Esta floreira, tem um ano e a tinta já era!..
Pelos vistos, o previsto (a tinta) ficou no contrato (de empreitada de obra pública), eleita e escolhida pela capacidade técnica!
Se tivesse sido aplicado o previsto, o que estava no contrato, esta tinta estaria a descascar-se longe do mar salgado, longe das finas e douradas areias, junto das poças altivas, emergentes da destratada e mal-amada calçada à Portuguesa?..
Desavergonhada senhora, esta Senhora Tinta!
As ruas e aveniads da cidade são um manancial de surpresas. Cada olhar pode-nos revelar uma nova realidade, que permite um registo fotográfico, como neste caso, não atraente, mas interessante e sugestivo...
Só que é preciso olhar e reparar! E, na Figueira, se assim fosse feito, teríamos todo um mundo marginal, desconhecido e variado a desfilar diante dos nossos olhos.
Confesso que, por vezes, tenho um certo pudor em fotografar!..
Senhores "quens" de direito desculpem lá qualquer coisinha.
Prefiro, de vez em quando, beber o meu copinho e dizer umas merdas, do que andar encharcado em merdas, para conseguir engolir em seco e não dizer nada...
António Agostinho, o autor deste blogue, em Abril de 1974 tinha 20 anos. Em Portugal havia guerra nas colónias, fome, bairros de lata, analfabetismo, pessoas descalças nas ruas, censura prévia na imprensa, nos livros, no teatro, no cinema, na música, presos políticos, tribunais plenários, direito de voto limitado. Havia medo. O ambiente na Cova e a Gala era bisonho, cinzento, deprimido e triste. Quase todas as mulheres vestiam de preto. O preto era a cor das suas vidas. Ilustração: Pedro Cruz
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