domingo, 25 de outubro de 2020

Figueira: foi uma vez...

Figueira, um concelho a empobrecer.

Essa é que essa, como escreveria o Eça...

Não a empobrecer por causa da pandemia, que apenas agravou e tornou indisfarçável esse empobrecimento, mas de antes, de mais de 4 décadas sem rumo. 

Sem emprego para os jovens e a morrer de envelhecimento.

Fechou-se a maternidade, que vinha do tempo da «outra senhora». Ter filhos, na Figueira, ou na maternidade da A14, passou a constituir um misto de loucura e coragem. 

Figueira, que foi uma vez uma terra de liberdade. 

É claro, que não perdeu liberdade em termos formais. Neste concelho, em matéria de liberdade, sempre se  publicitou muito mais do que aquilo que se concretizou. 

Mas a perder liberdade de facto. Famílias com menos oportunidade de escolha na educação a dar aos seus filhos. Casais com menos rendimento e maiores encargos, com menos infraestruturas públicas que impostos, sem horários nem apoios, impossibilitados de terem filhos. Trabalhadores sem expectativas de promoção. Empresários sem incentivo para promoverem. Jovens qualificados, sem saídas profissionais.

Figueira, que foi uma vez, terra de esperança, que desistiu de si e do futuro. 

Figueira, um concelho que continua  agarrado à grandiloquência do passado. Mas, um concelho sem qualquer visão de futuro. Um concelho onde é sempre carnaval: demasiadamente ocupado em gastar no dia-a-dia o dinheiro que existe, sem querer investir solidamente num futuro sustentável e sem qualquer aposta na sua emancipação. 

Um concelho em que os jovens qualificados só “fora”  podem esperar oportunidades. 

Um concelho ao longo de décadas domesticado pelos partidos políticos, com avenças e lugarzinhos para distribuir pelos indefectíveis, sem que a competência seja - vagamente sequer - critério. 

Um concelho de jovens sem expectativa de futuro, presos ao presente em casa dos pais. 

Um concelho sem esperança, onde para pagar uma dívida que deveria estar mais do que prevista em termos de orçamento, em vez de tentar um acorde de pagamento recorre a mais um empréstimo, empurrando com a barriga para a frente, para ter mais dinheiro disponível, para continuar a fazer disparates urbanísticos.

Figueira, uma terra de políticos incompetentes.

Neste concelho, manda o executivo camarário mais incompetente de que há memória, suportado numa maioria absolutíssima e mais acéfala que se poderia imaginar.

Uma oposição, em grande parte conivente e folclórica, também impreparada, compõe o ramalhete. 

Dois terços do principal partido da oposição, comporta-se como uma espécie de Dupont do Dupont que está no executivo. 

Estes dois terços da oposição, ávido e faminto de umas migalhas que lhe caiam da mesa, vai fazendo o seu papel de dividir o que sobra da oposição. 

Chega, CDS e os dois terços da oposição que têm sido a muleta da situação, não estão a dormir para acabar com o resto...

A Figueira ainda não morreu definitivamente

Mas, por este caminho, já não falta muito.

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