Martin Luther King foi assassinado em Memphis, em 4 de Abril de 1968.
Um mês depois, em 4 de Maio, devia ter tido lugar, no salão de uma igreja de Lisboa, uma sessão em sua homenagem. Estava planeada a projecção do filme «Marcha em Washington», seguida de um debate orientado, entre outros, por Luís Lindley Cintra e José Carlos Megre.
Na véspera, a PIDE proibiu a sessão. Mas à hora marcada concentraram-se centenas de pessoas em frente da igreja de portas fechadas. Como em muitas outras ocasiões, tudo acabou com dispersão, à força, desta vez por agentes da polícia à paisana.
Via Entre as brumas da memória
António Agostinho, o autor deste blogue, em Abril de 1974 tinha 20 anos. Em Portugal havia guerra nas colónias, fome, bairros de lata, analfabetismo, pessoas descalças nas ruas, censura prévia na imprensa, nos livros, no teatro, no cinema, na música, presos políticos, tribunais plenários, direito de voto limitado. Havia medo. O ambiente na Cova e a Gala era bisonho, cinzento, deprimido e triste. Quase todas as mulheres vestiam de preto. O preto era a cor das suas vidas. Ilustração: Pedro Cruz
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