"A perspicácia era dispensável, já que toda a gente percebe que não é. A questão está em saber se o programa da troika é realista. E a verdade é que, tal como o do Syriza, também não é. Ou alguém acha que uma taxa de desemprego em 26% (60% nos jovens) e uma economia mais pobre em 30% sem garantia de crescimento futuro é alguma plataforma económica e política tolerável? É este o problema dos sistemas políticos dos países devedores do euro: o programa político e económico "respeitável" e "centrista" é tão radical e inútil que os extremos tornam-se aceitáveis."
LUCIANO AMARAL, Professor universitário
António Agostinho, o autor deste blogue, em Abril de 1974 tinha 20 anos. Em Portugal havia guerra nas colónias, fome, bairros de lata, analfabetismo, pessoas descalças nas ruas, censura prévia na imprensa, nos livros, no teatro, no cinema, na música, presos políticos, tribunais plenários, direito de voto limitado. Havia medo. O ambiente na Cova e a Gala era bisonho, cinzento, deprimido e triste. Quase todas as mulheres vestiam de preto. O preto era a cor das suas vidas. Ilustração: Pedro Cruz
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