António Agostinho, o autor deste blogue, em Abril de 1974 tinha 20 anos. Em Portugal havia guerra nas colónias, fome, bairros de lata, analfabetismo, pessoas descalças nas ruas, censura prévia na imprensa, nos livros, no teatro, no cinema, na música, presos políticos, tribunais plenários, direito de voto limitado. Havia medo. O ambiente na Cova e a Gala era bisonho, cinzento, deprimido e triste. Quase todas as mulheres vestiam de preto. O preto era a cor das suas vidas. Ilustração: Pedro Cruz
domingo, 1 de abril de 2012
Este ano o 25 de Abril não vai ter comemorações oficiais
Segundo fonte fidedigna, este ano, Governo e Presidente da República acordaram não promover cerimónias comemorativas do 25 de Abril de 1974.
Tal ficou a dever-se, no essencial, ao facto de muitos deputados terem exigido o pagamento da sua presença nas cerimónias que estavam previstas, como trabalho extraordinário!..
“Com a actual crise, quem é que trabalha um feriado que, ainda por cima, calha à quarta feira, à borla?” - foi ouvido a reclamar na passada sexta feira, ao fim da manhã, um deputado da maioria, que preferiu não dar o nome por temer represálias. Próximo, encontravam-se outros deputados, que asseguraram que os mandatos deles apenas contemplavam horas de trabalho na terça e na quinta, desde que não sejam feriados…
«Quando se trabalha bem e a sério à terça e à quinta, não é preciso trabalhar nos outros dias», foi ouvido igualmente na passada sexta feira em S. Bento.
O Presidente da República, que, como sabemos, nem ordenado recebe, está, mais uma vez, solidário e em consonância com o actual governo.
Sendo assim, este ano, o 25 de Abril vai juntar-se aos 4 feriados que o governo português, em nome da crise, eliminou em 2012.
A saber: Corpo de Deus – 7 de Junho (quinta-feira, feriado móvel); Nossa Senhora da Assunção – 15 de Agosto (quarta-feira); Implantação da República – 5 de Outubro (sexta-feira); Restauração da Independência – 1 de Dezembro (sábado).
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