Neste momento, os "altos representes do Estado" - católicos, agnósticos, ateus - acotovelam-se para receber Bento XVI, no início da visita do Papa a Portugal. Ninguém quer ficar fora da fotografia, para mais tarde recordar. Nada tenho a objectar ao gesto aberto, generoso e hospitaleiro dos representantes do Estado português neste acolhimento a um líder espiritual que é também Chefe do Estado do Vaticano, além de representante da principal confissão religiosa do País. Um verdadeiro Estado laico não é aquele que ignora ou desrespeita as religiões: é aquele que sabe dialogar, conviver e cooperar com todas elas. Mas, até por isto, é chocante o contraste da recepção agora dispensada ao Papa com a atitude envergonhada dos mesmos "altos representantes" quando aqui veio o Dalai Lama, que apenas alguns deles receberam, e sempre pela porta das traseiras. O líder espiritual tibetano, também venerado por milhões de pessoas, além de prestigiado Prémio Nobel da Paz, merecia o tratamento digno que o Estado português lamentavelmente lhe negou.
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