Apesar de ter dedicado toda a sua juventude e depois o resto
da vida a lutar pela liberdade, defendendo para o Portugal então esmagado pelo
fascismo, uma nova realidade, uma sociedade livre e plural assente num sistema
económico em que convivessem o público e o privado, uma sociedade socialmente
evoluída apostada na liberdade religiosa, na liberdade de pensamento, na
liberdade de costumes, na igualdade de direitos e no pluri-partidarismo como
prática política... há quem não consiga enxergar a dimensão da figura humana,
para além da divergência ideológica. Apesar, resumindo, de ter sacrificado a
sua liberdade pessoal como contribuição para a luta pela liberdade de todos,
estou certo de que não faltarão “comentadores” que não hesitarão em usar essa mesma liberdade
para aqui tentarem insultá-lo... o que não deixa de ser uma vergonhosa ironia.
Uma ironia que alguns, por não passarem de canalhas, não
admitem. Outros que, por puro preconceito, não querem ver. Outros ainda que,
apenas por ignorância ou estupidez... não entendem.
Aparte estes casos particulares, o sentimento geral é de
respeito pela dimensão humana, pelo valor artístico, pela importância política
e pela coerência de vida deste português.
Um punhado de homens e mulheres, escolhido muito
cuidadosamente ainda no tempo em que era um jovem-adulto, conheceu-o como
Duarte. Um número bem maior de amigos e outras pessoas interessadas, conheceu-o
igualmente e mais tarde, como Manuel Tiago. Para todos os restantes (onde eu me incluo), foi Álvaro Cunhal.
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