"O antigo Quartel dos Bombeiros era um dos sítios mágicos da minha infância. O meu avô paterno era um dos mais experientes bombeiros da corporação. Quando a sirene tocava, largava tudo e lá ia ele a correr para a motorizada para acudir a alguma desgraça que se estava a passar algures concelho.
Mas o que eu gostava mesmo era de ir visitar o meu avô ao quartel. Aquelas formidáveis máquinas vermelhas, com os cromados a brilhar, as sirenes, os machados e as escadas articuladas, tinham um efeito explosivo nas crianças da minha idade. Não descansava enquanto não convencia o meu avô a entrar na cabine de um dos carros para 5 ou 10 minutos de operações de salvamento imaginárias onde acelerava a todo o gás (obviamente) dominando perfeitamente um volante maior do que eu e manobrava todas as manetes e os botões do painel como se fosse o Capitão Kirk a dirigir a Enterprise.
Apesar de ser um lugar de memórias pessoais fortes, parece-me boa a solução atualmente proposta que transformará o antigo quartel numa incubadora de artes visuais, tendo em vista que esta nova função irá trazer pessoas e novas vivências àquela zona da cidade, comportando um bom potencial para reforçar o tecido social do centro histórico da Figueira. Correndo o risco de me repetir neste espaço, os melhores projetos de reabilitação e reconversão de edifícios são os que também servem para criar novas e mais saudáveis dinâmicas nas comunidades onde estão inseridos.
Este projeto tem ainda potencial para ser melhorado se no desenho final for integrada e/ou relembrada a história local, em particular a secção de muro exposta durante recentes obras em que assentam as fundações do quartel e que conjuntamente com outras secções vizinhas do mesmo muro constituíam a cerca muralhada dos adros da igreja que poderão datar de um período compreendido entre os sec. XIV e XVI. São pedaços de história que poderão ajudar a desvendar os primórdios da Figueira, em particular toda a história que recua até ao hipotético ermitério do tempo do Abade Pedro."
Via Diário as Beiras
Mas o que eu gostava mesmo era de ir visitar o meu avô ao quartel. Aquelas formidáveis máquinas vermelhas, com os cromados a brilhar, as sirenes, os machados e as escadas articuladas, tinham um efeito explosivo nas crianças da minha idade. Não descansava enquanto não convencia o meu avô a entrar na cabine de um dos carros para 5 ou 10 minutos de operações de salvamento imaginárias onde acelerava a todo o gás (obviamente) dominando perfeitamente um volante maior do que eu e manobrava todas as manetes e os botões do painel como se fosse o Capitão Kirk a dirigir a Enterprise.
Apesar de ser um lugar de memórias pessoais fortes, parece-me boa a solução atualmente proposta que transformará o antigo quartel numa incubadora de artes visuais, tendo em vista que esta nova função irá trazer pessoas e novas vivências àquela zona da cidade, comportando um bom potencial para reforçar o tecido social do centro histórico da Figueira. Correndo o risco de me repetir neste espaço, os melhores projetos de reabilitação e reconversão de edifícios são os que também servem para criar novas e mais saudáveis dinâmicas nas comunidades onde estão inseridos.
Este projeto tem ainda potencial para ser melhorado se no desenho final for integrada e/ou relembrada a história local, em particular a secção de muro exposta durante recentes obras em que assentam as fundações do quartel e que conjuntamente com outras secções vizinhas do mesmo muro constituíam a cerca muralhada dos adros da igreja que poderão datar de um período compreendido entre os sec. XIV e XVI. São pedaços de história que poderão ajudar a desvendar os primórdios da Figueira, em particular toda a história que recua até ao hipotético ermitério do tempo do Abade Pedro."
Via Diário as Beiras
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