terça-feira, 18 de novembro de 2014

Verborragia

A propósito da presença do ministro Poiares Maduro, num encontro da federação de confrarias, fica a publicidade à excruciante crónica do vereador Tavares publicada no jornal AS BEIRAS, que aborda a venerável latria à boa mesa e passa pelo protocolo do venusto convívio!..
Entender é sempre limitado. Mas não entender pode não ter fronteiras.
Eu, que não passo de um simples de espírito, entendo que o bom, é ser inteligente e culto e não entender.
É uma benção estranha, assim como ter loucura sem ser doido, é um desinteresse manso, é uma doçura de burrice.
Acredito, porém, que de vez em quando, há-de vir a inquietação de querer entender um pouco. Não demais: mas, pelo menos, entender o que não se entende...
Não esqueçam, porém, nas Beiras, à terça-feira, a parada semanal de vaidade, onde tudo é programado, escrito e pensado, até o enquadramento, para dar uma imagem de naturalidade.
Pode não se gostar de algumas crónicas do também vereador PS. Pode, sobretudo, criticar-se o estilo, por vezes, demasiado pedante. Contudo, António Tavares é, sem dúvida, um escritor extraordinário.
Leiam.

Viver...

Cito Agustina Bessa-Luís: 
"Eu não me levo muito a sério. É a melhor maneira de viver. Aquele que se leva a sério está sempre numa situação de inferioridade perante a vida."                                                                          
Também nunca me me levei muito a sério. 
Se tivesse levado, penso que a minha vida deixaria de ter metade da piada que para mim tem tido, pois tinha corrido o sério risco de serem os acontecimentos a tomarem conta de mim. 
E eu nunca gostei que tomassem conta de mim. Gosto de ser eu a fazê-lo, mesmo que nem sempre o tenha feito da melhor forma. 
Mas, isso, pode acontecer a todos... 
Passados anos, mesmo naquilo que não terá corrido pelo melhor, penso que poderia ter corrido ainda bem pior. 
Os percalços e as asneiras fazem parte da vida.

segunda-feira, 17 de novembro de 2014

Belmonte, para além da telenovela...

imagem sacada daqui
Considerada, a partir de finais do século XIX, um paraíso sobretudo para turistas espanhóis, a Figueira, da altura, tinha nas actividades ligadas ao mar a sua fonte de sustentação - além da actividade turística, tinha a pesca, a indústria conserveira e a exploração das salinas. 
No interior do concelho a agricultura de subsistência e a pecuária ajudavam a dimensionar o escasso orçamento familiar.
Aos poucos, a Figueira começou, graças às suas excelentes condições naturais e climáticas, a entrar no roteiro de viajantes e turistas. À nossa dimensão, começaram a surgir hotéis, pensões e o Casino, e a Figueira vai percebendo que o turismo é uma actividade com retorno económico.
Aqui, para nossa desgraça, tivemos, porventura o primeiro erro histórico: a Figueira deixou, desde muito cedo, que fosse o turismo a ditar o desenvolvimento e não o desenvolvimento do concelho e da região a potenciar a actividade turística.
A Figueira quis ser uma cidade da moda e foram-se copiando alguns dos piores exemplos em matéria de urbanismo e ordenamento do território.
Locais, como nos últimos anos a minha Aldeia, Murtinheira e Buarcos, para além da cidade, ficaram transformados em autênticas urbes sem qualidade e esteticamente reprováveis. Começa a surgir a venda de apartamentos, a construção civil torna-se na segunda ou terceira actividade da região.
Foi a partir da década de 80 do século passado que se cometeram os maiores atentados na sustentabilidade do meio ambiente na cidade e no concelho.
Em 1997, quando Santana Lopes chegou à Figueira, já o declínio da cidade era evidente.
Com custos terríveis para a Figueira, em termos de endividamento camarário, promoveu algumas iniciativas que, depois, os amigos da comunicação social nacional promoviam até à exaustão, o que marcou uma viragem na forma de encarar o turismo e acabou por dar uma imagem falsa – a de que Santana tinha vindo colocar de novo a Figueira na moda.
Foi o segundo erro histórico cometido na Figueira.
E chegámos até aqui: ao retorno ao turista português e a Belmonte...

A dignidade, no fundo, resume-se a isto: a elegância possível no fim de uma cena inglória...


Segundo o Correio da Manhã, “reuniões suspeitas tramaram o ministro Miguel Macedo. Foi com António Figueiredo a Espanha falar do caso longe da PJ; reuniu-se com chinês, agora preso, e pediu bilhetes da Champions para o mesmo.”
Já o jornal i escreve que “Miguel Macedo estava cercado pela suspeita judicial em torno dos seus amigos, conhecidos e tutelados: António Figueiredo, o presidente do Instituto de Registos e Notariado, detido na quinta-feira como um dos principais suspeitos da investigação, era seu amigo e homem da sua confiança política - ao ponto de o ter convidado para seu secretário de Estado quando Filipe Lobo d'Ávila saiu do governo. O convite foi recusado.
Se se juntar a tutela do SIS - cujo director foi fotografado em acção de vigilância da PJ junto do escritório de António Figueiredo - a situação de Macedo era explosiva. E o ex-ministro também conhecia José Luciano - antigo número dois do SIS que agora, a partir de Macau, trabalha para o governo chinês, e tinha sido sócio de Figueiredo num escritório de advogados. José Luciano era padrinho de casamento de Ana Figueiredo, filha de António Figueiredo que era sócia, com o marido, da Golden Vista, empresa que está na origem do escândalo dos vistos gold. Era demasiado para um homem só, mesmo num governo onde o primeiro-ministro, por costume, não aceita demissões.”
Pelos vistos, para os lados do Governo, finou-se a réstia de dignidade que ainda por lá existia...

A propósito das reuniões à porta fechada na Câmara da Figueira... (III)

Em tempo.
Eu não previ, em devido tempo, que a “coisa” ainda daria muito que falar e escrever?.. 

Isto é grave, muito grave mesmo, mas, mas não surpreendente...

Quem tenha estado atento ao percurso político recente de Ferro Rodrigues, fica a conhecer muito acerca da natureza humana e do desplante, desfaçatez e cinismo que anda à solta na política em Portugal! 
Ferro Rodrigues em entrevista ao Público de ontem. 
"Nós não sabemos o que vai acontecer à esquerda «entre aspas» – digo sempre «entre aspas» porque não acho que haja forças mais à esquerda que o PS."
Em matéria de princípios estamos conversados... 
Como diz o povo, quem com ferro tenta matar com ferro vai morrer!

domingo, 16 de novembro de 2014

Uma lição para Passos Coelho

"Sem dispor de qualquer informação que não seja rigorosamente a que tem vindo a público, considero que Miguel Macedo tomou a decisão correcta. Por muito que seja completamente alheio aos factos em investigação, as suspeitas que existem sobre pessoas que lhe são próximas constituiriam sempre um factor de fragilização da sua posição como ministro. É bom registar que se recuperam padrões de conduta política que sobrepõem o interesse do país e a respeitabilidade das instituições ao interesses pessoais, às agendas de grupo e às solidariedades de percurso. Se de facto Miguel Macedo não tem qualquer responsabilidade no caso dos "Vistos Gold", acaba de dar uma lição de conduta politicamente responsável. Mas, ao contrário do que já vi dito, esta não se dirige a Nuno Crato, nem a Paula Teixeira da Cunha. A lição vai direitinha para Passos Coelho que não soube, em casos como o de Miguel Relvas, colocar a credibilidade das instituições acima dos seus vínculos pessoais."

Daqui

Num sector à beira do fundo, a promessa de Poiares Maduro!

Gastronomia portuguesa vai ter dia nacional, prometeu Poiares Maduro no encerramento do “Dia das Confrarias” que decorreu no Casino: «dentro de poucos dias», será apresentado na Assembleia da República o projecto de resolução para a criação do Dia Nacional da Gastronomia Portuguesa.
E que tal pensar em baixar o iva para a restauração?..

Espólio do dr. Joaquim Namorado está desde o final do passado mês de outubro no Museu do Neo- Realismo em Vila Franca de Xira

Depois de ter estado, desde janeiro de 1987, na Biblioteca Municipal da Figueira da Foz, o espólio do dr. Joaquim Namorado (cerca de 600 livros, entre obras de Joaquim Namorado e primeiras edições) rumou, em finais do passado mês de outubro, a um local onde vai ser tratado com a dignidade que merece: o Museu do Neo Realismo, em Vila Franca de Xira.
Neste espaço, no dia 6 de dezembro, vai ter lugar a inauguração de uma exposição sobre Joaquim Namorado. Além dos livros que viajaram da Figueira para Vila Franca de Xira, vão estar patentes dois quadros pintados pelo dr. Joaquim Namorado de que mostramos imagem abaixo.
Teresa Namorado, sua filha,  a comer um gelado
Um homem a andar de bicicleta. Este quadro, faz parte de uma trilogia.


Não sei bem de que é feita uma memória.
É comovente como os portugueses gostam sempre tanto das pessoas que morrem.
Quando morrem, claro.
Nesse instante e nas 48 horas que se seguem, amam-nas profundamente, admiram-nas incondicionalmente, choram-nas sentidamente e enumeram, com orgulho, as vezes em que respiraram o mesmo ar.
A morte de uns é, muitas vezes, a grande oportunidade para a vaidade de outros. A hipocrisia comove-me até às entranhas.
Se bem me lembro, a Câmara da Figueira, por unanimidade,  atribuiu, há mais de 3 décadas, a  uma praça da nossa cidade o nome de Joaquim Namorado. Tal, porém, continua por acontecer na realidade... Na Figueira, continua a não haver na toponímia local qualquer referência a Joaquim Namorado!
Joaquim Namorado, um resistente à ditadura de Salazar e um «homem são, frontal e generoso», para além de prolixo autor, continua a ser assim (mal) tratado por esta profunda tristeza democrática em que a Figueira vive...
Esta Figueira é tão injusta e tão vil...

Em tempo (daqui):
"Maria José Montperrin, já depois de Abril, veio a sua casa entrevistá-lo para o "Expresso", jornal famoso da nossa democracia da era atómica. 
Quando entrou na sala e foi mandada  sentar, mostrou estranheza pelo contraste entre os quadros, gravuras, pratos pintados e várias cerâmicas (Júlio Pomar, Resende, Mário Dionísio, Querubim Lapa, Cipriano Dourado, Rogério Ribeiro, Lima de Freitas, Vespeira...) e os sofás em napa, mas logo recebeu a explicação: 
- "Cá em é assim, provas de afectos de muitos e bons amigos, mas coiros só de visita".

BES e o «apuramento da verdade»

(...)
Excertos de um texto de Pedro Santos Guerreiro – "A missão parlamentar de inquérito" – publicado no 1º caderno do Expresso de 15/11/2014.
Via Entre as brumas da memória.

À noite no Mondego

foto Carlos Fidalgo

sábado, 15 de novembro de 2014

Até onde vai a falta de vergonha na cara?

Luís Marques Mendes - lembrei-me deste nojento, porque estou a vê-lo, neste momento, na Sic em directo de Moçambique - garante que nunca desempenhou funções de gerência, à semelhança de Miguel Macedo, na empresa de consultoria e gestão que conta entre os sócios Ana Luísa Figueiredo, filha do presidente do Instituto dos Registos e Notariados (IRN), António Figueiredo, detido na passada quinta-feira no âmbito da investigação desencadeada por suspeitas de crime na atribuição de vistos gold. 
Segundo o ex-presidente do PSD, a sociedade JMF Business, com sede em Lisboa, "na prática não tem actividade", admitindo contudo que "pode não ter sido formalmente extinta". "Eu e o Miguel Macedo nunca tivemos funções de gerência", afirmou ao Económico.
É preciso ter lata. 
A questão que um jornalista digno desse nome lhe faria - e não largaria o osso até obter uma resposta - seria: 
«Nesse caso, para que existe e serve a empresa?» 

Eles sabem ao que vão...

"Estrelas da advocacia defendem altos quadros do Estado suspeitos de corrupção nos vistos gold".
- Via jornal Público

O percurso das veredas da sabedoria que dão poder e estabilidade...

para ler melhor clicar na imagem

sexta-feira, 14 de novembro de 2014

Apagada e vil tristeza...

daqui

Esquisitos, nós?...

"O que interessa é o projecto, não a origem do dinheiro" 
 - Sérgio Monteiro, secretário de Estado das Infraestruturas, Transportes e Comunicações.

Em tempo.
1. "Já não recordo se quem teve ideia tão parola era Futre ou Portas. Que era Paulo tenho a certeza. Bom, pouco interessa. O que hoje importa recordar é o que dizia esse tal Paulo, que era abrir aqui a porta da loja aos chineses e os aviões charter fariam fila para aterrar na portela a abarrotar deles com os bolsos a rebentar de graveto, que investiriam em Portugal, que criariam emprego, que isto e que aquilo, que a ideia posta em prática seria a nossa galinha dos ovos de ouro. Não conheço ninguém nem ninguém que conheça alguém que alguma vez tenha visto a cor desse dinheiro. O mesmo para os empregos que se criariam, também nunca ninguém os viu. Há tempos saíram umas notícias sobre uns mafiosos, não nos bastavam os que já para aí andavam à solta, que aproveitaram a ideia desse Paulo para se instalarem, e às respectivas lavandarias de dinheiro sujo, neste cantinho do viveiro de corruptos em que se está a transformar a Europa. Já se sabe, estas notícias nascem e morrem e a culpa é toda nossa, vamo-nos habituando a que nada nunca tenha consequências para ninguém. O Paulo lá se aguentou, os vistos gold também. Não sabemos quantos mafiosos depois, o certo é que o tema hoje voltou às notícias, novamente com corrupção, branqueamento de capitais e peculato e desta vez com uma equipa de futebol completa de detidos, onze magníficos, quase todos eles homens e mulheres de confiança dos nossos ilustres governantes, escolhidos entre muitos para ocuparem alguns dos mais altos cargos na hierarquia da nossa Administração Pública pelos ministros da tutela respectiva  e também escolhidos pela prendada galinha para lhes pôr uns ovinhos no bolso." Via O país do Burro.

2. As farpas queirosianas, laçadas em 1871, continuam certeiras, o país continua a viver numa sonolência enfastiada.

A velhice do dr. Cavaco

Crónica de VASCO PULIDO VALENTE, no Público.

Hoje, é dia de exaltação...

Ontem, pela primeira vez – há sempre uma primeira vez – estive atento ao programa Quadratura do Círculo, na SICN.
Estive especialmente atento ao candidato a primeiro ministro e comentador António Costa, que esteve presente, como habitualmente, com Pacheco Pereira e Lobo Xavier.
António Costa disse algumas coisas. Nomeadamente, classificou as detenções, no âmbito da investigação aos vistos Gold, como graves e preocupantes. O candidato do PS a primeiro-ministro sublinhou, porém, “que embora possam vir a ser feitas alterações, é preciso não confundir a atribuição dos chamados vistos dourados com eventuais ilegalidades que tenham sido praticadas.” 
Não ouvi, porém, fazer promessas exequíveis e que não ficam mal a um político, que diz querer romper com o passado.
Por exemplo, algo como isto: "quando formos Governo, quando for primeiro-ministro, vamos acabar, vou acabar de imediato com a lavagem de dinheiro e a falta de transparência, como a compra de livre-trânsito europeu de honorabilidade que é a venda da nacionalidade através dos vistos dourados, com reflexos ridículos na criação de emprego"

Em tempo.
"Há uma crise dos portugueses consigo próprios. 
Têm vergonha de ser portugueses. 
A única coisa que os exalta é o futebol." - Gonçalo Ribeiro Telles