António Agostinho, o autor deste blogue, em Abril de 1974 tinha 20 anos. Em Portugal havia guerra nas colónias, fome, bairros de lata, analfabetismo, pessoas descalças nas ruas, censura prévia na imprensa, nos livros, no teatro, no cinema, na música, presos políticos, tribunais plenários, direito de voto limitado. Havia medo. O ambiente na Cova e a Gala era bisonho, cinzento, deprimido e triste. Quase todas as mulheres vestiam de preto. O preto era a cor das suas vidas. Ilustração: Pedro Cruz
domingo, 9 de maio de 2010
Quem me lixa, também me educa
A memória educa-nos. O que guardamos das nossas experiências e vivências, anos depois, se delas fizermos bom uso, serão úteis.
Quando alguém nos faz passar por uma experiência ou vivência que nos marca, a partir daí, essa pessoa passa a ser parte num processo que, em alguma medida, produziu uma alteração ao curso normal da nossa vida e à formação linear da nossa personalidade.
Daí em diante, continuamos a ser tudo o que fomos até aí, mais o que inscrevemos, como novidade, no nosso registo mental.
“Quem não se sente não é de boa gente”, diz-se aqui pela minha aldeia. Por isso, quando me fazem alguma que me marca mesmo, não consigo retomar as coisas (e a convivência) no ponto imediatamente anterior.
Quem me lixa, também me educa.
Aproveito para agradecer os conhecimentos adquiridos por esta via.
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