domingo, 11 de julho de 2021

Cabedelo: gastaram milhões de euros e não se lembraram sequer das casas de banho?..

Os políticos encheram o concelho de lugares deprimentes. Assim de repente, recordo-me da baixa da Figueira (em obras que nunca acabam), Buarcos (depois das últimas obras), o Bento Pessoa (em obras que nunca mais acabam), a chamada praça do Forte (que não tem manutenção depois das obras, e está a ficar descaracterizada, feia e suja), o Paço de Maiorca (cujas trapalhadas nos vão custar os olhos da cara), o Edifício o Trabalho (uma telenovela cujo fim ninguém consegue prever) e muitos mais. Entre eles, a outrora Praia da Claridade (hoje, praia da calamidade). E temos o Cabedelo...
Ao longo dos anos fomos alertando para a necessidade de um balneários públicos no Cabedelo. As obras estão quase concluídas. A solução é esta: um contentor...
Para ver o vídeo clica aqui.
Raros são os recantos, como era o caso do Cabedelo, em que as pessoas, quase todas vindas do outro lado da cidade, conseguiam ter ali uma vivência e uma vida que, em conjunto, fazia sentido. E que, por ser diferente e orgânica naquele lugar especial que era o Cabedelo (na sua normalidade quotidiana), emocionava e dava paz e harmonia à alma de quem, vindo do lado norte da cidade, a consegue contemplar da outra margem. Fala-se muito na requalificação do espaço e menos noutros pormenores felizes e representativos do espírito da zona: os espaços naturais de convívio que lá existiam. Não tinham a sofisticação – sobretudo e ainda bem - artificiosa dos recriados espaços que, dizem, estar a requalificar, mas são os autênticos do espírito do verdadeiro Cabedelo, que proporcionavam, a quem o visitava, sentir que estava num lugar diferente e especial. 
Mataram o Cabedelo, aquele local que, antes destas obras, ainda conseguia oferecer essa antiga ilusão que ninguém consegue ver, mas alguns conseguem sentir, que se chama intimidade - talvez, a mais importante de todas as utopias.
Como qualificar este processo? Progresso? Insucesso? Ou retrocesso?
O que restou? Do que é que as pessoas se vão lembrar?
Não sei se é por ter me ter criado e crescido por ali, "à solta", mas do que me vou lembrar é de uma fatia que vai fazer parte do saque feito ao litoral, desde o Minho até ao Algarve.
A coberto das denominadas requalificações, sítios onde antes, e a pretexto da defesa da natureza, do meio ambiente e da protecção do ecosistema, nem sequer uma tenda de campismo selvagem se podia erguer, estão agora ocupados por urbanizações e resorts, mais as suas piscinas, campos de ténis e campos de golfe.
É disto que me vou lembrar quando pensar no Cabedelo de há 60 anos: da destruição do património natural comum para benefício de uns quantos.

1 comentário:

Joaquim Moreira disse...

...e prejuízo de muitos. (completei a frase e ponto final).
A propósito do Paço de Maiorca, o DC da edição de Domingo, tem um artigo semanal de opinião - "Recados do Património"- interessantíssimo sob o título "O "Defunto" Paço de Maiorca", da autoria de Correia Góis.

JM