António Agostinho, o autor deste blogue, em Abril de 1974 tinha 20 anos. Em Portugal havia guerra nas colónias, fome, bairros de lata, analfabetismo, pessoas descalças nas ruas, censura prévia na imprensa, nos livros, no teatro, no cinema, na música, presos políticos, tribunais plenários, direito de voto limitado. Havia medo. O ambiente na Cova e a Gala era bisonho, cinzento, deprimido e triste. Quase todas as mulheres vestiam de preto. O preto era a cor das suas vidas. Ilustração: Pedro Cruz
5 comentários:
Até rima. Não há dúvida que o dr. Agostinho é um poeta.
Vai lá tu mandar um mergulho e fica por lá.
Porque aqui não fazes falta nenhuma.
Fui tentar mergulhar...
Mas logo no primeiro dia
para xatiar
estava bandeira vermelha!...
Que azar para uma velha!...
Ainda que não tentaste mergulhar Mantorras ou Martinha Lacerda senão ainda tinhas lá ficado.
Bilhete à Época Balnear:
Não posso ir ao mar este ano, estou para aqui de ceroulas, enroupado, a cirandar termómetros,
a sorver caldinho branco de galinácea gordura...
Ontem ainda vi o mar, mas nem sabia de tão estranha abertura...dantes só havia o mar, não eram precisas portas nem chaves,
dizes tu que te esventraram ...com bandeira vermelha...
farrapo fantasma
içado a dono do mar...
Mergulho entre papéis e páginas onde descubro um mar aberto todos os dias, de muitos anos.
Fecho a época este ano, lá para meados de Outubro, talvez soalheiro,
quem sabe,
de barbatanas azuis
e chapéu de marinheiro,
entre sardinhas de escabeche, entaladas em pão escuro de centeio,
catando conchas na rebentação para fazer sonhos em cartão...
Enviar um comentário