Aqui na Aldeia estamos a entrar em tempo de campanha eleitoral.
São estranhas, extraordinárias e intercalares, mas são eleições, embora as campanhas, na Aldeia, já não sejam o que foram.
No tempo das vacas gordas, as campanhas para as eleições autárquicas, aqui na Aldeia, eram muito mais divertidas e participadas.
Havia sempre quem disponibilizasse para a festa um porquito no espeto, umas sandes de carne assada, sumos, cerveja e vinho.
Nesse tempo, era um regalo ser candidato a autarca na Aldeia.
Nesta coisa de eleições locais, os meus conterrâneos queriam saber era do petisco e dos líquidos. Foram dias e dias de animação no parque de Merendas...
Assim se construíram e cimentaram na Aldeia óptimas carreiras políticas.
A Aldeia tinha os melhores fregueses do mundo: contentavam-se com pouco, não faziam exigências e eram generosos no dia das votações...
Nada disto teria importância se tivesse havido, ao menos, uma feira do livro...
Mas, para quê?..
Os livros só fazem mal às vistas...
Também poderia ter sido inaugurado um «Museu da Aldeia», sério, pedagógico, que servisse precisamente para se conhecer o passado e, isso sim, colocaria a terra no mapa e seria uma excelente maneira de festejar a Liberdade, que nos trouxe a freguesia de São Pedro em 1985.
Com música pimba, porco no espeto, sumos, cerveja e vinho, acabámos «promovidos» a isto...
António Agostinho, o autor deste blogue, em Abril de 1974 tinha 20 anos. Em Portugal havia guerra nas colónias, fome, bairros de lata, analfabetismo, pessoas descalças nas ruas, censura prévia na imprensa, nos livros, no teatro, no cinema, na música, presos políticos, tribunais plenários, direito de voto limitado. Havia medo. O ambiente na Cova e a Gala era bisonho, cinzento, deprimido e triste. Quase todas as mulheres vestiam de preto. O preto era a cor das suas vidas. Ilustração: Pedro Cruz
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