Uma das grandes conquistas do 25 de Abril de 1974, o acesso à saúde, devemo-la ao socialista António Arnaut, contra os votos e a politica vontade do PSD e do CDS.
Como sabemos, o PSD, juntamente com o CDS, votou contra a chamada “lei Arnaut”, quando ela foi levada ao Parlamento, onde foi aprovada com os votos favoráveis do PS, do PCP, da UDP e do deputado independente Brás Pinto. Na base da recusa da direita esteve o facto de o texto consagrar um SNS “universal e gratuito”.
O PSD viria, em 1990, embalado pela maioria absoluta cavaquista, a fazer aprovar uma nova Lei de Bases da Saúde em que introduzia a palavra “maldita” para a esquerda: “privado”. Cavaco fez questão de deixar expresso que os cuidados de saúde seriam prestados em articulação com o sector privado – o então primeiro-ministro colocava no terreno a pretensão de abrir vários sectores da economia à iniciativa privada e a saúde não foi exceção. A seu lado esteve o CDS. Do outro lado da barricada estavam os “vencedores” de 1979.
Os "clientes" passaram a utentes, ou doentes, para o SNS. Evidentemente que um serviço de saúde capaz só se pode desenvolver com meios. Para atrair médicos e enfermeiros é preciso que estes tenham ordenados compatíveis com o investimento feito nos cursos e com a responsabilidade que têm em mãos: as nossas vidas. Sobretudo, é preciso evitar que eles se mudem para outros países, como alguém de má memória sugeriu.
Promessas leva-as o vento, e de há alguns anos a esta parte instalou-se a estagnação nos vencimentos reais. Agora, Montenegro, como primeiro-ministro de um Governo entalado entre uma esquerda social e uma extrema-direita populista e demagógica, que não olha a meios para atingir os fins, não sabe para onde se virar.
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