terça-feira, 8 de janeiro de 2019

Não há nada mais comovente que a tristeza partilhável...



"... para a posteridade um grande momento de televisão da autoria de Daniel Oliveira. O efeito de dramatização foi conseguido numa mistura perfeita de ethos e logos onde o Daniel falou em nome das vítimas dos crimes do criminoso. Falou como um verdadeiro jornalista, daí o poder da sua intervenção. E que faz um verdadeiro jornalista? Usa a sua credibilidade para transmitir os factos e só os factos – sendo que também pertence ao domínio factual repudiar o que é ameaçador e abjecto e emocionar-se na defesa do que mais importa, assim tendo criado um pathos de natureza e alcance cívico. Pode-se carimbar como corajosa a sua intervenção, pois sim, mas para mim foi outra coisa congénere: foi bela.
Todavia, atribuo ao Luís Pedro Nunes o maior mérito no trio. É que o Pedro Marques Lopes esteve igual a si próprio, exemplar na muralha da cidade a combater em nome da decência e da liberdade. Não veio dele surpresa alguma. Veio foi do bronco, o qual provou que só é bronco quando quer. O Nunes apresentou um raciocínio que foi ao cerne da questão com precisão cirúrgica: o Machado é alguém completamente desqualificado para representar num espaço mediático generalista e sem enquadramento biográfico rigoroso qualquer ideia, donde tinha sido convidado exclusivamente pelo seu currículo criminoso. Tudo o resto que se dissesse sobre a questão, especialmente as manobras para confundir e perverter a discussão ao agitar a liberdade de expressão e ao atacar quem se tinha indignado, não passava da cumplicidade com a intenção de promover a figura ou o ganho de a ter utilizado comercialmente.
Impressiona nele a complexidade da análise por não ter comprometido a sua eficácia; pelo contrário, enriqueceu-a."


Via Aspirina B

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