Tenho estado a ver no programa da SIC/N, Expresso da Meia-Noite, um debate sobre o actual momento político.
A direita (João Almeida, pelo CDS/PP e António Leitão Amaro, pelo PSD) não entende o silêncio de António Costa e não suporta não conhecer o acordo que está a ser negociado entre o PS, o PCP e o Bloco de Esquerda.
A direita queria conhecê-lo para fazer o mesmo que fez durante a campanha eleitoral. Esconder o seu programa e discutir o do PS.
António Costa faz muito bem em estar calado. E o PCP também. Um acordo cuja finalidade é construir uma alternativa de governo não pode ser discutido na praça pública enquanto está a ser negociado. Bem sabemos que não é vulgar nem fácil controlar fugas de informação num País em que a informação política raramente provém de fontes identificadas.
Da parte do PCP não se estranha e merece elogio a reserva de Jerónimo de Sousa e da equipa que integra as negociações com o PS. Não é costume o PCP adoptar certas tácticas da informação política frequentes noutros partidos. Da parte do Bloco de Esquerda, um partido menos “disciplinado” que o PCP e com muito mais sensibilidades políticas no seu seio, também se percebe a diferente estratégia de Catarina Martins, em assegurar ao seu eleitorado que o Bloco se mantém fiel às suas promessas eleitorais.
O mais relevante em tudo isto - e daí o desespero dos representantes da direita que estão a debater com João Ferreira (pelo PCP) e Eduardo Cabrita (pelo PS) estarem em pulgas para saberem algo... - é António Costa e a sua equipa de negociadores resistirem às habituais fugas sobre o conteúdo das negociações apesar de tal ter trazido alguma inquietação e agitação dentro do PS.
O comportamento de Francisco Assis e dos seus seguidores, aí está para o provar.
António Costa e Jerónimo de Sousa, no momento e no local certos, vão este fim de semana, levar à discussão dos órgãos dos respectivos Partidos o resultado das negociações.
Costa e Jerónimo não brincam em serviço. A direita - incluindo Assis... - que tenha paciência, muita paciência mesmo...
António Agostinho, o autor deste blogue, em Abril de 1974 tinha 20 anos. Em Portugal havia guerra nas colónias, fome, bairros de lata, analfabetismo, pessoas descalças nas ruas, censura prévia na imprensa, nos livros, no teatro, no cinema, na música, presos políticos, tribunais plenários, direito de voto limitado. Havia medo. O ambiente na Cova e a Gala era bisonho, cinzento, deprimido e triste. Quase todas as mulheres vestiam de preto. O preto era a cor das suas vidas. Ilustração: Pedro Cruz
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