António Agostinho, o autor deste blogue, em Abril de 1974 tinha 20 anos. Em Portugal havia guerra nas colónias, fome, bairros de lata, analfabetismo, pessoas descalças nas ruas, censura prévia na imprensa, nos livros, no teatro, no cinema, na música, presos políticos, tribunais plenários, direito de voto limitado. Havia medo. O ambiente na Cova e a Gala era bisonho, cinzento, deprimido e triste. Quase todas as mulheres vestiam de preto. O preto era a cor das suas vidas. Ilustração: Pedro Cruz
sábado, 27 de maio de 2006
Ficção
Fé ...
“Ao colo da mãe, uma criança de meses quase sufoca, tanto é o calor que sobre ambas derrama o sol a pino.
A mulher arrasta-se penosamente.
Os pés e as pernas estão envoltos em trapos brancos, que a poeira da estrada escureceu.
Prometera – diz ela – se o filho se salvasse, levá-lo a Fátima numa romagem a pé.
À passagem na Gala, já com 2 dias e 2 noites de jornada, tinham cumprido um terço da promessa.
Ainda não há notícia se a criança sobreviveu.”
Qualquer semelhança, entre esta estória e a selecção sub-21, que joga amanhã contra a Alemanha, é pura coincidência.
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3 comentários:
só nos resta mesmo a fé...
o que a fez faz !
belo texto
o árbitro foi amigo do Cristiano Ronaldo...
Também com este nome qualquer árbitro teria medo...
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