Sempre gostei de ser simples, directo, sem artimanhas ou
cartas na manga.
Sempre gostei de ser eu próprio. Nunca abdiquei da minha
Liberdade. Nunca abdiquei da minha independência.
Sempre gostei de pensar pela minha cabeça.
Sempre gostei de passear pela beira mar, sentir o arrepio do
vento ainda frio, o toque da areia trazida por esse mesmo vento no corpo, o doce e irresistível afago deste sol ainda a fazer lembrar o inverno, neste agreste
tempo que corre em Portugal, que já deveria ser de primavera.
Sempre gostei de olhar o horizonte, de preferência azul e
retemperador.
Sempre gostei do cheiro e do barulho do mar da Cova-Gala.
Imagino a inveja que um alemão não teria de mim, pobre português, se
soubesse que há longos anos desfruto este merecido luxo!..
Se eu tivesse responsabilidades políticas na Figueira, implementava e punha rapidamente no terreno uma campanha publicitária destinada à
Alemanha, mais ou menos assim: “meus
senhores, venham até Figueira, aproveitem para passear à beira mar, banhar-se nas
nossas águas, sentir a nossa areia no corpo, desfrutar do nosso sol, comer os nossos petiscos e beber do
nosso vinho”!..
Só vos peço uma coisa no retorno ao vosso país: sensibilizem
essa tal de Angela Merkel e deixem de
nos foder Portugal e o nosso juízo!
Estes meus pequenos nadas, que para vós seriam luxos, são a minha única riqueza.
* Com as devidas desculpas ao Sérgio Godinho
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