terça-feira, 4 de fevereiro de 2020

Da série, a Figueira está sem chama. Os figueirenses, parecem-me desiludidos, resignados e cansados... (2)

Chapéu-de-chuva

"Entendo como fulcral o tema das centralidades urbanas, numa perspetiva por um lado dinâmica (os processos de formação do centro urbano e das centralidades e da estruturação da cidade entendidos como parte das transformações sociais, económicas, culturais e políticas que neles se operam), mas também tradicional (ou simbólica) - a própria sociedade tem-se organizado, desde sempre, em torno das cidades, e estas à volta do seu centro.
Ora, a rua da República, na Figueira, é muito mais do que apenas os 500 metros que começam na praça 8 de maio (Nova) – não foi por acaso que de rua das Lamas ou rua Casal das Lamas passou, ainda durante a Monarquia, a chamar-se do Príncipe Real, e a ter o nome atual desde 1910, confinando com a rua... 5 de outubro.
De facto, desde o final do século XIX esta artéria da cidade tornou-se a principal rua comercial da cidade e do concelho, entrada e saída (quer por via rodoviária quer ferroviária) de pessoas e bens, verdadeiro centro da urbe que então se encontrava virada para a foz do Mondego.
Ao longo das últimas décadas vítima de intervenções nem sempre felizes, de indecisões, de limitações e de sobrepagamento de estacionamento, de falta de políticas de atração de públicos, de efetiva e feroz concorrência de novos espaços e centralidades, a rua da República precisa hoje de uma ação concertada (política, económica, social) que lhe devolva importância, valor, em suma, centralidade.
Assim, não me parece que discutir a pedonalidade resolva a equação, só por si, mas entendo que esta deva fazer parte de um Plano de Pormenor, a partir do qual se possa efetivar uma intervenção, sustentada e financiada com fundos públicos e privados, que não só envolva quem já desenvolve a sua atividade na rua da República, mas também quem lá quiser investir: definindo clara e objetivamente as operações de demolição, de conservação e de reabilitação, as regras para a ocupação e para a gestão dos espaços públicos, a implantação das redes de infra-estruturas, a regulamentação da edificação... e, já agora, com uma cobertura, que permita circular pela rua sem chapéu-de-chuva."

Via Diário as Beiras

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