Segurem-se. Anti-Alexandre.
"Fernando Alexandre, Ministro da Educação, Ciência e Inovação, é o rosto da desvalorização da Ciência e Ensino Superior, que deixa de ter Ministério. Será o rosto da desvalorização da educação, da escola pública, podeis ter a certeza, se esta gente tiver alguma margem de manobra.
Membro do cortejo fúnebre da economia portuguesa, coautor de um estudo para a Associação Portuguesa de Seguros, onde defendeu a privatização da segurança social, é um dos dirigentes do menos liberdade, o stink-tank dos liberais até dizer chega, com financiamento milionário (na foto a direção). Alexandre está em todo o lado, os interesses estão em todo o lado, até na comissão técnica independente do aeroporto, vejam lá.
Polivalente, foi secretário de Estado Adjunto do ministro da Administração Interna no Governo de Passos Coelho, tendo saído em circunstâncias misteriosas. Menos Estado social, mais Estado penal, já se sabe.
O seu colega do menos liberdade, Pedro Santa Clara, terá um aliado de peso no topo do Ministério. Servirá para todas as engenharias de destruição da escola pública, em modo PPPs, como defendeu ontem. O recuo de 5 milhões de Moedas em Lisboa, será agora, aposto, avanço em todo o país. Haverá muitos mais milhões para estes neoliberais brincarem ao capitalismo educativo, incluindo a aposta na destruição da integridade que resta nas instituições de ciência.
Os sindicatos, os cientistas, os estudantes e não só têm de estar mesmo vigilantes desde o primeiro dia."
Continuem a segurar-se. Anti-Sarmento.
"Repesco um texto para recordar o viés anti-laboral de Joaquim Miranda Sarmento, o novo Ministro do Estado e das Finanças, e o seu desamor pelos factos básicos da economia sempre política.
Tendo 1999 como ano de referência, usando dados da Ameco, concretizando-se as previsões do Governo e, a partir delas, fazendo estes cálculos, no fim de 2024 a produtividade terá crescido 23,9% e os salários reais apenas 11,9%. A reversão desta injusta e economicamente perversa transferência de riqueza do trabalho para o capital está tão longe de acontecer que, no gráfico, acima, não se avista.
Repetindo-me, se os salários reais aumentam, ou não, na mesma proporção da produtividade, depende da forma como evolui o conflito distributivo, da força relativa objetiva dos seus atores e da sua determinação volitiva, das circunstâncias políticas e institucionais de cada momento histórico.
Com esta realidade socioeconómica em mãos, o PSD não se coibiu, contudo, de mais um eco patronal e, pela voz de Joaquim Miranda Sarmento, de se juntar ao indecoroso coro dos que, ignorando, descarada e demagogicamente, os factos apregoam que o “aumento dos salários depende da produtividade”.
Conversa típica de uma certa direita que dispensa factos porque possui abundante financiamento para produzir a sua própria ‘verdade’ e controlar as, mal, chamadas redes sociais, assegurando a sua massiva disseminação.
Como se sabe e se tem aqui recordado, o valor do PIB varia anualmente de acordo com as quantidades produzidas por trabalhador (produtividade) e com o seu preço (deflator do PIB/inflação).
Assim sendo, manter constante o peso dos salários no PIB implica que estes salários sejam atualizados também de acordo com aquelas duas variáveis, produtividade e inflação. Ou seja, a variações de PIB nominal por trabalhador devem corresponder iguais variações de retribuição nominal por trabalhador.
Em alternativa, com igual resultado, podem deflacionar-se simultaneamente PIB e salários, ou seja, expurgar estas variáveis do efeito da inflação, obtendo-se assim PIB real por trabalhador (produtividade) e remuneração real por trabalhador, variáveis que também têm de evoluir de modo igual para que o peso dos salários no PIB se mantenha.
Quando, no fim do século passado, o país renunciou à sua soberania monetária (e consequentemente, também à orçamental) e aceitou um, passe a repetição, quadro regulatório neoliberal e pós democrático que, de modo automático, quando não passivamente golpista, impõe um ajustamento regressivo, o peso da remuneração ajustada do trabalho no PIB situava-se em cerca de 60%.
A partir dali, acompanhando, é certo, um padrão que se generalizou nas economias capitalistas mais desenvolvidas, a parcela de riqueza produzida no país e usada para remunerar o trabalho diminuiu fortemente e alcançou o seu valor mais baixo deste século, 51%, em 2016. Em 2023, o governo assume, implicitamente, que esta variável se situa nos 53,4% e prevê 54% para o fim de 2024.
Nessa altura, no fim de 2024, estarão ainda por recuperar 6 dos 9 pontos percentuais que o peso das remunerações (ajustadas) do trabalho no PIB perdeu desde a transição de milénio.
Desmontar propaganda, questionar os termos da participação nacional na distopia que revelou ser a zona Euro, derrotar a direita e a extrema-direita, robustecer a esquerda à esquerda do PS. Nos próximos tempos, a meu ver, é disto que, essencialmente, vai depender uma evolução salarial justa no nosso país, uma evolução que garanta a justa repartição do rendimento entre trabalho e capital."
Sem comentários:
Enviar um comentário