Inauguração da Exposição "Achados &
Caricaturas" de Fernando Campos
"Esta é a minha primeira exposição de caricaturas - que
assino como fernaocampos e publico desde 2008 no blog
ositiodosdesenhos.blogspot.pt - a que juntei umas quantas peças das que comecei
a construir em 2005, com objectos achados ao acaso.
As 50 caricaturas são retratos políticos sucintos,
sintéticos porém acabados, de alguns rostos da classe dirigente e de alguns
amigos. São impressões em papel trisolv Postart 130 grs. a partir de desenhos
originais que, embora digitais, foram concebidos com recurso a uma ferramenta
gráfica quase tão elementar com um simples pau de carvão. Tratam-se portanto de
múltiplos únicos, por isso mesmo referenciados 1/1 e autenticados com a minha
firma manuscrita.
Quanto aos Achados, são 7 composições com objects trouvés,
vagamente escultóricas porque tridimensionais. Foram construídas pela paciente
e sofisticada técnica da assamblage, com um desvelo lúdico o mais
politicamente-incorrecto possível, o non-sense suficiente e algum humor - umas
vezes negro, outras apenas bastante sardónico.
Além destas é com grato prazer, e supremo deleite, que
apresentarei, em exclusiva première mundial, dois quase-ready-made, cúmulo
artístico das minhas recentes elucubrações no domínio do pensamento mais
puramente conceptual, que são outros tantos “comentários à contemporaneidade”:
uma paráfrase da célebre “Fountain” de Marcel Duchamp (esse filósofo escarninho
e blagueur anti-arte, tido por muitos como o mais influente artista do século
XX) e uma homenagem, modesta ça va de soi, a uma das suas mais dilectas
herdeiras no século XXI: a mui capitosa e não menos iconoclástica porém
portuguesa Joana Vasconcelos.
Esta exposição não pretende ser exactamente “uma bofetada no
gosto do público” que aprecia merdas bonitas. Tampouco pretende agradar-lhe.
Não pretende aliás ser nada mais do que é, ou seja, uma amostra, uma
demonstração ilustrada de que a resignação do artista não significa tédio.
Fastio, ou abulia. Ou recusa de ser testemunha do seu tempo. Muito menos
renúncia ao puro gozo, o mais sério divertimento."
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