terça-feira, 8 de agosto de 2023

Tributar os ricos para salvar o planeta

Owen Gaffney, líder de projeto da Earth4All.
Para ler o texto na íntegra, clicar aqui.

"A desigualdade disparou nos últimos anos. Durante a pandemia, enquanto mais de 160 milhões de pessoas foram empurradas para a pobreza, as dez pessoas mais ricas do mundo duplicaram as suas fortunas. Atualmente, os 10% mais ricos da população mundial acumulam 52% do rendimento global e detêm 77% da riqueza global, enquanto os 50% mais pobres reivindicam apenas 8% e 2%, respetivamente. 

O fosso continua a aumentar. Milhares de milhões de pessoas estão a sofrer com o aumento do custo de vida e salários estagnados e, com a recessão que paira no ar, as perspetivas de se alcançar uma maior prosperidade parecem desoladoras. O mundo nunca foi tão rico, mas a maioria das pessoas sofre de insegurança económica crónica. Esta é uma receita para criar sociedades profundamente polarizadas e disfuncionais, decadência democrática e um mundo perigosamente instável. 
Crucialmente, quaisquer receitas adicionais geradas por riqueza progressiva e impostos sobre o rendimento têm de ser usadas para proteger os grupos mais vulneráveis, apoiar aqueles que são deslocados pela transformação verde, promover a igualdade de género e reformar os sistemas energéticos e alimentares. 

A concentração de riqueza leva à concentração de poder, com as pessoas mais ricas a desfrutarem de uma influência desproporcional nas eleições e políticas públicas. Isto prejudica a confiança na democracia, tornando mais difícil para os governos tomarem decisões a longo prazo que sirvam o bem comum. 

Os países mais igualitários tendem a ter níveis mais altos de confiança nos governos, além de melhores resultados em matéria de Educação, Saúde e longevidade, obesidade, mortalidade infantil, criminalidade e ambiente. 

Ao aliviar as tensões sociais e melhorar o bem-estar, o progresso na desigualdade tornaria as democracias mais estáveis e resilientes, permitindo-lhes responder a choques de forma mais eficaz e tomar decisões racionais a longo prazo para o bem comum, principalmente no que diz respeito às alterações climáticas. Mas, como o PIAC deixou claro, o tempo está a esgotar-se." 

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