Mas tudo isto, e o mais que da análise dos que ao pensamento iluminado se dedicaram, desde então e até hoje, nada foi trazido ao debate político na campanha para as legislativas de 2024. Como se a História universal e a do nosso país, que a 23 de maio perfará 845 anos da Manifestis Probatum, e, portanto, de evidente nação, fossem questões de somenos, assim como os cinquenta anos sobre o 25 de Abril e, já agora, os quinhentos anos do nascimento do grande, enorme Luís Vaz de Camões e do nosso notabilíssimo dramaturgo Gil Vicente, que até partilha a paternidade da dramaturgia espanhola com Juan del Ensina – os dois contemporâneos por 12 anos."
António Agostinho, o autor deste blogue, em Abril de 1974 tinha 20 anos. Em Portugal havia guerra nas colónias, fome, bairros de lata, analfabetismo, pessoas descalças nas ruas, censura prévia na imprensa, nos livros, no teatro, no cinema, na música, presos políticos, tribunais plenários, direito de voto limitado. Havia medo. O ambiente na Cova e a Gala era bisonho, cinzento, deprimido e triste. Quase todas as mulheres vestiam de preto. O preto era a cor das suas vidas. Ilustração: Pedro Cruz
quarta-feira, 13 de março de 2024
A Cultura é uma lupa para melhor observar o passado, o tempo presente, para decidirmos no advir
"Não será possível criarmos o futuro sem que no conhecimento de um povo exista sequer o vestígio de como aqui chegámos. Porque quando nos restringimos ao conhecimento só detido pelas elites regredimos para o estado das coisas que Montesquieu já denunciava e que Tocqueville identificou na análise da modernidade de Inglaterra que, desde o século XVII, acolhia já a colaboração interclassista, em que a aristocracia se abria ao talento e o dinheiro levava ao poder, simultaneamente trazendo já a igualdade fiscal, a Imprensa livre e o debate político!
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