“...
o candidato socialista a presidente da Comissão Europeia, Schulz foi livreiro e editor. Quando esteve em Lisboa fez questão de
visitar as livrarias da baixa e durante 12 anos teve e dirigiu uma
livraria em Wurselen.
Não
fez vida académica nem passou por conselhos de administração de
grandes empresas, tampouco por cargos governamentais. Começou na
política como autarca e foi presidente da câmara da sua cidade,
antes de ser parlamentar europeu.
Insiste
em duas ideias fundamentais: combater a má repartição da riqueza e
pôr as multinacionais a pagar impostos nos locais onde geram os
lucros. Depois de Durão Barroso dificilmente virá pior, mas é uma
esperança, para
já, perceber que existe uma diferença muito grande no discurso
político, e não só, de um e outro.”
António
Tavares, vereador socialista, hoje, no jornal AS BEIRAS.
Em
tempo.
Os
dois candidatos mais fortes à sucessão de Durão Barroso que vão sair das eleições de 25 de Maio próximo, deverão ser o conservador
Jean Claude Juncker e o socialista alemão Martin Schulz.Os dois já participaram em vários debates e, ao contrário do que opina o vereador e militante socialista António Tavares, há poucas diferenças entre ambos.
Recentemente,
Juncker e Schulz estiveram frente-a-frente num debate organizado por
uma televisão francesa e ficou patente que ambos consideram que a
mutualização da dívida ao nível europeu é um assunto que não
estará no horizonte da Zona Euro nos próximos anos. O que não
surpreende, tendo em conta que Juncker participou em todas as
discussões e decisões europeias dos últimos 20 anos na qualidade
de Primeiro-ministro do seu país; e que Schulz é de um partido que
agora integra a coligação que governa a Alemanha, de braço dado
com Angela Merkel.
Mas
os dois coincidem na identificação do que deve ser a
prioridade política europeia: o crescimento económico e o combate
ao desemprego. A distinção, porém, é sobretudo retórica, com Juncker a
defender que se não fosse a acção da União Europeia os efeitos da
crise teriam sido muito mais violentos, enquanto Schulz culpa os
Governos da União pelos actuais 26 milhões de desempregados.
Para
o diminuir, o socialista alemão e ainda presidente do Parlamento
Europeu defende o desenvolvimento e reforço da chamada Garantia
Jovem, um instrumento copiado do modelo germânico que prevê a
concessão de um estágio, formação ou emprego a um jovem num prazo
de apenas quatro meses.
Schulz
culpa a direita europeia por ter sido “generosa a salvar os bancos
com o dinheiro dos contribuintes” e reclama para o Parlamento os
louros pela criação da união bancária, que deverá reforçar a
vigilância e evitar a repetição de uma nova crise.
Martin
Schulz quer igualmente acabar com os paraísos fiscais na União e
combater a evasão fiscal e garante que, se for presidente da
Comissão, obrigará as grandes empresas a pagar impostos no país em
que efectuam os lucros e não onde a carga fiscal é mais favorável.
Identifica
as PMEs como o motor do crescimento europeu e defende genericamente a
melhoria das condições de acesso ao crédito. Quer igualmente que
seja criado um salário mínimo em cada país, apesar de esta não
ser uma competência da União.
O
discurso de Martin Schulz, o amigo alemão do PS, é normalmente adaptado ao público a que se destina. Quando
esteve em Portugal o candidato alemão não se esqueceu de criticar a
“troika” e de defender um maior controlo democrático na sua
actuação.
Numa coisa, porém, concordo com António Tavares: "depois de Durão Barroso dificilmente virá pior".
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