Tarde, como quase sempre tem acontecido, a Figueira está a despertar para a realidade Autárquicas/2017.
Como não nos movemos por ciclos ou interesses eleitorais, aqui pelo OUTRA MARGEM a nossa posição vai continuar a mesma desde o dia 25 de Abril de 2006.
O nosso papel, vai continuar a ser: sozinhos, ou com muitos outros e outras, apelar a que o descontentamento individual, face à actual situação política que se vive na Figueira, dê lugar ao protesto colectivo.
Nos próximos 4 meses, estamos em crer, por obra e graça de milhares de factores, o protesto vai tomar conta da cidade.
Cabe dizer aos políticos, que protestar não chega (esse é o nosso papel...). Obrigatório é construir uma alternativa.
Entendemos, há muito, por isso estamos aqui desta forma, que a alternativa nasce do interior do protesto, ou não terá força para vencer.
No nosso entendimento, a alternativa é uma ideia que requer ser trabalhada por gente - dirigentes partidários ou por uma elite de peritos - capaz de conferir ao protesto a clarividência que dele tem estado ausente nas candidaturas autárquicas que, até ao momento, se apresentaram e andam no terreno.
Quem protesta, também, é clarividente. E, sobretudo, não gosta de ver que o olham, simplesmente, como um cavalo selvagem, à espera de ser domado por um qualquer cavaleiro.
Os cavaleiros, por mais lúcidos, inteligentes e decididos que se julguem, têm de compreender que não são tão clarividentes quanto o seu espelho lhes faz crer.
Aconselho, pois, os senhores que vão coordenar as candidaturas autárquicas, a não irem pela via da instrumentalização do descontentamento popular e do protesto colectivo.
Nem todo o protesto tem razão de existir...
O “desespero popular”, um “povo furioso” ou a “raiva em que as pessoas estão” são uma realidade na Figueira.
Tudo isto se me afigura pacífico da aceitar, mas deixo duas perguntas:
Este tipo de representação do nosso descontentamento não acaba por fazer de nós uma massa potente, mas embrutecida, um corpo politicamente inimputável e incapaz de pôr cobro, por si só, ao nosso sofrimento?
Não será esta posição de generosidade e voluntarismo, que nos leva a não ver que protestar não basta e que era preciso ter construído uma alternativa?
A esquerda à esquerda do PS, talvez retire algum proveito da situação a que a Figueira chegou. Considero, aliás, que seria justo que assim fosse e, em princípio, podem contar com o meu voto.
Contudo, não nos iludamos. As dificuldades de navegação, para a Figueira, vão continuar, pois, no fundo, pelo que está vísível, vai ser mais do mesmo.
A esquerda à esquerda do PS, já teve tempo, mais do que suficiente, para ter estudado o caminho que deveria saber trilhar.
O que está em causa na Figueira, hoje, não é apenas Ataíde ou Tenreiro.
A questão é, já se está ver, a da sede de poder político que muitos dos que não estão nos cargos de liderança e representação sentem neste momento.
Para eles, a repartição do poder é tão urgente como a partilha do pão.
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