Portugal tem um problema: há excesso de portugueses.
Para atenuar tal vicissitude, este Governo tem dado bons conselhos e sugestões: ora estimula a emigração de estudantes, ora estimula a emigraçãos dos professores desempregados ou com dificuldade em empregar-se… E por aí adiante…
Desamparem a loja, emigrem, portanto…
Mas sobrou um problema - e grande: Portugal é um país de velhos que se arrastam pelas praças, pelas ruas, pelos jardins a apanhar uma réstea de sol - melancólicos, incómodos e inúteis.
Que fazer deles?...
Pois, com naturalidade, até esse problema está a ser resolvido: “pela terceira semana consecutiva Portugal regista um pico de mortalidade. Em apenas seis dias são mais de três mil mortes, a maioria dos casos com idosos.”
Mas, tenham calma, está tudo controlado por este governo: “o ministro da Saúde diz que as causas destas mortes estão a ser investigadas”!..
António Agostinho, o autor deste blogue, em Abril de 1974 tinha 20 anos. Em Portugal havia guerra nas colónias, fome, bairros de lata, analfabetismo, pessoas descalças nas ruas, censura prévia na imprensa, nos livros, no teatro, no cinema, na música, presos políticos, tribunais plenários, direito de voto limitado. Havia medo. O ambiente na Cova e a Gala era bisonho, cinzento, deprimido e triste. Quase todas as mulheres vestiam de preto. O preto era a cor das suas vidas. Ilustração: Pedro Cruz
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