De vez em quando, há Amigos que fazem o favor de me fazer chegar simpáticas mensagens, por causa daquilo a que chamam “o meu pessimismo”.
Para os descansar, informo que aquilo a que eles chamam “o meu pessimismo”, para mim é outra coisa – “é o meu realismo, um objecto utilitário.”
Para mim, tem a utilidade de um telemóvel, de um computador, de um relógio, de uma caneta...
Assim que falhar, irá borda fora.
Como, até agora, nunca falhou, vai continuar ao serviço.
Na Grécia, “o Nova Democracia ganhou as eleições. Poderia olhar para o Pasok para conseguir formar uma coligação com maioria absoluta no Parlamento Helénico. Mas o socialista Pasok já disse que não quer estar sozinho numa coligação com o Nova Democracia, porque também quer que o Syriza esteja presente. Contudo, o Syriza sempre disse que não vai estar num governo nem com o Nova Democracia nem o Pasok. E ontem voltou a dizê-lo…”
“O meu pessimismo” diz-me que na Grécia a luta vai continuar…
Estes resultados dão uma imagem do que é, nestes dias a sociedade grega.
Parece que na Alemanha a senhora Merkel terá respirado de alívio com os resultados desta noite eleitoral. Isso apenas prova que esta engenheira química -que foi para a RDA aprender a fazer bombas atómicas – continua completamente desfasada da realidade e, pior ainda, teima em fazer deflagrar a bomba atómica na Europa.
Não se augura nada de bom nos próximos tempos. Nem sequer será correcto dizer que a Europa recebeu um balão de oxigénio com os resultados eleitorais na Grécia. A situação é tão asfixiante, que apenas uma terapia de choque poderá devolver ao paciente ( o €uro) capacidade para respirar.
Se Merkel insistir em resolver o problema com Aspirinas, a morte anunciada consumar-se-á. Talvez a reunião do G-20 e, posteriormente, a Cimeira Europeia de Junho, venham trazer alguma luz sobre esta longa noite de trevas que se vive na Europa.
Mas, antes, ainda haverá um Grécia – Alemanha que se vão degladiar nos quartos do Euro da Bola. Fico a torcer para que Fernando Santos consiga conduzir os gregos a uma vitória sobre os alemães.
António Agostinho, o autor deste blogue, em Abril de 1974 tinha 20 anos. Em Portugal havia guerra nas colónias, fome, bairros de lata, analfabetismo, pessoas descalças nas ruas, censura prévia na imprensa, nos livros, no teatro, no cinema, na música, presos políticos, tribunais plenários, direito de voto limitado. Havia medo. O ambiente na Cova e a Gala era bisonho, cinzento, deprimido e triste. Quase todas as mulheres vestiam de preto. O preto era a cor das suas vidas. Ilustração: Pedro Cruz
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