terça-feira, 28 de julho de 2020

"Momentos Monteiro"

Na Figueira, há  quem trabalhe muito. Nomeadamente, quem exerce funções na área da propaganda. Trabalha-se muitas horas por dia.  Escolher  os temas da propaganda, fazer contrapropaganda e desinformação bastante profissionalizada, dá trabalho. Muito trabalho mesmo...
Já governar, é uma tarefa residual. Estudar os assuntos, identificar e resolver os problemas prioritários, implementar um planeamento, fazer qualquer coisinha por um território que está numa crise profunda, seria outra conversa. Daria trabalho, muito trabalho. 
A "pandemia", que é tratada como uma desculpa útil, vai continuar a ter as costas largas.

Já toda a gente percebeu, que o poder na Figueira incorpora todos os dias na sua agenda um pretexto, que tem como objectivo ou a propaganda directa de si próprio,  ou uma resposta às críticas. Todos os dias, insisto, todos os dias, a narrativa da propaganda desenrola-se aos nossos olhos como se fosse uma notícia, quando é apenas um puro tempo de antena. Se estivéssemos num concelho em que a comunicação social se regesse por critérios jornalísticos, como não há qualquer conteúdo informativo, o presidente limitava-se a  falar para os peixes. Ou, então, as suas declarações seriam tratadas no âmbito do puro conflito político e seguidas de uma resposta nos mesmos termos noticiosos da oposição.

Mas cá pela santa terrinha, os "momentos Monteiro" são tratados como matéria informativa e noticiosa e passados com reverência. 
Para o actual executivo, já se percebeu há muito,  esta é a verdadeira "saída para a crise": aparecer, mesmo que a anunciar coisa nenhuma, a fazer coisa nenhuma, a não ser propaganda. Propaganda, que todos pagamos, via os nossos impostos.

Se, um dia, por curiosidade alguém fizer a reposição e análise destes "momentos Monteiro", vai dar-se conta que isto é apenas montagem. A cuidada preparação do local onde são permitidas as câmaras, o controlo absoluto do plano do cenário a filmar para que não haja ângulos incómodos ou perguntas impertinentes que estraguem o objectivo: a acção de propaganda. 
Ninguém questiona. Jornalistas formados numa escola de espectáculo e marketing, acham normal passar propaganda em vez de darem notícias.

Não vemos a realidade: as obras, o estádio municipal, a piscina praia,  planos apertados da praia da Figueira, do Bairo Novo, das casas da Esplanada Silva Guimarães, do "mamarracho" que está a ser construído nas muralhas do Forte de Santa Catarina, do barco do sal a navegar, do Edifício O Trabalho.  Não vemos quase nada, porque na Figueira quase nada há para ver. 
Os anúncios de boca de iniciativas e obra sucedem-se uns aos outros. Os prazos para a sua execução são sempre para «breve»
O barco para o Cabedelo continua em terra. Mas, isto, não é de agora: o aeródromo na zona industrial, tinha desenhos com avionetas e nunca nenhuma levantou de lá voo. A linha do oeste continua parada no tempo. À da Beira Alta aconteceu pior: arrancaram-lhe os carris.

Mas, voltando aos últimos quase 11 anos: espreme-se e sai quase nada...
Quando uma coisa não corre bem, é rapidamente relegada para o esquecimento para que apenas a memória das boas imagens perdure.
Poucas coisas revelam melhor esta ausência de governação do que estes "momentos Monteiro".
Daqui a um mês temos as férias aviadas. Os figueirenses que saíram de casa retornam tão cansados quanto partiram. Esta é a natureza das férias modernas, mas ainda vai demorar algum tempo até que as pessoas se apercebam que é assim.
Deixo-vos, via Município da Figueira da Foz, com um filme propaganda. Bem conseguido, tendo em conta o objectivo...

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