Que seria das nossas vidas sem momentos como este: despreocupados.
Todos temos necessidade de aliviar as tensões, por vezes insuportáveis, que a vida ou nós próprios criamos.
Dificilmente podemos viver em meias tintas uma vida toda. Mais cedo ou mais tarde chega o momento em que as coisas se clarificam, em que fica o preto no branco. E, por paradoxal que seja, presumo que quem andou uma vida inteira a adiar esse momento, sente um enorme alívio quando ele chega.
José Elísio, antigo vereador do PS e do PSD na Figueira - e ainda ajudou a protagonizar uma candidatura do PSN...
Actual presidente da autarquia de Lavos, em segundo mandato, limitou-se ao longo dos anos a aplicar um estilo e a ter um comportamento que é muito acarinhado pela direita.
O PS, por onde passou, que é tudo menos socialista, está minado de gente desta. O PSD, por onde também passou, que é tudo menos social-democrata, está igualmente minado de gente desta, que protagonizam a continuidade de vulgares caciques salazarentos.
E não têm vergonha de assumir atitudes que nada têm a ver com a democracia.
José Elísio, "um autarca histórico da Figueira da Foz e um bom malandro político", numa entrevista que pode ser ouvida na integra, clicando aqui...
Quem não se quiser dar a esse trabalho, pode ficar-se por este resumo.
O que é que o levou a mudar-se do PS para o PSD?
- Primeiro, porque me foi movida uma infame campanha de calúnias e difamação. Depois, em 1985, a maçonaria impôs a desistência (do candidato dr. Mário Canelas, que ele então apoiava à câmara) e, a partir daí, percebi que não tinha mais hipóteses de ter protagonismo no PS, nem que fosse o melhor do mundo.
As divisões internas, na vereação e no partido, levaram a que o PSD perdesse as eleições autárquicas. Concorda com esta análise?
- Concordo.
Sente-se corresponsável?
- Sinto. Fizemos (ele e Paulo Pereira Coelho) objectivamente por isso.
Porquê?
- Porque achávamos que, talvez, se o PSD ganhasse as eleições, poderíamos ter, a breve prazo, o nosso "amigo" Lídio como presidente da câmara, e nós achávamos que era uma situação absolutamente inaceitável para a Figueira da Foz.
Deram-lhe a Ilha da Morraceira em troca do seu voto a favor da reforma administrativa?
- Com certeza.
Quem é que lhe deu essa garantia?
- O PSD, obviamente...
É admirador de Salazar?
Admiro-o, em alguns aspectos. Noutros, nem por isso.
Vai recandidatar-se a terceiro mandato à junta de freguesia de Lavos?
- Não estou farto disto tudo.
António Agostinho, o autor deste blogue, em Abril de 1974 tinha 20 anos. Em Portugal havia guerra nas colónias, fome, bairros de lata, analfabetismo, pessoas descalças nas ruas, censura prévia na imprensa, nos livros, no teatro, no cinema, na música, presos políticos, tribunais plenários, direito de voto limitado. Havia medo. O ambiente na Cova e a Gala era bisonho, cinzento, deprimido e triste. Quase todas as mulheres vestiam de preto. O preto era a cor das suas vidas. Ilustração: Pedro Cruz
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1 comentário:
Palavras para quê? Estamos na presença de um campeão não português como referia o anúncio, mas figueirense.
Quer se goste quer não, o "Pernas" ficará na história política da Figueira. Fazendo uma retrospectiva a "figura" esteve sempre ativa, com um pequeno interregno que não me recordo bem o motivo mas que o Mestre Joaquim deu logo a mão na Misericórdia.
Curioso é que também ele está cansado, dá para rir. Sinal que quem dá muita pirueta cansa.
Ele falou coisas que os outros desmentem ou se refugiam na frase: "não confirmo nem desminto".
Provou também que o sabor do e pelo poder leva as pessoas a entrarem como esquerdistas militantes e ferrenhos e que, quase todos terminam como direitistas ou até mais que isso. Sinal que a política continuada faz mal e presentemente os 3 mandatos consecutivos permitidos são demasiado para quem tem o "faro" apurado e sem vergonha.
Abraço
Pimentel
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