quarta-feira, 18 de dezembro de 2019

"... “isto é uma vergonha”, ao “cambada de corruptos” e ao “eles só querem é tacho”. A vida pode ser tão simples. Desculpem lá se eu a complico. É o Estado que nos oprime, põe-nos a trabalhar para si. E são os mercados que nos libertam."

Via Filipe Tourais
"Vamos lá ver se nos entendemos.
Ser contra o pagamento de impostos é muito bonito, mas sem impostos não há nem serviços públicos nem Estado social. O problema de impostos que mais este Orçamento comporta não está nos impostos e sim no destino que lhes é dado, o pagamento de uma dívida impagável e não o fortalecimento do Estado social e o salvamento dos serviços públicos que a última década de austeridade deixou uma lástima. Que sociedade queremos? Temos que ser coerentes e consequentes.
Ser contra o pagamento de impostos quando se pertence à metade da população isenta de IRS é ainda mais estúpido, sobretudo quando se adere à ideia de uma taxa de IRS igual para todos que põe a pagar IRS quem actualmente está isento por não auferir rendimentos suficientes para contribuir e põe quem aufere rendimentos mais elevados a pagar IRS de pobre. A seguir vem a privatização dos serviços públicos que a tal “justiça fiscal” dos impostos iguais para todos deixa de poder pagar, os hospitais e as escolas para pobrezinhos, mais baratinhos e de pior qualidade, e os hospitais e as escolas de melhor qualidade, apenas ao alcance das bolsas dos mais afortunados, aliviados do pagamento de IRS pela solidariedade “isto é uma vergonha” dos mais pobrezinhos.
Repito que o problema da carga fiscal de mais este orçamento não está nos impostos, haverá sempre impostos se quisermos viver numa sociedade com serviços públicos universais e de qualidade, e sim no destino que lhes é dado, o pagamento de uma dívida impagável e não a requalificação dos serviços públicos que dez anos de austeridade transformaram numa lástima onde falta de tudo.
Vocês, os que se atiram com tudo contra os impostos, por acaso não terão posto a obediência a Bruxelas e a permanência no euro a salvo da vossa raiva?"

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