Nota de rodapé.
Que modelo de cidade?, a crónica de Rui Curado da Silva, hoje publicada no jornal AS BEIRAS, traz à colacção algo que sempre me interessou: o debate em torno da cidadania.
Ao longo dos anos, tenho tentado entender como alguém (por exemplo eu...) que gosta de política e que ainda acredita que, através da política, se podem resolver alguns problemas comuns de uma cidade como a nossa, pode participar politicamente na vida de um concelho, estando fora dos partidos - destes partidos...
Todos fazemos política. Desde logo, na forma como conduzimos a nossa vida pessoal e profissional. É através da afirmação e prática da “ética” nas relações interpessoais que se ganha legitimidade para exigir que todos os outros procedam para connosco do mesmo modo. E “todos” inclui, obviamente, as pessoas colectivas (entre outros, partidos, associações, fundações, cooperativas, empresas e Estado).
Os partidos do chamado "arco do poder", acabam por assumir a condução da máquina política que gere os destinos do concelho, incluindo os negócios e são, por isso, peça fulcral e fundamental.
Os dirigentes partidários, em teoria, são escolhidos a dedo, e referendados pelas “bases” até atingirem cargos de responsabilidade. E estas "bases", não sendo melhores, nem mais informadas do que o cidadão que está fora dos partidos, acaba por dar o aval a alguns barretes políticos, como casos recentes, no PSD e no PS, demonstra.
As "bases", e esses até não são os piores, vão para o PS ou para o PSD, como são do Sporting, do Benfica ou do Porto. São e pronto.
Depois, acabam por alinhar por terminadas “facções” ou “sensibilidades”. E no fim, acabam por apresentar a factura, que será paga por todos nós…
A Figueira é o espelho do resto do País: quem não pertence à nomenclatura partidária e tem ideias para debater, mas rejeita demagogias e populismos, vê-se em palpos de aranha, para apresentar as suas ideias.
Acaba por dominar na condução dos destinos do concelho, o “povo” partidário, quase sempre, faccioso, que conspira nas esquinas esconsas das sedes as melhores formas de “assalto ao poder”.
Pelo caminho, vencidos, ficam os que gostam de discutir as ideias.
Os beneficiários do actual estado de coisas na Figueira, não me poupam.
Eu também não os pouparei, podem ter a certeza.
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