinário para tentar minorar o facto de existirem pensões de miséria do que aumentos absurdos de pensões. Os bónus acontecem quando as contas públicas os permitem, os aumentos são para sempre. 

Falta apenas descobrir se Montenegro vai ter coragem de mexer na fórmula de atualização das pensões ou se, tal como António Costa, vai meter a viola no saco mais rápido do que a tentou tirar. 

A minha aposta é que ainda não é desta que o bom senso triunfa."

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