terça-feira, 2 de maio de 2017

Nas mãos da vida

Grande Eça"A inquietação pela desconfiança de que se não é suficientemente amado - é já uma das mais certas provas de que se ama um pouco, ou de que se começa a amar um pouco."
- Falhámos a vida, menino!
- Creio que sim... 

Aliás, toda a gente, mais ou menos, a falha. 
Isto é, falha-se sempre na realidade aquela vida que se planeou com a imaginação. 
Quem já leu Os Maias, uma das obras mais conhecidas do escritor português Eça de Queiroz, percebe do que falo.
A terminar, diz Ega a Carlos: - "falhámos a vida, menino!".

Ando com isto no pensamento nos últimos dias.
O que não é necessariamente mau. 
Falhar a vida talvez seja tão bom quanto acertá-la! 
Jamais poderei provar isso, porque só a falhei.
Mas, esta percepção despojada de saber que falhei - e  a sério - tranquiliza-me.
Falhei. Está falhado. No amor, na carreira profissional, no ter...

Falhei, está falhado. Pronto.
Resta-me, continuar a ter o despojamento de ainda ter sonhos, para viver pequeníssimas e ilusórias liberdades de céu aberto e claro horizonte para qualquer norte.
Sou muito erro, o mais certo é isto estar errado.
Mas, também só quero continuar a ser...
E, se mais uma vez estiver errado, que se lixe…
A vida é para ser vivida, mesmo que, depois, apenas sobre  o tempo ácido da frustração. 

- Falhámos a vida menino...
- Creio que sim.
- Nem para o amor, nem para a glória, nem para o dinheiro, nem para o poder...

Mas, continuaremos a ser...

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