"Em Portugal não se prepara as crianças para poderem apreciar, se quiserem, uma obra de arte seja ela qual for: um Moulin de La Galette, uma fuga de Bach, uma ópera de Verdi, um livro do James, uma peça do Williams, um poema do Eliot, um filme do Hitchcock ou do Oliveira, um mísero verso do Pessoa, etc., aquilo a que o Gombrich chama de "the eye of the the beholder". Não. Como constato, andando e cruzando-me com eles, os meninos e as meninas vão à bola com os pais (são dez e meia da noite o que não deixa margem aos papás e às mamãs para mais nada) e vêem de lá a agitar bandeirinhas de plástico da Meo, azulinhas de um lado e prontamente "nacionais" do outro. Bem se pode puxar que isto não dá mais."
Via João Gonçalves
Nota de rodapé.
Portugal é um dos países da União Europeia com as mais elevadas taxas de risco de pobreza, mantendo-se na cauda da Europa, mesmo depois da entrada dos novos Estados-Membros.
Afinal, não está tudo a piorar!
Mantemo-nos na cauda... Já não descemos!
António Agostinho, o autor deste blogue, em Abril de 1974 tinha 20 anos. Em Portugal havia guerra nas colónias, fome, bairros de lata, analfabetismo, pessoas descalças nas ruas, censura prévia na imprensa, nos livros, no teatro, no cinema, na música, presos políticos, tribunais plenários, direito de voto limitado. Havia medo. O ambiente na Cova e a Gala era bisonho, cinzento, deprimido e triste. Quase todas as mulheres vestiam de preto. O preto era a cor das suas vidas. Ilustração: Pedro Cruz
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