Morreu ontem o realizador António de Macedo, revelado nos tempos do Cinema Novo com a sua adaptação de Domingo à Tarde de Fernando Namora mas que se tornou no correr dos anos no único cineasta português a trabalhar regularmente na área do cinema de género.
"É muito provável que o cinema português não o saiba, já que o votou ao esquecimento prematuro, mas com a morte de António de Macedo perdeu um dos seus mais talentosos, mais ousados, e mais originais cineastas."
Se o seu nome era hoje recordado maioritariamente pelos estudiosos e investigadores do cinema português, nem sempre foi assim. Fez parte da geração fundadora do Cinema Novo no início da década de 1960: a sua primeira longa, Domingo à Tarde (1965), produzida por António da Cunha Telles, foi um dos filmes-bandeira do movimento.
A Promessa, filmado em 1973, a que assisti à filmagem de agumas cenas, pois os exteriores foram em Palheiros da Tocha, Tocha, Figueira da Foz, Buarcos, Gala, Cova, baseado na peça homónima de Bernardo Santareno, esteve na competição principal de Cannes.
Mas, Macedo nunca foi um cineasta “consensual” nem unânime. Nojo aos Cães, rodado em 1970 com o Grupo Cénico da Faculdade de Direito, foi interditado de exibição comercial pelo regime, e mesmo depois do 25 de Abril os seus filmes ficarão eternamente ligados a polémicas mediáticas. O Princípio da Sabedoria (1975) nunca teve estreia comercial; As Horas de Maria (1979) teve a sua estreia condenada pela Igreja Católica e por segmentos mais conservadores que achavam o filme blasfemo – com direito até a violência à porta do cinema Nimas. E, em 1984, Os Abismos da Meia-Noite, a sua primeira longa abertamente fantástica, gerou sururu por Helena Isabel e Rui Mendes surgirem nus por breves instantes.
Além de cineasta, António de Macedo foi também escritor, tendo publicado recentemente "Lovesenda".
Um livro com contos seus, "O Terceiro Chega em Maio", será publicado ainda este ano pela editora Divergência.
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