Em 2004, Scolari, o seleccionador nacional de então, apelou aos portugueses para que, à boa maneira brasileira, usassem a bandeira nacional como amuleto!..
E assim aconteceu...
Só que Scolari não conhecia os portugueses...
E não deu instruções para o pagode retirar as bandeiras no final do Europeu de futebol...
E a malta não as retirou!..
E, enquanto esperavam pela ordem de retirada, mesmo sem título para comemorar, os tugas mantiveram as bandeiras a esvoaçar ao vento, ao sol e à chuva!..
Ficaram no estado que a foto demonstra!..
Acabou por sobrar um símbolo da miséria moral e material em que mergulhou Portugal nos últimos anos…
Entretanto, como tudo evolui, em 2012 a pimbalhada é outra…
“FIZ PARTE DE UM RECORDE! CELEBRA CONNOSCO!Quem desejar celebrar usando a sua Imagem de Capa no seu perfil no Facebook, pode usar esta imagem. Basta clicar na imagem, gravá-la no vosso computador e depois aplicá-la no vosso perfil pessoal. Sintam-se livres para durante o tempo que quiserem usar esta imagem. FORÇA PORTUGAL!!!”
Fiquei saturado das bandeirinhas nos carrinhos,nas bicicletas, nas motos, nas casas, nas janelas...
A idiotice colectiva revela-se nestas alturas, quando toda a gente anda com a palavra Nação suspirada nos lábios, reduzindo-a a uma esfera de borracha.
Antes que me perguntem..
Se vejo os jogos da selecção?..
Se puder, claro que vejo…
Antes do mais, é um excelente pretexto para o convívio…
Mas abomino os nacionalismos oportunistas, básicos e rasteiros, em torno de uns cromos da bola que, para além de ganharem quantias exorbitantes, sem qualquer justificação plausível, ainda clamam pela motivação vinda das bancadas…
Em tempo.
Não aprecio o patriotismo balofo, próprio destas ocasiões, à volta da selecção.
Mas, embora não seja um fanático, concordo que o futebol na sua hora e meia é lindo...
Ou melhor: poderia ser...
António Agostinho, o autor deste blogue, em Abril de 1974 tinha 20 anos. Em Portugal havia guerra nas colónias, fome, bairros de lata, analfabetismo, pessoas descalças nas ruas, censura prévia na imprensa, nos livros, no teatro, no cinema, na música, presos políticos, tribunais plenários, direito de voto limitado. Havia medo. O ambiente na Cova e a Gala era bisonho, cinzento, deprimido e triste. Quase todas as mulheres vestiam de preto. O preto era a cor das suas vidas. Ilustração: Pedro Cruz
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