Marcelo e a História, uma crónica de OCTÁVIO RIBEIRO, Director do Correio da Manhã.
"10 de Junho, Marcelo fez desfilar tropas e agraciou gente comum de exemplar coragem. Este novo modelo de cerimónia merece elogio pelo seu verdadeiro espírito republicano. Garante ainda que os novos comendadores não serão manchete nos meses seguintes em laivos de escândalo com colarinhos brancos. Autor de excelentes discursos, Marcelo sacudiu a naftalina habitual nestas cerimónias e devolveu o Dia de Portugal aos portugueses. Alguns agentes da esquerda irão vociferar contra a militarização das cerimónias. Para estes, os falcões só são bonitos se voarem nos céus de Moscovo ou de Pequim. Os nossos, mesmo demasiado escassos, só atrapalham estes agentes do internacionalismo proletário e outros falsos pacifistas de pacotilha. Com decisões como a da formatação deste 10 de Junho, Marcelo age a pensar no português médio e na imagem do dia em directo. Esta vertigem de agradar ao cidadão comum no dia que passa é uma das essências da democracia representativa. Marcelo decide sempre atendendo às sondagens de popularidade. Depois, o acaso e as circunstâncias ditarão qual o seu lugar na História."
Nota de rodapé.
Temos dias, como sabemos.
Podem ser límpidos, turvos, azuis, cinzentos...
A inquietar-nos temos a tristeza, o desalento que nos atormenta o corpo e a alma, a indignação que nos tolda o pensamento e, por vezes, nos faz errar.
Contra nós, essa é a realidade.
E a nosso favor o que temos?
Apenas nós mesmos e a criatura mítica que produzimos: a palavra, essa impossibilidade linda.
Porém, a palavra não salva ninguém.
Contudo, ajuda, galvaniza, transmite confiança.
Faz lutar e acreditar na perseverança.
Em tempo.
Não sei se deram conta que evitei a palavra esperança...
1 comentário:
Penso o mesmo.
Não soube foi escreve-lo sem me referir à palavra esperança.
Talvez por isso (e só por isso) se mantive na "retranca"
Vamos ver, dizia o cão ao cego!
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