"No melhor período económico do Estado Novo, entre 1946 e 1973, emigraram dois milhões de pessoas, fugindo à miséria gerada por uma economia baseada em salários artificialmente baixos que concentrava a riqueza nas chamadas “quarenta
famílias”. A corrupção era omnipresente, com Salazar participando e/ou impedindo a sua investigação, perante inúmeras cartas de protesto de Marcelo Caetano e do Cardeal Cerejeira."
Rui Curado da Silva, investigador hoje no jornal AS BEIRAS.
António Agostinho, o autor deste blogue, em Abril de 1974 tinha 20 anos. Em Portugal havia guerra nas colónias, fome, bairros de lata, analfabetismo, pessoas descalças nas ruas, censura prévia na imprensa, nos livros, no teatro, no cinema, na música, presos políticos, tribunais plenários, direito de voto limitado. Havia medo. O ambiente na Cova e a Gala era bisonho, cinzento, deprimido e triste. Quase todas as mulheres vestiam de preto. O preto era a cor das suas vidas. Ilustração: Pedro Cruz
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