Em Portugal, "a Maçonaria sempre foi e é transversal à sociedade e à classe política. Comunistas, católicos, republicanos e anarquistas participaram na Maçonaria, na preparação da Revolução de 5 de Outubro, durante a agitada 1.ª República e em várias fases da resistência ao Estado Novo."
"Quando as lojas eram o "chapéu-de-chuva" das oposições", é um trabalho de Nuno Ribeiro publicado no jornal Público em 15 de Janeiro de 2012, que fui recuperar e ler a propósito das Comemorações do 24 de Agosto na Figueira da Foz.
"Quando as lojas eram o "chapéu-de-chuva" das oposições", é um trabalho de Nuno Ribeiro publicado no jornal Público em 15 de Janeiro de 2012, que fui recuperar e ler a propósito das Comemorações do 24 de Agosto na Figueira da Foz.
Realço esta parte, por referir uma pessoa que teve grande influência na minha formação.
Há pessoas que nos estimulam. São as pessoas que nunca se renderam ao percurso da manada. Joaquim Namorado foi um desses raros Homens e Mulheres que conheci. Joaquim Namorado, foi um Cidadão que teve uma vida íntegra, de sacrifício e de luta, sempre dedicada à total defesa dos interesses do Povo.
Neste video, que considero um documento raro, pode ouvir-se o discurso de agradeciemnto de Joaquim Namorado, na cerimónia que decorreu em sua homenagem no Casino da Figueira na noite de 28 de Janeiro de 1983.
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«Uma transversalidade e uma peculiar porosidade que, nalguns casos, chegou a extremos. Como o envolvimento de comunistas nas lojas.
"José Carlos Rates, secretário-geral do PCP entre 1923 e 24, Sobral de Campos, um dos fundadores do PC, e Cansada Gonçalves foram maçons". A estes nomes, João Madeira, investigador do Instituto de História Contemporânea com um recente doutoramento sobre a história do PCP, junta outros. "Apesar de haver uma directiva da Internacional Comunista, na sequência do seu IV Congresso de Novembro e Dezembro de 1922, que proibia a dupla filiação, em Portugal essa situação ocorreu", anota Madeira.
O que ocorreu, nos anos 20 e 30 do século passado, não se deveu a uma heresia aos princípios. Não foi uma mera rebeldia. A conjuntura foi decisiva. "Nos anos 30, há uma geração mais nova, oriunda do republicanismo radical, que pela situação política interna e externa se radicaliza e acaba por desaguar no PC", explica João Madeira. Este lastro político e ideológico muito forte foi sobrevivendo "porque os comunistas portugueses demoraram muito tempo a bolchevizar-se". Esta nova geração de opositores políticos, oriunda das famílias republicanas tradicionais e filhos da burguesia liberal, dedicava um olhar crítico à recente experiência histórica republicana. "Eles queriam conferir à República um conteúdo social que esta nunca tivera, e no período entre guerras vão aproximando-se do PC", observa.
Uma aproximação forçada pelos acontecimentos. O advento dos fascismos na Europa levou a Internacional Comunista a enveredar pela política de frente popular. Neste frentismo encontram-se pessoas de várias ideologias. É o caso dos reunidos na Acção Anticlerical e Antifascista (AAA), conhecida por três A, uma organização paramaçónica, cujos dirigentes pertenciam a várias lojas. Aí se encontram jovens, muitos dos quais estiveram na génese do movimento neo-realista em Portugal. João Madeira refere o nome de Mário Dionísio que, no jornal Liberdade, tinha como companheiro de redacção Álvaro Cunhal. Defendiam "republicanizar a República e humanizar o Humanismo".
Houve outros casos também reveladores. Na loja Revoltar ao Vale de Almada estavam João da Palma Carlos, Alexandre Babo e Orlando Juncal. Em Coimbra, era preponderante o Centro Escolar Republicano que tinha por detrás a loja maçónica A Revolta, na qual participavam Joaquim Namorado e Ivo Cortesão.»
Este interessante texto de Nuno Ribeiro pode ser lido na íntegra, clicando aqui.
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