Na
qualidade de mandatário “acidental”, não tenho para apresentar na minha bagagem
pessoal nenhum passado construído sobre grandes feitos académicos,
profissionais ou políticos. Sou um figueirense normal. Por isso mesmo, sinto-me muito honrado e surpreendido pelo convite que me foi feito pela Silvina Queiroz, em nome da CDU, para ser Mandatário da Candidatura autárquica da CDU à Figueira, em 2021.
Vou repetir aqui o que disse à Silvina Queiroz, já vão decorridas largas semanas: confessar que este convite me pareceu um tanto exagerado, pois existem pessoas na Figueira com muitos e melhores atributos do que eu.
Vindo da CDU, teria bastado uma simples solicitação para pertencer a uma lista de apoiantes. Certamente que ficaria bem acompanhado por figueirenses que se revêm nesta candidatura. Acompanhado por aqueles que, como eu, já não suportam o estado a que o concelho chegou. Acompanhado por aqueles que, como eu, não estão dispostos a cruzar os braços, enquanto os cargos públicos autárquicos na nossa cidade e no nosso concelho são ocupados por gente sem as qualificações políticas mínimas para poderem ser considerados servidores públicos. Acompanhado por todos aqueles que, a não ser lançada esta candidatura, muito dificilmente poderiam vir a ser mobilizados, sequer, para o voto, tal o desolador panorama político, económico e social do concelho.
Perante tão triste e desolador cenário, era fundamental que aparecesse uma candidatura “Diferente e de Esquerda”!
Uma candidatura e um candidato para quem a “esquerda” não é um disfarce, para quem o passado colectivo e pessoal é um justificado orgulho; para quem as lutas e reivindicações dos trabalhadores não são um estorvo; para quem as mulheres, os jovens, os desempregados, os velhos e as crianças, não são estatísticas, mas sim pessoas de carne e osso; para quem a saúde não é uma oportunidade de negócio; para quem a escola e a educação não são truques de ilusionismo. Finalmente, para quem a cultura e a arte são uma coisa nossa, um direito, uma "ferramenta carregada de futuro” e não “um luxo cultural" de que os que cínica e hipocritamente se querem fazer passar por neutrais, lavando as mãos, se servem da cultura e da arte quando as circunstâncias lho permitem.
A Candidatura aqui está! Apoiada na vontade e determinação de um colectivo, que pretende dar rosto e voz a todos os que, mesmo não estando ligados a qualquer partido, como é o meu caso, ou que estando, não se identificam com o rumo seguido pelos partidos “do chamado arco do poder” e do autêntico rotativismo e alternância, sem alternativa, que têm liderado os destinos do concelho nos anos que se seguiram à implantação da democracia.
Esta é a candidatura dos que não se identificam com aqueles que todos dias procuram cerrar mais uma das “Portas que Abril abriu”. Esta é candidatura daqueles que acham que está é a altura certa e soberana, não para jogos de poder e calculismo político, mas para darem um sinal claro daquilo que querem para a sua vida e para a Figueira.
Esta é a candidatura verdadeiramente independente das políticas que têm vindo há décadas a arruinar o nosso concelho. Esta é uma candidatura verdadeiramente empenhada e capaz de contribuir para combater o rumo de declínio do concelho da Figueira da Foz.
Há momentos, em que a exigência é a ruptura que nos conduza à mudança, sem ambiguidades, jogos de bastidores, nem cartas escondidas na manga.
Na minha vida, que já leva 67 anos, orgulho-me daquilo que fiz. Diga-se, porém, em abono da verdade, não foram capazes de mudar a Figueira e muito menos o mundo. Mas, se há alguém capaz de melhorar alguma coisa na Figueira, é a CDU.
A responsabilidade, em 26 de Setembro próximo, pertence aos eleitores.
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