António Agostinho, o autor deste blogue, em Abril de 1974 tinha 20 anos. Em Portugal havia guerra nas colónias, fome, bairros de lata, analfabetismo, pessoas descalças nas ruas, censura prévia na imprensa, nos livros, no teatro, no cinema, na música, presos políticos, tribunais plenários, direito de voto limitado. Havia medo. O ambiente na Cova e a Gala era bisonho, cinzento, deprimido e triste. Quase todas as mulheres vestiam de preto. O preto era a cor das suas vidas. Ilustração: Pedro Cruz
quinta-feira, 26 de outubro de 2017
Álvaro, Oleiros
A aldeia de Álvaro estende-se lânguida e serpenteante ao longo do viso de uma encosta sobranceira ao Rio Zêzere, acomodada na albufeira do Cabril. Avistada do alto da magistral paisagem que a circunda, parecia uma alva muralha que guarda a passagem do rio. É uma das “aldeias brancas” da Rede das Aldeias do Xisto. Isto não significa que o material de construção predominante não seja o xisto. Apenas que a esmagadora maioria das fachadas dos edifícios está rebocada e pintada de branco, apresentando, aqui e ali, vãos de cores garridas.
Rica em património religioso, a aldeia foi outrora uma importante povoação para as ordens religiosas, nomeadamente a Ordem de Malta, que deixou inúmeros testemunhos da sua presença. A Igreja da Misericórdia exige uma visita, mas para conhecer bem esta Aldeia há que fazer o circuito das Capelas. Nelas encontrará manifestações importantíssimas de arte sacra, desde pinturas a artefactos singulares, como por exemplo uma imagem do Senhor dos Passos, um Sacrário Renascentista ou ainda um Cristo morto com as Santas Mulheres e S. João Evangelista.
Aos pés da aldeia, estende-se a refrescante albufeira da Barragem do Cabril e as suas infraestruturas fluviais, um lugar para ir a banhos ou simplesmente para se apreciar a paisagem ondulante de montes e serras que se alonga até à Estrela.
Ontem, estive lá e vi Álvaro, transformada numa "aldeia fantasma".
Contudo, apesar da destruição causada pelo fogo, dos momentos de terror e de pânico que viveram, dão "graças a Deus porque não morreu ninguém".
Mais fotos e videos: aqui, aqui, aqui
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário