António Agostinho, o autor deste blogue, em Abril de 1974 tinha 20 anos. Em Portugal havia guerra nas colónias, fome, bairros de lata, analfabetismo, pessoas descalças nas ruas, censura prévia na imprensa, nos livros, no teatro, no cinema, na música, presos políticos, tribunais plenários, direito de voto limitado. Havia medo. O ambiente na Cova e a Gala era bisonho, cinzento, deprimido e triste. Quase todas as mulheres vestiam de preto. O preto era a cor das suas vidas. Ilustração: Pedro Cruz
sexta-feira, 26 de maio de 2006
Luandino Vieira, escritor singular e há muito “silencioso” ...
Por razões “pessoais e íntimas”, Luandino Vieira, nascido em Vila Nova de Ourém, perto de Fátima, mas angolano de adopção, recusou o mais importante prémio literário da língua portuguesa.
Ao dizer não ao Prémio Camões, o escritor deixou de receber 100 mil € (vinte mil contos em moeda antiga).
A decisão do escritor apanhou todos de surpresa, excepção feita ao escultor José Rodrigues, que o acolhe no seu Convento S. Paio, em Vila Nova de Cerveira.“Almocei com o Luandino numa tasquinha de Caminha e, durante o almoço, ele esteve irónico e fazia parábolas acerca do dinheiro do prémio”, disse o escultor.“Não sei as razões pelas quais Luandino recusou o galardão, mas ele vive como um franciscano”, referiu José Rodrigues, acrescentando que o escritor “se retirou fisicamente do mundo mas continua atento a tudo o que acontece. Apesar de se ter isolado, Luandino está atento a tudo”.Segundo o escultor, Luandino passa os seus dias a passear pelos montes, a falar com os passarinhos e os animais e a escrever cartas.“Luandino continua a escrever, muito à noite e até de madrugada. E não apenas cartas”, declarou José Rodrigues, numa alusão à obra ‘O Livro dos Rios’, primeiro volume da trilogia ‘De Rios Velhos e Guerrilheiros’, que Luandino Vieira lança em Novembro.
Luandino, tem 71 anos de idade e um percurso de vida intenso.
“Escritor lento”, escreveu 11 livros, o último dos quais Lourentinho, Dona Antónia de Sousa Neto & Eu, no decorrer da sua estadia de 8 anos no Tarrafal, de 1964 a 1972, por defender a independência de Angola.
Luandino Vieira é um escritor muito exigente consigo próprio, duma qualidade e criatividade narrativa, estética e linguistica altíssima, para quem a escrita exige tempo de laboração mental e um intenso trabalho sobre a linguagem..
Luanda, um livro que enriqueceu a língua portuguesa, dá disso testemunho.
Luandino Vieira, um autor que dá prazer ler.
Luandino Vieira, um escritor singular e há muito “silencioso”, mas não “morto”.
Luandino Vieira, o Homem que disse não ao mais importante prémio literário da língua portuguesa.
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8 comentários:
A obra de Luandino a que te referes chama-se "Luuanda" e não é a melhor obra do escritor, apesar de ser muito boa e ter ganho o prémio da SPE em 1965, cujo facto ditou o encerramento da Sociedade.
"Nós, os do Makulusu" será, quanto a mim, a melhor obra de Luandino, na minha modesta opinião,
Voltarei ao tema, agora não tenho tempo.
É cada vez mais raro uma pestura de seriedade como a deste escritor.
A seriedade e a não curvatura perante quem nos governa, é sempre de ralçar, num país cada vez mais propicio ao compradio e ao clientismo da esquerda á direita.
È de LOUVAR e respeitar toda a sua seriedade.
ZÉ TAMBORIL
A rejeição do prémio por parte de Luandino Vieira é, na verdade, uma atitude que tem de se respeitar, se atendermos ao que tem de ser atendido, isto é, toda a sua conduta durante toda a vida, um revolucionário, um homem que deu a sua vida pela libertação e liberdade de um povo, o seu, e que, no fim, o vê amarrado, e sem grandes saídas.
Para um homem puro, que sofreu nas cadeias do Estado Novo (Tarrafal, entre outras)as agruras de uma luta desigual, é muito natural o desencanto, prova maior da sua superioridade moral, o não querer receber o prémio.
Mas numa coisa Luandino terá de concordar comigo: só pelo nome do prémio, ficava-lhe bem recebê-lo.
Aceito e respeito a sua atitude, mas termino dizendo que é um escritor a quem o Prémio Nobel ficava muito bem,pois recriou excelentemente uma língua das mais importantes do planeta: a de Camões.
Ó Tamboril, não é pestura, é postura. E é realçar, não ralçar, e é à, não á.
Aprende a escrever e depois aparece, meu.
uma lição para certos homens!!!!
ainda há PESSOAS
Grande atitude
Ao sr.Jorge W Said, vou ter de lhe dizer uma coisa.
Não se chatei com os erros ortugráficos das pessoas que entram neste blog, porque elas não são inteligentes como a pessoa que escreve o Blog.
Neste blog escreve já tanta gente que é pena os seus proprietários, camafulados com os mais diversos nomes, EX: BAKUNINES,JORGES W SAID,ANÓNIMOS E.T.C.não quererem que se tenha uma opinião, mesmo que ela tenha o seu erro.
Mas quem manda pode e se essa é a forma mais fácil de mandar as pessoas embora, então que fiquem só os inteligentes, porque neste blog o que à mais é pessoas que não dão erros.
ZÉ TAMBORIL deixa blog para as pessoas inteligentes.
Ah, campeão!
Um abraço Zé Tamboril. e peço-te que continues, porque os teus bitaites me divertem.
Já agora, eu assino jorge w e não jorge w said.
Reparaste? Eu só quero é ter piada.
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