António Agostinho, o autor deste blogue, em Abril de 1974 tinha 20 anos. Em Portugal havia guerra nas colónias, fome, bairros de lata, analfabetismo, pessoas descalças nas ruas, censura prévia na imprensa, nos livros, no teatro, no cinema, na música, presos políticos, tribunais plenários, direito de voto limitado. Havia medo. O ambiente na Cova e a Gala era bisonho, cinzento, deprimido e triste. Quase todas as mulheres vestiam de preto. O preto era a cor das suas vidas. Ilustração: Pedro Cruz
terça-feira, 5 de junho de 2007
Afinal para que serve uma maioria absoluta?
RECORDEMOS OS RESULTADOS PARA A CÂMARA MUNICIPAL DA FIGUEIRA DA FOZ NAS ELEIÇÕES AUTÁRQUICAS DE 2005.
PRESIDENTE DA CÂMARA:
PPD/PSD - António Batista Duarte da Silva com MAIORIA ABSOLUTA.
(PPD/PSD - 15428 votos, 47,93%, 5 mandatos
PS - 10666 votos, 33,14%, 4 mandatos).
Face ao que se está a passar neste momento, para que serviu esta votação?
Segundo o "Diário de Coimbra, " na última reunião camarária uma proposta da oposição minoritária, foi aprovada por 5 votos favoráveis (PS e Pereira Coelho) e 3 contra (Lídio Lopes, Teresa Machado e Duarte Silva. José Elísio esteve ausente da sessão).
Declarações:
Duarte Silva – “é legal», mas é «demonstração pública de falta de confiança no presidente da câmara”.
Vítor Sarmento - “a câmara e mais concretamente o presidente, não tem sabido encontrar as melhores soluções”.
António Tavares – “é um procedimento normal em democracia», que pretende “dar maior operacionalidade a algumas matérias em que a câmara demonstrou ser pouco operacional e passar a colocar em cima da mesa muitos do assuntos que estavam subtraídos à competência da câmara”.
Paz Cardoso – “não está em causa a confiança no senhor, mas “antes podermos colaborar para melhores soluções, mais eficácia, maior rapidez”.
Pereira Coelho - “no final da votação, o autarca do PSD justificou o seu voto contra, recordando a Duarte Silva as palavras que utilizou quando lhe retirou os pelouros, “a quebra de confiança política”. Faço minhas as suas palavras, a falta de confiança é a mesma que passou a existir desde aquele dia. Há uma estrondosa falta de organização e de capacidade de gestão de que resultam prejuízos enormíssimos para a câmara”.
Lídio Lopes(em seu nome e no de Teresa Machado, garantindo que também «em nome de José Elísio», que ficou de aparecer mais tarde, mas até ao final da sessão não compareceu)- estamos contra a proposta do PS, por ser “uma questão eminentemente política, pelo alcance, pelas motivações e pelo enquadramento político”. “É desacreditação do presidente, desconfiança para exercer o interesse público e não aceitamos, porque confiamos no presidente”.
E agora?
Depois do tremor de terra autárquico, em Lisboa, parece que os sábios, na Figueira, não estão a encontrar meio mais eficaz para prevenir a ruína autárquica total, do que oferecer ao povo um belo auto-de-fé: o espectáculo de um presidente a ser queimado em fogo lento.
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1 comentário:
A maioria absoluta conquistada nas urnas desvaneceu-se, por ressabiamentos pessoais, (quebra de confiança política, usando palavaras do jargão político!), dado que ineptos são todos! Ora pense-se: qual a melhor fórmula de assegurar a operacionalidade da sociedade, quando foi posta em causa a representatividade alcançada nas últimas eleições? Novas eleições! O caminho mais democrático para o fazer. A democracia, nestes casos, só permite uma situação: eleições! Esperemos que o golpe palaciano não se mantenha e o Presidente assuma a ombridade de se demitir. Sendo a única fórmula de acabar com toda esta patetice do "cá vamos indo, cantando e rindo"! Já agora a retirada, estratégica, de um vereador do PSD, da reunião, também foi combinada? Em que restaurante? Pergunto por perguntar! Onde se teria escondido o Miguel de Vasconcelos? No armário?
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